MAR É LUGAR DE GENTE GRANDE: (SOBRE)VIVÊNCIAS DE QUEM TEM ASÈ
Resumo
Este artigo explora a Congada como uma prática pedagógica insurgente e decolonial, destacando sua potência como sistema de conhecimento, memória e espiritualidade afro-brasileira. A partir das vivências do Terno de Congada do Penacho em Uberaba (MG) e de reflexões geradas na disciplina Interculturalidade e Educação Popular: Saberes Afro-Ameríndios Decoloniais (UFMT, 2024), os autores — educadores e congadeiros — apresentam a Pedagogia Congadeira, conceito que articula Musicalidade, Oralidade e Ancestralidade. Através de bionarrativas, rodas de conversa e diálogos com autores como Paulo Freire e Gloria Anzaldúa, o texto desafia a colonialidade do saber na educação formal, propondo uma aprendizagem "marejada" (fluida e coletiva), onde o conhecimento emerge do corpo, da dança e dos tambores. As experiências pessoais de Sandy Prata, Joana Eugênia, Lucas Borges e Rafael Honorato ilustram como a Congada, o Candomblé e a Capoeira formam saberes integrados, curativos e políticos. O artigo conclui com chamados à ação: reconhecer mestres tradicionais como intelectuais; criar metodologias avaliativas baseadas em afetos e ancestralidade; e transformar a academia em espaço de escuta ativa aos saberes marginalizados. Como afirma o General Piu, líder do Terno do Penacho: "Na congada, a gente não decora; a gente incorpora". A Congada, assim, não é objeto de estudo, mas sujeito epistêmico que reinventa a educação e a liberdade.
