BRINCAR E REALIDADE: VERBALIZAÇÕES DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

  • Janari da Silva Pedroso Universidade Federal do Pará
  • Caroline Pinheiro Lobato Universidade Federal do Pará
  • Celina Maria Colino Magalhães Universidade Federal do Pará
Palavras-chave: Crianças abrigadas, brincar (Winnicott), ‘Winnicott, Donald Woods, 1896-1971’

Resumo

Este estudo objetivou analisar as verbalizações de crianças em situação de acolhimento institucional acerca de suas formas relacionais no ambiente. Foram utilizados uma maquete e bonecos para representar a instituição e as pessoas, respectivamente. Participaram da pesquisa seis crianças entre cinco e sete anos, com tempo de acolhimento institucional variando entre três e dezessete meses. Os dados coletados foram filmados, transcritos e sistematizados com base na análise de conteúdo fundamentado na teoria de Winnicott, em duas categorias temáticas: relações das crianças com a maquete, os bonecos e os objetos; e percepções das crianças no brincar. As análises nos permitem concluir que as produções verbais das crianças durante as brincadeiras reproduzem suas relações com o ambiente de abrigo e fornecem dados importantes da vivência infantil do processo de acolhimento. O brincar na maquete possibilitou deslocar para o brinquedo sentimentos e conflitos internos que permitiram a repetição de situações reais, a simbolização das experiências e a atribuição de sentido e significado ao seu viver.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Janari da Silva Pedroso, Universidade Federal do Pará
Psicólogo. Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental (Universidade Federal do Pará-UFPA/NAEA). Pós-Doutorado em Psicologia (Universidade Católica de Brasília). Professor Associado 1 da Faculdade de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – PPGP/FAPSI/UFPA. Coordena o Laboratório de Desenvolvimento e Saúde – LADS/UFPA. Membro do GT da ANPEPP: “Família, Processos de Desenvolvimento e Promoção da Saúde”. Pesquisador CNPq.
Caroline Pinheiro Lobato, Universidade Federal do Pará

Formação em Psicologia/Bolsista de Iniciação Científica pela
Universidade Federal do Pará.

Celina Maria Colino Magalhães, Universidade Federal do Pará
Doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo, Professora Associada IV na Universidade Federal do Pará no Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Coordena porjeto de pesquisa sobre crianças em vulnerabilidade social.

Referências

Aberastury, A. (1982). Psicanálise da criança: teoria e técnica. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

Aberastury, A. (1992). A criança e seus jogos. Petrópolis, RJ: Vozes.

Affonso, R. M. L. (2012). Ludodiagnóstico: investigação clínica através do brinquedo. Porto Alegre, RS: Artmed.

RBardin, L. (2010). Análise de conteúdo (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trad.). Lisboa, Portugal: Edições 70. (Original publicado em 1977)

Benjamim, W. (2009). Reflexões sobre a criança, o brinquedo a educação. São Paulo, SP: Duas cidades/Editora 34.

Bomtempo, E. (1999). Brinquedo e educação: na escola e no lar. Psicologia Escolar e Educacional, 3(1), 61-69. doi: 10.1590/S1413-85571999000100007

Bomtempo, E. (2012). Brincadeira simbólica: imaginação e criatividade. In E. Bomtempo & L. C. Going (Orgs.). (2012). Felizes e brincalhões: uma reflexão sobre o lúdico na educação (pp. 21-36). São Paulo, SP: Wak Editora.

Brougère, G. (2001). Brinquedo e cultura. São Paulo, SP: Cortez

Cavalcante, L. I. C., Magalhães, C. M. C., & Pontes, F. A. R. (2007). Institucionalização precoce e prolongada de crianças: discutindo aspectos decisivos para o desenvolvimento. Alethéia, 25(1), 20-34.

Dias, E. O. (2000). Winnicott: agressividade e teoria do amadurecimento. Natureza humana, 2(1), 9-48.

Dias, M. da G. (1992). A brincadeira de faz-de-conta como capacidade para diferenciar entre o real e o imaginário. Psicologia Teoria e Pesquisa, 8(3), 363-371.

Freud, S. (1996). A dinâmica da transferência. In J. Salomão (Org.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. O. de A. Abreu, Trad., Vol. 12, pp. 107-119). Rio de Janeiro,RJ: Imago. (Original publicado em 1912).

Freud, S. (1996). O ego e o id. In J. Salomão (Org.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. O. de A. Abreu, Trad., Vol. 19, pp. 13-80). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Original publicado em 1923).

Fulgencio, L. (2011). A constituição do símbolo e o processo analítico para Winnicott. Paidéia, 21(50), 393-401. doi: 10.1590/S0103-863X2011000300012

Laplanche, J. (1993). A tina. A transcendência da transferência. (Paulo Neves, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Original publicado em 1987).

Magalhães, C. M. C., Costa, L. N., & Cavalcante, L. I. C. (2011). Percepção de educadores de abrigo: o seu trabalho e a criança institucionalizada. Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento humano, 21(3), 818-831.

Martins, E., & Szymanski, H. (2004). Brincando de casinha: significado de família para crianças institucionalizadas. Estudos de Psicologia (Natal), 9(1), 177-187. doi: 10.1590/S1413-294X2004000100019

Oliveira, D. M. de, & Fulgencio, L. P. (2010). Contribuições para o estudo da adolescência sob a ótica de Winnicott para a educação. Psicologia em Revista, 16(1), 67-80.

Orionte, I., & Souza, S. M. G. (2005). O significado do abandono para crianças institucionalizadas. Psicologia em Revista, 11(17), 29-46.

Rossetti-Ferreira, M. C., Serrano, A. S., & Almeida, I. G. (2011). O acolhimento institucional na perspectiva da criança. São Paulo, SP: Hucitec Editora.

Siqueira, A. C. (2012). A garantia ao direito à convivência familiar e comunitária em foco. Estudos de Psicologia (Campinas), 29(3), 437-444. doi: 10.1590/S0103-166X2012000300013

Sperb, T. M., & Conti, L. de. (1998). A dimensão metarepresentativa da brincadeira de faz-de-conta. Paidéia, 8(14-15), 75-89. doi: 10.1590/S0103-863X1998000100007

Winnicott, D. W. (1983). O ambiente e os processos de maturação. (I. C. S. Ortiz, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado em 1965).

Winnicott, D. W. (2001). Holding e interpretação (S. M. T. M. de Barros, Trad.) 2 ed.. São Paulo, SP: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1972).

Winnicott, D. W. (1993). A família e o desenvolvimento individual. (M. B. Cipolla, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Original publicado em 1965).

Winnicott, D. W. (1975). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Original publicado em 1953).

Winnicott, D. W. (1987/2006). Os bebês e suas mães (J. L. Camargo, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Original publicado em 1987).

Publicado
2017-01-06
Como Citar
Pedroso, J. da S., Lobato, C. P., & Magalhães, C. M. C. (2017). BRINCAR E REALIDADE: VERBALIZAÇÕES DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. Psicologia Em Estudo, 21(4), 711-721. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v21i4.31806
Seção
Artigos originais

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus