MÃE DE PRIMEIRA VIAGEM: NARRATIVAS DE MULHERES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Résumé
Considerando pesquisas recentes na área da maternidade que salientam as transformações psicológicas que acompanham o processo de transição para a maternidade e o aumento do número de famílias brasileiras em situação de precariedade social, de acordo com o Mapa de Vulnerabilidade de São Paulo, do Centro de Estudos da Metrópole, buscamos investigar os sentidos afetivo-emocionais atribuídos à experiência da maternidade em situação de vulnerabilidade social. Adotando a narrativa interativa como recurso metodológico, solicitamos a 17 mulheres, entre gestantes e puérperas, moradoras de um alojamento social na cidade de São Paulo, que completassem uma história fictícia, previamente elaborada pelas pesquisadoras, sobre as angústias de uma gestante. As produções narrativas foram psicanaliticamente consideradas e organizadas em campos de sentido afetivo-emocional que comunicam a experiência materna das participantes. Neste trabalho, focalizamos o campo da mãe de primeira viagem, que organiza as produções narrativas das participantes em torno da experiência de ser mãe pela primeira vez. A mãe de primeira viagem é vista por esse grupo de mulheres como insegura, ansiosa e medrosa, mas capaz de construir o seu próprio estilo de ser mãe à medida que cuida do filho, ganhando maturidade e autoconfiança. Os depoimentos das participantes nos convidam a desconstruir concepções sociais preconceituosas acerca das possibilidades de uma maternagem adequada em situação de vulnerabilidade social, e a compreender que o cuidado infantil pode ser viabilizado, também nessa condição, pelo suporte familiar, social e, quando necessário, psicológico, o que sugere a potencialidade de medidas preventivas e interventivas.
Téléchargements
Références
Alves, A. M., Ferreira, C. S., Martins, M. A., Silva, S. T., Auwerter, T. C., & Zagonel, I. P. S. (2007). A enfermagem e puérperas primigestas: desvendando o processo de transição ao papel materno. Cogitare enfermagem, 12(4), 416-427.
Aching, M. C. (2013). A Mãe Suficientemente Boa: imaginário de mães em situação de vulnerabilidade social. Dissertação de Mestrado, Centro de Ciências da Vida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas.
Aguiar, D. T., Silveira, L. C. & Dourado, S. M. N. (2011). A mãe em sofrimento psíquico: objeto da ciência ou sujeito da clínica? Esc. Anna Nery, 15 (03), 622-628.
Badinter, E. (2011). O conflito, a mulher e a mãe. (V. L. Reis, Trad.). Rio de Janeiro: Record. (Original publicado em 2010).
Brunton, G., Wiggins M., & Oakley, A. (2011). Becoming a mother: a research synthesis of women’s views on the experience of first-time motherhood. London: EPPI Centre, Social Science Research Unit, Institute of Education, University of London. Recuperado em 12 de maio, 2015, de http://www.ioe.ac.uk/Becoming_a_mother_2011Brunton_Report.pdf
Cáceres-Manrique, F. M., Molina-Marín, G., & Ruiz-Rodríguez, M. (2014). Maternidade: um processo com diferentes nuances e construção de vínculos. Aquichan,14(3), 316-326.
Camacho, K. G., Vargens, O. M. C., Progianti, J. M., & Spíndola, T. (2011). Vivenciando repercussões e transformações de uma gestação: perspectivas de gestantes. Ciencia y Enfermeria, 16(2), 115-125.
Choi, P., Henshaw, C., Baker, S., & Tree, J. (2004). Supermum, superwife, supereverything: performing femininity in the transition to motherhood. Journal of Society for reproductive and Infant Psychology, 23(2), 167-180.
Devereux, G. (1967). From Anxiety to Method in the Behavioral Sciences. Paris: Mouton.
Diniz, G., & Coelho, V. (2005). A História e as histórias de mulheres sobre o casamento e a família. In T. Féres-Carneiro (Org.), Família e casal: efeitos da contemporaneidade (pp.138-157). Rio de Janeiro: PUC-RIO.
Ferrari, M., & Kaloustian, S. M. (1998). Introdução. In S. M. Kaloustian (Org.), Família Brasileira a base de tudo (pp.11-15). Brasília: Cortez.
Fonseca, C. (2012). Ser mãe, mulher e pobre. In M. Del Priore (Org.), História das mulheres no Brasil (pp.510-553). São Paulo: Contexto.
Freire, M. M. de L. (2009). Mulheres, mães e médicos: discurso maternalista no Brasil. Rio de Janeiro: FGV.
Granato, T. M. M., Corbett, E., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011). Narrativa Interativa e Psicanálise. Psicologia em Estudo, 16(1), 157-163.
Granato, T. M. M., Tachibana, M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011). Narrativas interativas na investigação do imaginário coletivo de enfermeiras obstétricas sobre o cuidado materno. Psicologia & Sociedade, 23 (spe), 81-89.
Granato, T. M. M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011). Uso terapêutico de narrativas interativas com mães em situação de precariedade social. Psico, 42(4), 494-502.
Granato, T. M. M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2013). Narrativas Interativas sobre o cuidado materno e seus sentidos afetivos-emocionais. Psicologia Clínica, 25(1), 17-35.
Herrmann, F. (2011). Introdução à teoria dos campos. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Lobo, S. (2008). As condições de surgimento da mãe suficientemente boa. Revista Brasileira de Psicanálise, 4(42), 67-74.
Martins, M. F. S. V. (2010). Imagens construídas em torno da gravidez. Ciência & Saúde Coletiva, 15 (Supl.1), 1369-1375.
Marin, A. H., Gomes, A. G., Lopes, R. C. S., & Piccinini, C. A. (2011). A constituição da maternidade em gestantes solteiras. Psico, 42 (2), 246-254.
Prati, L. E., Couto, M. C. P. P., & Koller, S. H. (2009). Famílias em vulnerabilidade social: rastreamento dos termos utilizados por terapeutas de famílias. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25(3), 403-408.
Rapoport, A., & Piccinini, C.A. (2006). Apoio social e experiência da maternidade. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 85-96.
Stake, R. E. (2011). Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. (K. Reis, Trad.). Porto Alegre: Penso. (Original publicado em 2010).
Stellin, R. M. R., Monteiro, C. F. A., Albuquerque, R. A., & Marques, C. M. X. C. (2011). Processos de construção da maternagem. Feminilidade e maternagem: recursos psíquicos para o exercício da maternagem em suas singularidades. Estilos da Clínica, 16 (1), 170-185.
Strapasson, M. R., & Nedel, M. N. B. (2010). Puerpério imediato: desvendando o significado da maternidade. Revista Gaúcha de Enfermagem, 31 (3), 521-528.
Travassos-Rodriguez, F., & Féres-Carneiro, T. (2013). Maternidade tardia e ambivalência: algumas reflexões. Tempo Psicanalítico, 45 (1), 111-121.
Vilhena, J., Bittencourt, M. I. G. F., Novaes, J. V., & Zanora, M. H. (2013). Cuidado, maternidade e temporalidade: repensando os valores contemporâneos de eficiência. Cadernos de Psicanálise, 35 (28), 111-127.
Ximenes, D. A. (2010). Vulnerabilidade social [CD-ROM]. In Dicionário: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação.
Winnicott, D. W. (2000). Preocupação materna primária. In D. W. Winnicott (D. Bogomoletz, Trad.), Da pediatria à psicanálise. (pp. 399-405). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1956).
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.