Sobre Erês:

genealogia das tradições, na umbanda fluminense, dos atuantes cosmológicos infantes

  • Alexander Martins Vianna UFRRJ-IE-DECMSD
Palavras-chave: Umbanda – História – Cosmologia – Erês

Resumo

Estudo histórico e cosmológico comparativo sobre as tradições de matrizes religiosas bantu-jeje no Brasil que, em contato com o catolicismo popular ibérico, formaram as bases genealógicas da tradição dos infantes cosmológicos erês das umbandas fluminenses ao longo do século XX. Depois de 1888, aumentou o contato da umbanda antoniana do Rio de Janeiro com as encantarias do Norte/Nordeste, disso redundando as noções de linhas cosmológicas de umbanda a partir das noções de famílias cosmológicas das encantarias do Norte/Nordeste. No Rio de Janeiro, os infantes cosmológicos erês são geralmente situados na linha do mar, o que nos fez pensar numa possível conexão com a tradição dos voduns torroçus da realeza do Daomé do século XVIII.

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Biografia do Autor

Alexander Martins Vianna, UFRRJ-IE-DECMSD

Mestre e doutor em História Social pelo PPGHIS-UFRJ. Professor Associado IV de História lotado no Departamento de Educação do Campo, Movimentos Sociais e Diversidade (DECMSD) do Instituto de Educação da UFRRJ. Atualmente, é docente da Licenciatura de Educação do Campo no campus de Seropédica da UFRRJ. Desde 2018, desenvolve pesquisa comparativa sobre terreiros de matrizes africanas no Brasil, com foco no trânsito de espécies botânicas nos espaços litúrgicos, nas práticas e tradições de cura, na materialidade litúrgica, na comensalidade litúrgica, na convivialidade litúrgica, nos enredos dos agentes cosmológicos e sua relação social, física e cosmológica com a trajetória social e familiar de médiuns, ponderando também os padrões de territorialização e desterritorialização de seus familiares e antepassados no presente e no passado. Mais do que apenas objetificar tal experiência da pesquisa como tema de história, antropologia ou sociologia, há também o exercício de possibilitar que o universo encantado das macumbas contamine e desafie os padrões de ciência, objetividade e evidência nas concepções acadêmicas de ciências naturais e sociais, reformulando, nesse sentido, as práticas de ensino, pesquisa e extensão no âmbito da pedagogia da alternância na Licenciatura de Educação do Campo, com uma concepção mais expandida e encantada de pessoa (que não se
restringe à centralidade da espécie humana), território e vida (visível e invisível), em que a díade conceitual natureza/cultura e o cronôtropo moderno perdem centralidade epistêmica na construção de saber, política pública e prática pedagógica.

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Publicado
2025-01-01
Como Citar
Vianna, A. M. (2025). Sobre Erês:. Revista Espaço Acadêmico, 24(247), 62-79. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/73335