Ser docente negro na contemporaneidade:

branquitude, epistemicídio e resistência anticolonial

  • Ricardo Silva ULBRA
  • Tiago Marques ULBRA
Palavras-chave: identidades de docentes negros;, branquitude;, epistemicídio.

Resumo

O presente artigo problematiza a construção de identidades docentes e sua relação com a branquitude a partir das narrativas de dois professores de história, ambos negros. As análises mapeiam suas trajetórias de vida e os modos como, a partir destas, constituíram suas identidades negras. São mobilizados, no artigo, os conceitos de identidade, diferença, branquitude e epistemicídio, articulados a partir dos Estudos Críticos da Branquitude e dos Estudos Culturais. Do ponto de vista metodológico, empreende-se uma análise cultural centrada em narrativas produzidas por meio de entrevistas,  realizadas com os professores participantes.  Na análise são destacadas as percepções destes professores sobre o caráter eurocêntrico de um sistema educacional epistemicida, que garante à branquitude a manutenção de seus privilégios. As discussões fomentadas neste estudo abrem brechas para pensar sobre a articulação entre a constituição das identidades negras, a contestação da branquitude e o devir de uma educação anticolonial.

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Biografia do Autor

Ricardo Silva, ULBRA

Doutorando em Educação pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA, Mestre em Gestão Educacional pela Universidade do Rio dos Sinos - UNISINOS e Graduado em Administração de Empresas e Análise de Sistemas pela Sociedade Educacional do Rio Grande do Sul - FARGS. Lecionou em instituições públicas e privadas, em cursos técnicos e de graduação nas áreas de Administração, Logística, Gestão e Análise de Sistemas. No Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, coordenou os cursos de gestão e negócios, contribuindo para a idealização de novos cursos e metodologias de ensino. Atualmente, é responsável pelo desenvolvimento de material didático baseado em aprendizagem ativa e protagonismo do estudante para cursos de graduação no ensino a distância pela empresa SAGAH.

Tiago Marques, ULBRA

Doutorando e mestre em Educação pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA Canoas. Licenciado em História pela mesma instituição. Trabalhou como estagiário do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) da Universidade Luterana do Brasil. Tem experiência nas áreas de História e Educação, com ênfase em História e Ensino de História, realizando estudos e pesquisas sobre Branquitude, Educação das Relações Étnico-Raciais, currículo e ensino de História a partir dos Estudos Culturais e dos Estudos Decoloniais.

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Publicado
2023-12-01
Como Citar
Silva, R., & Marques, T. (2023). Ser docente negro na contemporaneidade: . Revista Espaço Acadêmico, 23(242), 105-116. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/68769
Seção
Dossiê: Decolonizar a epistemologia: para um gozo sem paternidade