Pressupostos da Base Nacional Comum Curricular à luz da Teoria Crítica da sociedade
Resumo
Observa-se, no Brasil, que o campo do currículo e das políticas curriculares tem a primazia de uma racionalidade instrumental, que se ancora em uma perspectiva funcional e em princípios mercantis que tendem a valorizar preceitos de eficiência e eficácia, e indicadores de resultados, visando o controle dos processos educativos. Tais aspectos coadunam-se às propostas curriculares atuais, no caso, com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que serve, justamente, à lógica de avanço e radicalização das políticas neoliberais. Neste trabalho, temos como objetivo analisar a BNCC, demarcando os pressupostos políticos pedagógicos que a sustentam, problematizando-os a partir do referencial crítico da escola de Frankfurt. Como resultados, depreendeu-se que a BNCC opera pela visão restrita de formação, e negligencia sua dimensão emancipatória, assumindo um sentido utilitarista e regulatório, de uma formação sujeita ao controle e à lógica econômica.
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