O negro e a eugenia no Brasil:
o processo histórico embranquecedor do padre José Maurício Nunes Garcia
Resumo
o embranquecimento de figuras públicas notadamente negras no Brasil teve no escritor Machado de Assis seu maior exemplo. O processo histórico embranquecedor, no entanto, atingiu grande parte, senão a totalidade dos negros que ascenderam culturalmente ou intelectualmente no país – incluindo o compositor colonial José Maurício Nunes Garcia. A partir de um revisionismo histórico centrado nas teorias raciais do final do século XIX, como o darwinismo social e a antropologia cultural, escritores da nobreza como Porto Alegre e Taunay, e mesmo incipientes musicólogos como Mário de Andrade – também negro – procuraram forjar um Brasil “moderno” embranquecido e racialmente democrático, seguindo os cânones de Gilberto Freyre e Arthur Ramos.
Downloads
Referências
ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006a. CAMARGO, Oswaldo de. Negro drama: ao redor da cor duvidosa de Mário de Andrade. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2018. CARDOSO, André. A música na corte de D. João VI. São Paulo: Martins Fontes, 2008. CORRÊA, Mariza. As ilusões da liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2013. DARWIN, Charles. A origem das espécies. Lisboa: Nostrum Editora, 2013. DOMINGUES, Petrônio. A nova abolição. São Paulo: Selo Negro, 2008. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 20. ed. Tradução: Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 65. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala. São Paulo: Global, 2016.
HAZAN, Marcelo Campos. Raça, Nação e José Maurício Nunes Garcia. Resonancias: revista de investigación musical. Santiago do Chile, v. 13, n. 24, p. 23-40, 2009.
KIEFER, Bruno. História da Música Brasileira: dos primórdios ao início do século XX. Porto Alegre: Movimento, 1997.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. Tradução: Rosa Freire D´Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
LIMA, Rossini Tavares de. Vida e época de José Maurício. São Paulo: Elo, 1941.
MAGALHÃES PINTO, Ana Flávia. Escritos de liberdade: Literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista. Campinas: Unicamp, 2018.
MARIZ, Vasco. História da música no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994.
MARX, Karl. O capital. Tradução: Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.
MATTOS, Cleofe Person de. José Maurício Nunes Garcia: Biografia. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1997.
MEDAGLIA, Júlio. A contribuição do negro na cultura do Brasil. Revista Concerto, São Paulo, n. 242, p. 8, 2017.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.
PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo. Apontamentos sobre a vida e a obra do Padre José Maurício Nunes Garcia. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, t. XIX, p.354-69, 1856.
REILY, Suzel Ana. Reconceptualizing "Musical Mulatismo" in the Mining Regions of Portuguese America. The World of Music new series, Berlim, v. 2, n. 2, p. 25-46, 2013.
SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SELA, Eneida Maria Mercadante. Modos de ser, modos de ver: viajantes europeus e escravos africanos no Rio de Janeiro (1808-1850). Campinas: Unicamp, 2008.
SKIDMORE, Thomas Elliot. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamen to brasileiro (1870-1930). Tradução: Donaldson M. Garshagen. São Paulo: Compa nhia das Letras, 2012.
SLENES, Robert W. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava – Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

Copyright (c) 2021 Pedro Vaccari (Autor)

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.