O negro e a eugenia no Brasil:

o processo histórico embranquecedor do padre José Maurício Nunes Garcia

  • Pedro Vaccari UNESP
Palavras-chave: Padre José Maurício Nunes Garcia. Embranquecimento. Teorias raciais. Revisionismo histórico. Darwinismo social. Antropologia cultural.

Resumo

o embranquecimento de figuras públicas notadamente negras no Brasil teve no escritor Machado de Assis seu maior exemplo. O processo histórico embranquecedor, no entanto, atingiu grande parte, senão a totalidade dos negros que ascenderam culturalmente ou intelectualmente no país – incluindo o compositor colonial José Maurício Nunes Garcia. A partir de um revisionismo histórico centrado nas teorias raciais do final do século XIX, como o darwinismo social e a antropologia cultural, escritores da nobreza como Porto Alegre e Taunay, e mesmo incipientes musicólogos como Mário de Andrade – também negro – procuraram forjar um Brasil “moderno” embranquecido e racialmente democrático, seguindo os cânones de Gilberto Freyre e Arthur Ramos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Vaccari, UNESP

Doutor em Música, Bacharel e Mestre em Música pela Unesp. Foi bolsista pibic cnpq pelo Instituto de Artes. Publicou nos seguintes periódicos: Revista Música da USP (2018), Revista de Etnomusicologia da Turquia (2019), Revista Orfeu (2019), Revista Música em Contexto da Unb (2019), Revista Internacional em Língua Portuguesa (2020), Revista Ictus da UFBA (2020), Revista da Tulha (USP, 2020). Participou e publicou no Congresso da ANPPOM (2017,2020), Simpósio Internacional José Maurício Nunes Garcia (2017), Jornada IA PPG UNESP 3a edição internacional (2019, membro da comissão organizadora), EITAM 2019 e V Simpósio Villa-Lobos da USP (2019). 

Referências

ALMEIDA, Silvio de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro, 2020.
ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006a. CAMARGO, Oswaldo de. Negro drama: ao redor da cor duvidosa de Mário de Andrade. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2018. CARDOSO, André. A música na corte de D. João VI. São Paulo: Martins Fontes, 2008. CORRÊA, Mariza. As ilusões da liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2013. DARWIN, Charles. A origem das espécies. Lisboa: Nostrum Editora, 2013. DOMINGUES, Petrônio. A nova abolição. São Paulo: Selo Negro, 2008. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 20. ed. Tradução: Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 65. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala. São Paulo: Global, 2016.

HAZAN, Marcelo Campos. Raça, Nação e José Maurício Nunes Garcia. Resonancias: revista de investigación musical. Santiago do Chile, v. 13, n. 24, p. 23-40, 2009.

KIEFER, Bruno. História da Música Brasileira: dos primórdios ao início do século XX. Porto Alegre: Movimento, 1997.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. Tradução: Rosa Freire D´Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

LIMA, Rossini Tavares de. Vida e época de José Maurício. São Paulo: Elo, 1941.

MAGALHÃES PINTO, Ana Flávia. Escritos de liberdade: Literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista. Campinas: Unicamp, 2018.

MARIZ, Vasco. História da música no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994.

MARX, Karl. O capital. Tradução: Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

MATTOS, Cleofe Person de. José Maurício Nunes Garcia: Biografia. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1997.

MEDAGLIA, Júlio. A contribuição do negro na cultura do Brasil. Revista Concerto, São Paulo, n. 242, p. 8, 2017.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.

PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo. Apontamentos sobre a vida e a obra do Padre José Maurício Nunes Garcia. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, t. XIX, p.354-69, 1856.

REILY, Suzel Ana. Reconceptualizing "Musical Mulatismo" in the Mining Regions of Portuguese America. The World of Music new series, Berlim, v. 2, n. 2, p. 25-46, 2013.

SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SELA, Eneida Maria Mercadante. Modos de ser, modos de ver: viajantes europeus e escravos africanos no Rio de Janeiro (1808-1850). Campinas: Unicamp, 2008.


SKIDMORE, Thomas Elliot. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamen to brasileiro (1870-1930). Tradução: Donaldson M. Garshagen. São Paulo: Compa nhia das Letras, 2012.

SLENES, Robert W. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava – Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
Publicado
2022-02-01
Como Citar
Vaccari, P. (2022). O negro e a eugenia no Brasil:. Revista Espaço Acadêmico, 21, 45-54. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/57825