Das raízes às folhas:

ancestralidade como política de existência

  • Débora Campos de Paula UFRJ/discente PPGF
  • Renata Giovana de Almeida Martielo PPGF/UFRJ - Núcleo de pesquisa em filosofias do corpo/ Lab OUSIA
Palavras-chave: antepassados; corpo; memória; família

Resumo

A partir da tentativa de preencher uma árvore genealógica descortinamos caminhos de inquietude afetiva, política e social. Os galhos vazios da árvore, além de quase não terem homens, só estão vazios no lado de nossas origens negras e indígenas. Essas ausências nos fizeram ressignificar nosso (re)encontro com casas de umbanda e candomblé e o quanto esses territórios nos fornecem uma outra estrutura de árvore geneálogica. Compreendendo os terreiros como estrutura que nos fornece condições de existência, entendemos que somos mulheres que temos três avós, duas ou mais mães, talvez três pais, vários irmãos e irmãs. Somos o resultado de várias narrativas e vários propósitos, nós mesmas somos um propósito, somos a representação de um pluriverso de pessoas, encantados, orixás, voduns, inquices, mestres e mestras de diversos saberes. Assim esse artigo convida a pensar sobre ancestralidade e suas formas de fazer viver, ancestralidade enquanto um princípio organizador da vida.

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Biografia do Autor

Débora Campos de Paula, UFRJ/discente PPGF

Doutora em Filosofia PPGF/UFRJ, Mestra em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ, Graduada em Educação Física pela UFRJ. Artista, intérprete/pesquisadora, coreógrafa e preparadora corporal. Experiência na área de dança, atuando na transdisciplinaridade: corpo, memória, arte negra e arte educação. Fundou o Núcleo de pesquisa em filosofias do corpo vinculado ao Lab. OUSIA- PPGF/UFRJ. Integra o Núcleo de Investigação em Filosofias Ancestrais (NIFAn), o Programa de Pesquisa e Extensão - Unilab (AnDanças). Produziu e realizou o projeto “Ancestralidade em Movimento: Conexão Mulher” no Centro Coreográfico RJ- 2022, contemplado pelo edital Foca. Ministrou a disciplina Corpo, dança e identidade negra no curso de mestrado em Relações Étnico-raciais, PPRER/CEFET. Participou do V Mulheres em Cena com a vivência “Ancestralidade em Movimento: Conexão Mulher”- 2021. Ministrou a Aula Magna “Legados, genealogias e aprendizagens: Mercedes Baptista em foco” na Bienal SESC de Dança- 2019.  Ministrou a disciplina Corpo, dança e identidade negra no curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-raciais, PPRER/CEFET.  Artista pesquisadora do Coletivo Lemagidé. Integrou o grupo inscrito no CNPQ Coletivo MUANES Dançateatro e Performances Afrobrasileiras, como intérprete/pesquisadora, coreógrafa e preparadora corporal. É preparadora corporal e diretora cênica do Coral Palavra Cantada RJ, do Coloridos Coral e do Grupo Cine em Canto. Atua como Arte Educadora do Instituto de Artes Tear. Co Criadora e intérprete do duo "Conversas ao pé da terra", criadora e intérprete da performance- solo “Travessias em Mim”. Idealizadora do espaço Afro Conexões, onde desenvolve atividades artísticas de docência e pesquisa em cultura e arte afro-brasileira, africana e afro-diaspórica. Ministra os cursos regulares de dança afro: “Ancestralidade e Movimento” e “Conexão Mulher''.

Renata Giovana de Almeida Martielo , PPGF/UFRJ - Núcleo de pesquisa em filosofias do corpo/ Lab OUSIA

Doutoranda do PPGF – IFCS/UFRJ, Pós-graduada em História da África e do Negro no Brasil pela Universidade Cândido Mendes, Bacharel em Ciências Sociais pela UFRJ e Licenciada em Educação Física pela UFRJ. Pesquisadora das interfaces da capoeira entre as ciências sociais e a educação física, Mestra de capoeira formada pelo GRUPO SENZALA DE CAPOEIRA em 2017. Servidora pública da educação municipal e estadual da capital do Rio de Janeiro desde 2001, atuando como professora de educação física e de capoeira em escolas e clubes escolares, além de ter feito parte da implementação dos ginásios experimentais carioca como coordenadora pedagógica do projeto GENTE que se desenvolveu na comunidade da Rocinha/RJ. Proponente de projetos sociais para escolas particulares com utilização da capoeira enquanto tecnologia social buscando a ressignificação das existências e das identidades de crianças e jovens das camadas populares da sociedade, tendo atuado na década de 90 nas comunidades do Borel, Casa Branca, Formiga e Salgueiro, todas no maciço da Tijuca/RJ através do Colégio Regina Coeli.  Desenvolve pesquisa junto ao programa de mestrado em filosofia da UFRJ, linha de pesquisa Gênero, raça e colonialidades, buscando consolidar o conceito de “Volta ao mundo” da capoeira como uma expressão de revisitação das nossas africanidades e compreender as filosofias e saberes que existem a partir dos corpos em movimento. Pesquisadora do Laboratório OUSIA/IFCS/UFRJ, do Nifan - Núcleo de Investigação das Filosofias Ancestrais/IFCS-UFRJ e do Laboratório GeruMaa - De Africologia e Filosofia Ameríndia/IFCS-UFRJ.   Co-criadora do Núcleo de Pesquisas em Filosofias do Corpo no PPGF/UFRJ junto com a professora e multiartista Débora Campos.

Referências

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SOUZA, Monique Navarro e ALVES, Míriam Cristiane. Discursividades amorosas: agenciamentos éticos africanos e descoloniais. In: A Matriz Africana: Epistemologias e Metodologias Negras, Descoloniais e Antirracistas / Organizadores: Míriam Cristiane Alves e Olorode Ògìyàn Kálàfó Jayro Pereira de Jesus. – 1. ed. -- Porto Alegre : Rede Unida, 2020
NASCIMENTO, W. Ensaios Filosóficos. Volume XIII – Agosto/2016.
Publicado
2024-05-31
Como Citar
Paula, D. C. de, & Martielo , R. (2024). Das raízes às folhas:. Revista Espaço Acadêmico, 24(244), 121-129. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/68654
Seção
Dossiê: Decolonizar a epistemologia: sobre diferenças e afetos