FAROESTE CABOCLO: LEITURA PSICANALÍTICA DE UMA CANÇÃO
Resumo
O presente artigo busca articular os conceitos psicanalíticos de mal-estar, violência, agressividade e inimigo com a consagrada música “Faroeste Caboclo”, importante legado do pop rock nacional da década de 1980. A canção narra a saga de João de Santo Cristo, órfão, cuja trajetória de vida foi caracterizada pela inquietação, discriminação racial e dificuldade em lidar com figuras de autoridade, o que fez com que se tornasse um renomado traficante de drogas. Com um desfecho marcado pela tragédia passional, culminando na morte dos protagonistas, violência, agressividade e ódio atravessam o enredo, demonstrando seus desdobramentos no campo da alteridade, na emergência da amizade e da inimizade, permitindo-nos compreender e discutir a história de João de Santo Cristo. Partindo do pressuposto de que a música é tanto uma expressão individual quanto porta-voz de uma realidade social, buscamos compreender dimensões psíquicas, retratadas neste texto musical, que narra uma história que se assemelha à de tantos outros envolvidos com a criminalidade no Brasil. O objetivo é que discutamos os possíveis sentidos da letra da canção, promovendo um diálogo construtivo entre cultura e psicanálise.
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