Afundando caravelas:
por uma rebelião/revolução psico-epistêmica
Resumo
O pensamento des-decolonial é fundamental para expandir as possibilidades de vida e romper com um modelo eurocêntrico que sufoca e criminaliza a multiplicidade de diferenças. Como consequência, a des-decolonização do marco epistêmico eurocentrado e estadunidense da Psicologia é primordial para se pensar-sentir uma prática “PSI” contracolonial e com as raízes e os pés plantados no chão. Este ensaio teórico busca destacar que a abordagem des-decolonial, por meio das ações e intervenções contracoloniais, tem como objetivo principal desenvolver uma prática política, analítica e crítica conhecida como desobediência epistêmica. Essa prática visa superar a colonialidade em todas as suas formas, interrompendo sua disseminação e dando novos ares às vidas marginalizadas através de outros marcos epistemológicos e ontológicos. A argumentação metodológica está ancorada nas discussões conduzidas pelo coletivo modernidade/colonialidade indicando a desobediência epistêmica como uma ruptura com a matriz colonial, propondo alternativas múltiplas e contracoloniais para as diversas formas de vida e sociedades, que incluem sujeitos, conhecimentos e instituições des-decoloniais. Por fim, destacamos a importância do pensamento des-decolonial em promover uma prática crítica e transformadora - desobediência epistêmica - que questiona e resiste às estruturas opressivas, oferecendo novas possibilidades contracoloniais de existência e coexistência em uma sociedade mais inclusiva e diversa.
Downloads
Referências
ANGATU, C. Carama suí îe’emonguetás îe’engaras: Carubas Moemas îe’engas - (Re)Existências Indigenamente Decoloniais. In: DORRICO, J.; DANNER, F.; DANNER, L. F. (Orgs.). Literatura indígena brasileira contemporânea: autoria, autonomia, ativismo. Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2020b. p. 61-72.
ANGATU, C. Tupixuara Moingobé Ñerana. Revista Espaço Acadêmico, v. 21, n. 231, p. 13-24, 2021. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/60509. Acesso em: 20 jul. 2024.
ANSARA, S. Políticas de memória X políticas do esquecimento: possibilidades de desconstrução da matriz colonial. Revista Psicologia Política, v. 12, n. 24, p. 297-311, 2012. DOI: 1519-549X2012000200008.
ARENDT, H. Sobre a Revolução. Trad. D. Bollmann. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2011.
DUSSEL, E. Oito ensaios sobre cultura Latino-Americana e libertação. Trad. S. T. Valenzuela. São Paulo, SP: Paulinas, 1997.
DUSSEL, E. Ética da libertação. Trad. E. F. Alves, J. A. Clasen e L. M. E. Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Trad. R. da Silveira. Salvador, BA: EDUFBA, 2008.
FANON, F. Escritos políticos. Trad. M. Stahel. São Paulo, SP: Boitempo, 2021.
GALEANO, E. O livro dos abraços. 9. ed. Trad. E. Nepomuceno. Porto Alegre, RS: L&PM, 2002.
HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu, [online], n. 5, p. 7-41, 1995. Disponível em: https://ieg.ufsc.br/cedoc/revistas/0/volumes-eletronicos/0/2349 Acesso em: 17 mai. 2024.
KOPENAWA, D. Palavras dadas. In: KOPENAWA, D.; ALBERT, B. (Orgs.). A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Trad. B. Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 63-66.
KRENAK, A. História indígena e o eterno retorno do encontro. In: LIMA, P. L. O. (Org.). Fontes e reflexões para o ensino de história indígena e afro-brasileira: uma contribuição da área de História do PIBID/FaE/UFMG. Belo Horizonte: UFMG, 2012. p. 114-131.
KRENAK, A. Sobre a reciprocidade e a capacidade de juntar mundo. In: KRENAK, A.; SILVESTRE, H.; SANTOS, B. S. (Orgs.). O sistema e o antissistema: três ensaios, três mundos no mesmo mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2021. p. 63-78.
LONGHINI, G. D. N. Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar. São Paulo: Paidós/Planeta do Brasil, 2023.
LOPÉZ-SEGRERA, F. Abrir, “impensar” e redimensionar as ciências sociais na América Latina e Caribe: é possível uma ciência social não eurocêntrica em nossa região? In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Colección Sur-Sur, Clacso, 2005. p. 95-106.
MALDONADO-TORRES, N. A topologia do Ser e a geopolítica do conhecimento. Modernidade, império e colonialidade. Revista Crítica de Ciências Sociais, [online], v. 80, p. 71-114, 2008. DOI: 10.4000/rccs.695.
MIGLIEVICH-RIBEIRO, A. M. Por uma razão decolonial: desafios ético-político- epistemológicos à cosmovisão moderna. Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 14, p. 66-80, 2020. DOI: 10.15448/1984-7289.2014.1.16181.
MIGLIEVICH-RIBEIRO, A. M.; DOS PRAZERES, L. L. G. A produção da subalternidade sob a ótica pós-colonial (e decolonial): algumas leituras. Temáticas, v. 23, n. 45, p. 25-52, 2015. DOI: 10.20396/temáticas.v23i45/46.11100.
MIGNOLO, W. D. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de S. R. de Oliveira. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
MIGNOLO, W. D. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Colección Sur-Sur, Clacso, 2005. p. 33-49.
PINTO, J. R. de S.; MIGNOLO, W. D. A modernidade é de fato universal?: reemergência, desocidentalização e opção decolonial. Civitas - Revista de Ciências Sociais, v. 15, n. 3, p. 381-402, 2015. DOI: 10.15448/1984-7289.2015.3.20580.
QUIJANO, A. Colonialidade, Poder, Globalização e Democracia. Revista Novos Rumos, v. 37, p. 4-28, 2022. DOI: 10.36311/0102-5864.17.v0n37.2192.
ROUGIER, C. B.; COLIN, P.; PASSARIN, D. V. Do universal ao pluriversal: questões e desafios do paradigma decolonial. Revista X, v. 16, n. 1, p. 148-158, 2021. DOI: 10.5380/rvx.v16i1.78171.
RUFINO, L. Cachaça e fumo na boca da mata. In: SANTOS, A. B. dos; RODRIGUES, M. S.; RUFINO, L.; MUMBUCA, A. (Orgs.). Quatro Cantos. São Paulo: N-1 Edições, 2022. p. 67-77.
SANTOS, A. B. dos. Colonização, quilombos, modos e significados. Brasília: INCTI/UnB, 2015.
SANTOS, A. B. dos. Somos da terra. PISEAGRAMA, v. 12, p. 44-51, 2018. Disponível em: https://piseagrama.org/artigos/somos-da-terra/ Acesso em: 10 set. 2024.
SANTOS, A. B. dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora/PISEAGRAMA, 2023.
SODRÉ, M. Reinventando a educação: diversidade, descolonização e redes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
TUPINAMBÁ, G. O território sonha. In: CARNEVALLI, F.; REGALADO, F.; LOBATO, P.; MARQUEZ, R.; CANÇADO, W. (Orgs.). Terra: antologia afro-indígena. São Paulo/Belo Horizonte: Ubu Editores/PISEAGRAMA, 2023. p. 179-191.

Copyright (c) 2025 Fábio Cardoso Lopes (Autor)

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.