Relações de trabalho contemporâneas:

conexões entre o pensamento de Simone Weil e Serge Latouche

Palavras-chave: Trabalho; Desenraizamento; Decrescimento

Resumo

Este artigo reflete sobre as relações de trabalho contemporâneas a partir do pensamento de Simone Weil sobre desenraizamento e de Serge Latouche sobre decrescimento. Weil discutiu sobre desenraizamento no início dos anos 1940, ao referir-se, inicialmente, a perdas territoriais e culturais em decorrência de conquistas militares e, posteriormente, à dominação econômica e social, com o poder do dinheiro de destruir raízes, impondo o desejo de consumir. Nesse cenário, discutir o desenraizamento significa discutir a sociedade do trabalho no capitalismo, as questões de empregabilidade, o agravamento dessas condições exposto pela pandemia de Covid-19, bem como as estratégias para seu enfretamento. Dentre as estratégias possíveis, o decrescimento, movimento iniciado na década de 1960, e formalmente estruturado, por Latouche, no início dos anos 2000, sustenta que para a manutenção da sociedade e da vida seria necessário produzir e consumir menos. E isto passaria necessariamente pela emancipação do trabalho e descolonização de nossos imaginários.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lina Raquel Marinho, Instituto Pontes e Borboletas

Doutora em Filosofia pela Universidade da Beira Interior (UBI, 2018) - Covilhã: Portugal. Possui mestrado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ, 2013) e graduação em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC, 2006). Possui também especialização em Responsabilidade Social e Gestão Estratégica de Projetos Sociais pela Universidade Veiga de Almeida do Rio de Janeiro (VEIGA, 2011), com experiência como: 1) pesquisadora social, 2) gerência de projetos sociais e consultoria, e 3) voluntariado e militância em Terceiro Setor, Sustentabilidade e Equidade Social. Pesquisa e atua principalmente com os seguintes temas de interesse: 1) movimentos contraculturais e configurações outsiders, mais especificamente o movimento do Decrescimento (Decróissance); 2) as outras economias, como comércio justo e moeda social; 3) movimentos de base, mais especificamente a Agroecologia e a Agricultura Familiar Urbana em Belo Horizonte; 4) a sociedade do trabalho no capitalismo; 5) filosofia política e ética. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa - Laboratório afeTAR - CNPq. Desenvolve pesquisas acerca da ação política e do diálogo que tem de lhe ser parte. Assim como, acerca do resgate do domínio comum-público pela ressignificação ética das nossas relações. Realizadora da iniciativa Decrescer e idealizadora e cofundadora do Instituto Pontes e Borboletas. 

Cibele Mariano Vaz de Mecedo, Universidade Ibirapuera

Professora do Mestrado em Psicologia, com ênfase em Psicossomática da Universidade Ibirapuera. Pós-Doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP. Doutora em Psicologia Social pela UERJ

Referências

ACOSTA, A. Pós-economia. In: Pluriverso: dicionário do pós-desenvolvimento. São Paulo: Elefante, 2021.
ARENDT, H. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.
BOSI, E (Org.). Simone Weil: a condição operária e outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
BOSI, E. A atenção em Simone Weil. Psicologia USP, v. 14, n.1, p.11-20, 2003. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/42388. Acesso em 19.05.2022. https://doi.org/10.1590/S0103-65642003000100002
BUBER, M. Yo y tú. Buenos Aires: Nueva Visión, 1969.
CASTRO MARTINEZ, Dennys María. Simone Weil: un grito desde la cueva del silencio. Universitas Philosophica, Bogotá, v. 31, n. 62, p. 169-193, Junho 2014. Disponível em . Acesso em 19.05.2022.
GORZ, A. Ecológica. São Paulo: Annablume, 2010.
HESPANHA, P. [et.al.]. Dicionário Internacional da Outra Economia. São Paulo: Edições Almedina, 2009.
KRENAK, A. Caminhos para a cultura do bem viver. São Paulo: Cultura do Bem Viver, 2020.
KURZ, R. Os últimos combates. Petrópolis: Vozes, 1998.
LATOUCHE, S. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
LATOUCHE, S. O decrescimento. Porque e como? In: LÉNA, P.; NASCIMENTO, E. P. do (Orgs.) Enfrentando os limites do crescimento: sustentabilidade, decrescimento e prosperidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.
MACHADO, R. Desenvolvimento Social baseado na felicidade. Luis Nassif Online, Brasil, jan. 2013. Disponível em: . Acesso em 19.05.2022.
MARINHO, L. R. O. Decrescimento e consequências humanas: ouvindo as vozes da resistência. Rio de Janeiro: Gramma, 2014.
MARIZ, D. Reflexões sobre a educação do trabalhador a partir do pensamento de Simone Weil. Pro-Posições, v. 30, p. 1-20, 2019. Disponível em https://www.scielo.br/j/pp/a/bQnB5kCcNY4JqW7kCgst9Vw/?lang=pt. Acesso em 19.05.2022. https://doi.org/10.1590/1980-6248-2018-0063
MATOS, O. C. F. A escola de Frankfurt: luzes e sombras do Iluminismo. São Paulo: Moderna, 1993.
O que é Agroecologia? Entrevistados: Sebastião Pinheiro; Bárbara Loureiro; Nilce Pontes; Fiota. Entrevistadores: Lina Apurinã; Guilherme Pousada. Brasília: Instituto Federal de Brasília, Out/2021. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/6jxDQ7qF5ICJcJbK3cGpp6. Acesso em 15.05.2022.
RUIZ, J. M. De la construcción de la identidad a la destrucción del yo em la obra de Simone Weil. EIDOS, Barranquilla, n. 24, p. 68-89, Jan. 2016. Disponível em . Acesso em 19.05.2022. https://doi.org/10.14482/eidos.24.7915.
SOLÍS NOVA, D. Simone Weil y la libertad por medio del trabajo. Veritas, Valparaíso, n. 38, p. 9-34, dic. 2017. Disponível em . Acesso em 19.05.2022. http://dx.doi.org/10.4067/S0718-92732017000300009.
Publicado
2022-08-01
Como Citar
Marinho, L. R., & Mecedo, C. M. V. de. (2022). Relações de trabalho contemporâneas:. Revista Espaço Acadêmico, 58-68. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/63970