Vigotski e a filosofia da linguagem humboldtiana: Um diálogo interdisciplinar
Resumo
O presente artigo busca recuperar parte do contexto dialógico no qual Vigotski construiu sua teoria sobre a relação entre pensamento e linguagem. Nesse contexto, discutimos a forma a partir da qual Vigotski trabalhou duas questões centrais da filosofia da linguagem humboldtiana: a origem da linguagem e a relação entre linguagem e concepção de mundo. A análise desses aspectos permitiu demarcar um universo dialógico interdisciplinar entre Vigotski e Humboldt, indicando zonas de aproximação e de afastamento entre as perspectivas desses autores. Consideramos que a psicologia histórico-cultural de Vigotski, fundamentada no materialismo histórico dialético, promove uma inversão dialética na filosofia da linguagem de Humboldt, ressaltando uma compreensão da linguagem como prática social objetivada. Assim, é possível indicar que a perspectiva vigotskiana acerca da origem da linguagem e da construção de uma concepção de mundo representa uma superação dialética em relação às proposições de Humboldt, uma vez que considera a linguagem um elemento concreto e objetivo, que se modifica no devir histórico e guarda estreitas relações com a base material da qual é proveniente.
Downloads
Referências
Bertau, M. C. (2011). Language for the Other: Constructing cultural-historical psycholinguistics. Activity Theory – Journal of activity-theoretical research in Germany, 5, 13-49.
Cassirer, E. (1923/2001). A Filosofia das Formas Simbólicas I - A Linguagem. São Paulo: Martins Fontes.
Duarte, N. (2000). A Anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco: A dialética em Vigotski e em Marx e a questão do saber objetivo na educação escolar. Educação & Sociedade, 21(71), 79-115.
Friedrich, J. (2012). Lev Vigotski – Mediação, Aprendizagem e Desenvolvimento: Uma leitura filosófica e epistemológica. Campinas: Mercado de Letras.
Gouvêa, M. C. S. & Gerken, C. H. (2005). Vigotski e a teoria sócio-histórica. In: Pensadores sociais e história da educação. Belo Horizonte: Autêntica.
Hardcastle, J. (2009). Vygotsky’s enlightenment precursors. Educational Review, 61(2), 181-195.
Humboldt, W. V. (1836/1990). Sobre la diversidad de la estrutura del lenguaje humano y su influencia sobre el desarollo espiritual de la humanidad. Barcelona: Anthropos.
Humboldt, W. v. (1836/1999). On language: On the diversity of human language construction and it's influence on the mental development of the human species. Cambridge: Cambridge University Press.
Jahoda, G. (1992). Encrucijadas entre la cultura y la mente - Continuidades y cambio em las teorías de la naturaleza humana. Madrid: Visor.
Kozulin, A. (1990). La psicología de Vygotsky. Madrid: Alianza.
Lafont, C. (1993). La razón como lenguaje - Una revisión del 'giro linguístico' em la filosofia del lenguaje alemana. Madrid: Visor.
Losonsky, M. (1999). Prefácio. In: W. v. Humboldt, On language: On the diversity of human language construction and it's influence on the mental development of the human species.Cambridge: Cambridge University Press.
Marcondes, D. (2001). A linguagem e as ciências humanas. In: D. Marcondes, Filosofia, linguagem e comunicação. São Paulo: Cortez.
Marcondes, D. (2010). Textos básicos de linguagem. De Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar.
Markova, I. (1983). The origin of the social psychology of language in german expressivism. British Journal of Social Psychology, 22(4), 315-325.
Milani, S. E. (2012). Aspectos historiográficos-linguísticos do século XIX - Humboldt, Whitney e Saussure. Jundiaí: Paco Editorial.
Mueller-Vollmer, K. (2011). “Wilhelm von Humboldt”. The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Ed. Edward N. Zalta. Disponível em: http://plato.stanford.edu/archives/fall2011/entries/wilhelm-humboldt
Nicolopoulou, A. & Weintraub, J. (1996). On liberty, cultural relativism ad development: a commentary on Van der Veer’s “The concept of culture in Vygotsky thinking”. Culture & Psychology, 03(02), 273-285.
Prestes, Z. (2010). Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovich no Brasil – Repercussões no campo educacional. Tese de doutorado. Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil.
Prestes, Z. & Tunes, E. (2012). A trajetória das obras de Vigotski: um longo percurso até os originais. Estudos de Psicologia, 29(3), 327-340.
Robins, R. H. (1967). Pequena História da Linguística. São Cristóvão: Ao Livro Técnico.
Romanelli, Nancy. (2011). A questão metodológica na produção vigotskiana e a dialética marxista. Psicologia em Estudo, 16(2), 199-208.
Taylor, C. (1985). Human agency and language. Cambridge: Cambridge University Press.
Valverde, J. M. (1954). Guillermo de Humboldt y la filosofia del lenguaje. Madrid: Editorial Gredos.
Van der Veer, R. (1996). The concept of culture in Vygotsky's thinking. Culture & Psychology, 2, 247-263.
Veresov, N. (1999). Undiscovered Vygotsky: Etudes on the pre-history of cultural-historical psychology. Frankfurt: Peter Lang
Vigotski, L. S. (1931/2001). Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. In: Obras Escogidas Tomo III. Madrid: Visor.
Vigotski, L. S. (1934/1993). Pensamiento y lenguaje. Madrid: Visor.
Vigotski, L. S. (1934/2001). A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes.
Vigotski, L. S. (1965/1999). Psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes.
Vigotski, L. S. (1982/2004). O significado histórico da crise na psicologia. In: L. S. Vigotski, Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes.
Wertsch, J. (2007). Mediation. In: H. Daniels, M. Cole, & J. V. Wertsch (Orgs), The Cambridge companion to Vygotsky. Cambridge: Cambridge University Press.
Wertsch, J. (2000). Vygotsky's two minds on the nature of meaning. In: C. D. Lee, & P. Smagorinsky, Vygotskian Perspectives on Literacy Research. Cambridge: Cambridge University Press.
Zanella, A. V.; Reis, A. C.; Titon, A. P.; Urnau, L. C. & Dassoler, R. T. (2007). Questões de método em textos de Vygotski: Contribuições à pesquisa em psicologia. Psicologia & Sociedade, 19(2), 25-33.
Zinchenko, W. (2007). Thought and word: The approaches of L. S. Vygotsky and Gustav Shpet. In: H. Daniels, M. Cole, & J. V. Wertsch (Orgs), The Cambridge companion to Vygotsky. Cambridge: Cambridge University Press.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.







