De guerrilheiros urbanos a escritores de ficção política: Brasil, 1977-1984
Resumo
Ao final dos anos 1970, saíam das prisões ou começariam a retornar do exílio antigos guerrilheiros urbanos que participaram de ações armadas no Brasil, no período compreendido entre 1967 e 1971. A realidade social que eles encontram, quase uma década depois, já não é a mesma do final dos anos 1960. O papel que eles poderiam desempenhar nessa nova realidade também encontra-se alterado. Ao mesmo tempo, a partir de 1977, um fenômeno importante acontece: surgem romances, memórias e ficções políticas produzidos por aqueles ex-guerrilheiros, agora convertidos em escritores. O primeiro romance de um ex-guerrilheiro urbano é o de Renato Tapajós (Em Câmara Lenta, 1977), seguido por Reinaldo Guarany Simões (Os Fornos Quentes, 1978; A Fuga, 1984), Fernando Gabeira (O que é isso, companheiro?, 1979), Alfredo Sirkis (Os carbonários: memórias da guerrilha perdida, 1980), entre outros autores. Eles fazem um balanço de suas trajetórias anteriores, a partir do memorialismo, numa perspectiva crítica (e não derrotista). Trata-se de um acerto de contas com o passado e o presente de então, que lhes colocam em confronto com outros sujeitos sociais, tendo que dialogar e estabelecer relações com movimentos de negros, mulheres, homossexuais, operários etc. todos engajados na luta pela redemocratização da sociedade brasileira. O interesse deste artigo é discutir o surgimento dessas memórias, relatos e ficções, tomando como hipótese a idéia que elas sirvam como instrumentos de reconversão social de seus autores na nova realidade encontrada por eles, e por seus grupos sociais de origem, no período em que publicam aquelas narrativas.Downloads

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