SUBJETIVIDADE E CONVERSÃO NO PENSAMENTO FOUCAULTIANO DO CUIDADO DE SI
Resumo
No presente artigo, discutimos questões do fluxo teórico foucaultiano que preparam o terreno para seus trabalhos tardios, e analisamos, em seguida, o uso nocional que Foucault faz da categoria descritiva denominada conversão a si (se convertere ad se), bem como a sua influência no prisma ético estético do processo de subjetivação. Introduzimos a discussão da ideia de sujeito nas primeiras ontologias foucaultianas, referentes, segundo Deleuze (1986/2005), ao eixo do saber e ao eixo do poder. Neste contorno teórico, que abrange o homem como efeito de objeto/sujeito, a psicologia se destaca dentre os alvos da investigação e da crítica de Foucault, sendo utilizada como exemplo daquilo que as ciências modernas produziram enquanto ideia naturalizada de homem. Exploramos, por fim, a trama conceitual de A hermenêutica do sujeito, em que Foucault (1982/2010) alinhava uma nova dimensão da subjetividade, qual seja, a da relação consigo. Nestas preleções de 1982, ela aparece a partir de uma genealogia das práticas ocidentais de conexão entre sujeito e verdade, determinadas pela alternância entre os preceitos epimeléia heatoû (Cuidado de Si) e gnôthi seautón (Conhecimento de Si). Cada linha filosófica desdobrada destes princípios determina uma concepção de sujeito, e, nesse cenário, o filósofo se aproxima da perspectiva da “autossubjetivação” encontrada na conversão a si greco-romana, esta última inserida no espectro de predominância do cuidado de si.
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