“ELE ME DEIXAVA ESPECIAL”: AMIGOS IMAGINÁRIOS, SUAS FUNÇÕES E ATITUDES PARENTAIS

  • Natália Benincasa Velludo Universidade Federal de São Carlos
  • Débora de Hollanda Souza Universidade Federal de São Carlos
Palavras-chave: Amigo imaginário, brincar de faz de conta, atitudes dos pais.

Resumo

Os amigos imaginários são uma forma elaborada de faz de conta, tão presentes no cotidiano de seus criadores que eles podem, inclusive, assumir a função de companhia. As características dessas criações de fantasia, assim como as suas possíveis funções, foram investigadas em uma amostra de 18 crianças entre seis e sete anos (M = 85 meses, DP = 4,82; variação = 76 – 94 meses; 10 meninas e 8 meninos) que possuíam amigos imaginários. Essas crianças foram participantes de um estudo mais abrangente que comparou o desenvolvimento sociocognitivo e da linguagem de crianças com (n = 18) e sem amigos imaginários (n = 22). A fim de investigar as atitudes parentais em relação ao fenômeno, os responsáveis pelos participantes (de ambos os grupos) do primeiro estudo foram convidados a participar, sendo que 11 (10 mães e 1 avó) aceitaram o convite. As características reportadas dos amigos imaginários foram diversas (i.e., aparência física, tipo, idade, há quanto tempo são amigos) e as suas funções estavam associadas a diferentes necessidades, como companhia, diversão ou conforto emocional. Embora a maioria dos responsáveis tenha associado o fenômeno ao exercício da imaginação, alguns acreditavam que a experiência poderia representar problemas, como, por exemplo, a perda de contato com a realidade, ou a influência de entidades maléficas. Os achados da presente pesquisa são consistentes com os estudos internacionais. Espera-se que esses resultados possam contribuir para o avanço dessa linha de investigação no país. 

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Biografia do Autor

Natália Benincasa Velludo, Universidade Federal de São Carlos

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (2010). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSCar (2014). Atualmente, é doutoranda pelo mesmo Programa e membro do Laboratório de Interação Social (LIS) da UFSCar.

Débora de Hollanda Souza, Universidade Federal de São Carlos
Ph.D. em Psicologia do Desenvolvimento- The University of Texas at Austin, com estágio pós-doutoral no Institute of Child Development, University of Minnesota; Professora Associada do Departamento de Psicologia e docente/orientadora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSCar.

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Publicado
2016-07-12
Como Citar
Velludo, N. B., & Souza, D. de H. (2016). “ELE ME DEIXAVA ESPECIAL”: AMIGOS IMAGINÁRIOS, SUAS FUNÇÕES E ATITUDES PARENTAIS. Psicologia Em Estudo, 21(1), 115-126. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v21i1.29924
Seção
Artigos originais

 

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