Percepções das crianças sobre a desigualdade social

Lívia Barbosa Pacheco  Souza; Gilmara dos Santos Silva

Lívia Barbosa Pacheco Souza Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Brasil https://orcid.org/0000-0002-3148-5536
Gilmara dos Santos Silva UNILAB https://orcid.org/0009-0006-1069-8504

Palavras-chave: Cognição social, raciocínio, desigualdade de recursos, viés.

Resumo

Este trabalho tem como objetivo investigar o entendimento das crianças acerca da desigualdade social, explorando uma nova área que interliga avaliações de justiça e conhecimento sobre relações entre grupos. Por meio de uma revisão bibliográfica qualitativa e documental, este estudo se baseia no conhecimento de outros pesquisadores para ampliar as fronteiras do saber, utilizando livros, artigos, periódicos e teses como base teórica. A pesquisa examina as percepções das crianças sobre desigualdades nos recursos sociais, analisando suas explicações espontâneas para as disparidades raciais no acesso a esses recursos. Frequentemente, as crianças justificaram essas disparidades em termos de diferentes recursos financeiros disponíveis em instituições, evidenciando consciência de que as desigualdades econômicas frequentemente são a base para o acesso diferenciado de grupos aos recursos sociais. Além disso, as crianças atribuíram com maior frequência desigualdades ao tratamento preferencial quando observavam afro-americanos em situação de desvantagem, em comparação com europeus-americanos em situação semelhante, demonstrando consciência de que grupos raciais minoritários têm maior probabilidade de enfrentar restrições no acesso a recursos. Por fim, as crianças que ponderaram sobre o tratamento preferencial também julgaram a desigualdade e as ações que a perpetuaram.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lívia Barbosa Pacheco Souza, Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Brasil

Especialista em Educação em Gênero e Direitos Humanos pelo NEIM UFBA; Especialista em Gênero e Sexualidade na Educação pelo NUCUS UFBA; Especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais pela UNIAFRO UNILAB; e discente da Licenciatura Plena em Pedagogia da UNEB

Gilmara dos Santos Silva, UNILAB

Sou Licenciada em Letras-Língua Portuguesa pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), formando-me para abraçar a riqueza da linguagem e da educação.Além da graduação, adquiri uma visão diversificada ao concluir a Especialização em Sistema de Gestão de Qualidade Saúde e Meio Ambiente na UNIFACS em 2012, e também minha graduação em Administração pela IESC-FAC no ano de 2006. Essa combinação enriqueceu minha abordagem com perspectivas interdisciplinares.Minha busca por uma educação mais significativa e transformadora me levou a atuar como bolsista do PIBIC/FAPESP em um projeto que visa "A promoção do letramento político no ensino da língua portuguesa na Bahia". Além disso, tive a honra de participar da residência pedagógica do PRP - UNILAB, uma experiência que consolidou meu compromisso com o ensino e aprendizado contínuos.No presente, faço parte do projeto de extensão Emancipa, como corretora de redação, contribuindo para aprimorar as habilidades de escrita dos participantes do cursinho popular da UNILAB/Malês. Adicionalmente, sou membro ativo do Grupo de Pesquisa em Educação Linguística e Literária Antirracista (EDULILA Malês) e do Grupo de Estudo, Extensão e Pesquisa Interdisciplinares em Linguagem e Sociedade (GEPELIS).

Referências

ABRAMS D, KILLEN M. Exclusão social de crianças: origens desenvolvimentais do preconceito. Jornal de Questões Sociais. 2014; 70 :1–11. doi: 10.1111/josi.12043.
ABRAMS D, RUTLAND A. O desenvolvimento da dinâmica de grupo subjetiva. In: Levy SR, Killen M, editores. Atitudes e relações intergrupais na infância até a idade adulta. Nova York, NY: Oxford University Press; 2008. P. 47–65.
DUNCAN GJ, MURNANE RJ. Onde oportunidade? Desigualdade crescente, escolas e oportunidades na vida das crianças. Nova York, NY: Fundação Russell Sage; 2011.
FLANAGAN CA. et al. Teorias dos adolescentes sobre desigualdade econômica: por que algumas pessoas são pobres enquanto outras são ricas? Psicologia do Desenvolvimento. 2014; 50 :2512–2525.
HUGHES D. Correlatos das mensagens dos pais afro-americanos e latinos para os filhos sobre etnia e raça: um estudo comparativo da socialização racial. Jornal Americano de Psicologia Comunitária. 2011; 31 :15–33.
HUSSAK LJ, CIMPIAN A. Uma heurística explicativa emergente promove suporte para o status quo. Jornal de Personalidade e Psicologia Social. 2015; 109 :739–752.
JOST JT, BANAJI MR, NOSEK BA. Uma década de teoria da justificação do sistema: evidências acumuladas de reforço consciente e inconsciente do status quo. Psicologia Política. 2004; 25 :881–919.
KILLEN M, ELENBAAS L, RUTLAND A. Equilibrar o tratamento justo dos outros enquanto preserva a identidade e a autonomia do grupo. Desenvolvimento Humano. 2015; 58 :253–272.
KILLEN M, RUTLAND A. Crianças e exclusão social: Moralidade, preconceito e identidade de grupo. Wiley-Blackwell; 2011.
KILLEN M, SMETANA JG. Origens e desenvolvimento da moralidade. In: Lamb ME, editor. Manual de psicologia infantil e ciência do desenvolvimento. 7º. Vol. 3. Nova York, NY: Wiley-Blackwell; 2015. pp. 701–749.
KILLEN M. et al. Como crianças e adolescentes avaliam gênero e exclusão racial. Monografias da Society for Research in Child Development. 2002; 67 :1–129.
KILLEN M. et al. O papel dos processos de grupo na exclusão social e nas decisões de alocação de recursos. In: Rutland A, Nesdale D, Spears Brown C, editores. Manual de processos grupais em crianças e adolescentes. Nova York, NY: Wiley-Blackwell; 2016.
MULVEY KL, KILLEN M. Desafiando os estereótipos de gênero: resistência e exclusão. Desenvolvimento infantil. 2015; 86 :681–694.
NEWHEISER AK, OLSON KR. Viés intergrupal implícito de crianças americanas brancas e negras. Jornal da psicologia social experimental. 2012; 48 :264–270.
OLSON KR. et al. As respostas das crianças às desigualdades baseadas no grupo: perpetuação e retificação. Cognição social. 2011; 29 :270–287.
PAHLKE E, BIGLER RS, SUIZZO MA. Relações entre socialização daltônica e preconceito racial infantil: evidências de mães americanas europeias e seus filhos em idade pré-escolar. Desenvolvimento infantil. 2012; 83 :1164–1179.
PETERSON-BADALI M. et al. Preditores de atitudes maternas e do início da adolescência em relação aos direitos de nutrição e autodeterminação das crianças. Jornal da Primeira Adolescência. 2004; 24 :159–179.
SAEGERT SC. Et al. Relatório do Grupo de Trabalho da APA sobre o Estatuto Socioeconómico. Washington, DC: 2007.
SHUTTS K. et al. As crianças usam sinais de riqueza para avaliar os outros. PLoS UM. 2016; 11 :e0149360.
SMETANA JG, JAMBON M, BALL C. A abordagem do domínio social aos julgamentos morais e sociais das crianças. In: Killen M, Smetana JG, editores. Manual de desenvolvimento moral. 2º. Nova York, NY: Psychology Press; 2014. P. 23–45.