A cisgeneridade como diferença:

o caráter institucional da ofensa da nomeação

  • Bruno Latini Pfeil Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Cello Latini Pfeil Universidade Federal do Rio de Janeiro
Palavras-chave: transexualidade, patologização, cisnormatividade, instituição

Resumo

Este artigo possui como objeto de análise a negação da cisgeneridade em relação a si própria em espaços institucionalizados de produção de conhecimento. A cisgeneridade, institucionalizada tal como a heterossexualidade e a branquitude, é fator central, porém não nomeado, nos estudos sobre gênero e sexualidade. No entanto, ao nomearmos a cisgeneridade, nos deparamos comumente com sua rejeição enquanto conceito. Argumentamos, a partir de nossa experiência como corpos trans na academia, que esta rejeição toma forma de um fenômeno, o qual nomeamos de “ofensa da nomeação”.

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Biografia do Autor

Bruno Latini Pfeil, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Psicólogo (CRP05/71525). Graduando em Antropologia (UFF). Pós-graduando em Psicanálise e Relações de Gênero: Ética, Clínica e Política (FAUSP). Mestrando em Filosofia (PPGF/UFRJ). Pesquisador do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT). Coordenador da Revista Estudos Transviades.

Cello Latini Pfeil, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor substituto do Departamento de Ciência Política da UFRJ. Doutorando e Mestre em Filosofia (PPGF/UFRJ). Especialista em Teoria Psicanalítica (CEPCOP/USU). Coordenador do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT). Coordenador da Revista Estudos Transviades. 

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Publicado
2023-12-01
Como Citar
Pfeil, B. L., & Pfeil, C. L. (2023). A cisgeneridade como diferença:. Revista Espaço Acadêmico, 23(242), 95-104. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/67821
Seção
Dossiê: Decolonizar a epistemologia: para um gozo sem paternidade