O SER HUMANO É ASSIM, SOFRE, MAS ALGUNS DIAS SÃO PIORES: A PERCEPÇÃO DOS PACIENTES PARA O INÍCIO DO USO DOS MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS
Resumo
O processo de medicalização da nossa sociedade, na atualidade, acontece em várias direções, indicando que todo e qualquer tipo de mal-estar pode ser tratado com medicamentos. O objetivo da pesquisa foi compreender o início do uso dos psicotrópicos para superar os problemas enfrentados no cotidiano. Entrevistas em profundidade foram realizadas com 19 pessoas sobre os problemas que levaram ao início do uso de medicamentos psicotrópicos. Este estudo utilizou os pressupostos filosóficos de Heidegger e o tratamento de dados conforme proposto por Max van Manen. A análise desvelou o tema ‘O ser humano é assim, a gente sofre, mas alguns dias são piores’, que diz respeito às dificuldades vividas que desencadearam os sentimentos de raiva, ansiedade, estresse, tristeza e angústia, levando ao uso dos medicamentos psicotrópicos. A vivência das dificuldades enfrentadas na vida foi apontada como principal motivo para o início do uso do medicamento, como forma de preservar a saúde mental.
Downloads
Referências
Referências
Adams, C., & Manen, M. A. V. (2017). Teaching Phenomenological Research and Writing. Qualitative Health Research, 27(6), 780-791. doi: 10.1177/1049732317698960.
Aguiar M. P., & Ortega, F. J. G, (2017). Psiquiatria Biológica e Psicofarmacologia: a formação de uma rede tecnocientífica. Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 27(4), 889-910. doi:10.1590/S0103-73312017000400003.
Arruda M. P., & Arruda, L. P. (2010). O profissional da saúde como um mediador de emoções. Rev. Eletr. Enf.[Internet]. 12(4), 770-4. doi: 10.5216/ree.v12i4.12261.
Baumann, M., Spitz, E., Guillemin, F., Jean-Francois, R, Choquet, M., Falissard, B., & Chau, N. (2007) Associations of social and material deprivation with tobacco, alcohol, and psychotropic drug use, and gender: a population-based study. International Journal of Health Geographics. 6(50) 1-12, doi:10.1186/1476-072X-6-50.
Carneiro, S.F., & Antunez, A.E.A. (2017) Violência e resgate do humano: um olhar fenomenológico para a periferia de salvador. Psicol. estud., 22(4), 575-586. doi: 10.4025/.v22i4.36988.
Casanova, M. A. (2013). Compreender Heidegger. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes.
Cohen, D., McCubbin, M., Collin, J., &Pérodeau, (2001) Medications as social phenomena. Health 5(4), 441–469. doi:10.1177/136345930100500403.
Costa, S.H.N., Cunha, L.C., Yonamine, M. Pucci, L.L., Oliveira, F.G. F. Souza, C.G. ... & Leles, C. R. (2010). Survey on the use of psychotropic drugs by twelve military police units in the municipalities of Goiânia and Aparecida de Goiânia, state of Goiás, Brazil. Rev Bras Psiquiatr, 32, 389-395. doi:10.1590/S1516-44462010005000023.
Creupelandt, H., Anthierens, S., Habraken, H., Declercq, T.,Sirdifield, C., Siriwardena, A.N.,&Christiaens, T. (2017).Teaching young GPs to cope with psychosocial consultations without prescribing: a durable impact of an e-module on determinants of benzodiazepines prescribing. BMC Medical Education, 17(259) 1-9.doi:10.1186/s12909-017-1100-3.
Dias, J.R.F., Araújo, C.S., Martins, E.R.C., Closi, A.C., Francisco, M.T.R., & Sampaio, C.E.P. (2011). Fatores predisponentes ao uso próprio de psicotrópicos por profissionais de enfermagem. Rev Enferm.19(3), 445-51.
Filardi, A.F.R., Araújo, V.E., Nascimento, Y. A. & Ramalho de Oliveira, D. (2017). Use of psychotropics in everyday life from the perspective of health professionals and patients: a systematic review. J Crit Rev, 4(3), 1-8.
Freitas, F.L. (2011). Tristeza e Depressão: Análise do discurso dos médicos psiquiatras de um município de Santa Catarina. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Disponível:< https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/95536 >
Heidegger, M. (2012). Ser e tempo. Campinas, SP: Editora da Unicamp: Petrópolis, RJ: Editora Vozes.
Ho, K. H. M., Chiang, V. C. L., & Leung, D. (2017). Hermeneutic phenomenological analysis: the ‘possibility’ beyond ‘actuality’ in thematic analysis. Journal of Advanced Nursing, 00, 000–000. doi: 10.1111/jan.13255.
Jacob, S., Munro, I., Taylor, B.J., & Griffiths, D. (2017). Mental health recovery: A review of the peer-reviewed published literature. Collegian, 24(1), 53-61. doi:10.1016/j.colegn.2015.08.001.
Jureidini, J, &Tonkin, A. (2006). Overuse of Antidepressant Drugs for the Treatment of Depression. CNS Drugs, 20 (8), 623 – 632. doi: 10.2165/00023210-200620080-00002.
Kartalova-O’Doherty, Y., Doherty, D. T. (2010). Recovering from mental health problems: Perceived positive and negative effects of medication on reconnecting with life. International Journal of Social Psychiatry, 57(6), 610-618. doi: 10.1177/0020764010377396.
Lacasse, J. R., Megan, H. P. Lietz, C.A., Rider, A. & Hess, J. Z. (2016). The client experience of psychiatric medication: A qualitative study. Social Work in Mental Health.14(1), 61–81. doi.10.1080/15332985.2015.1058312.
Lopes, N., Clamote, T., Raposo, H., Pegado, E., & Rodrigues, C. (2012). O natural e o farmacológico: padrões de consumo terapêutico na população portuguesa. Saúde&Tecnologia. 8, 5-17. doi:10.25758/set.504.
Macdonald, S., Morrison, J., Maxwell, M. Munoz-Arroyo, R., Power, A., Smith, M.,…&Wilson, P. (2009). ‘A Coal Face Option’; GPs’ Perspectives on the Rise in Antidepressant Prescribing. Br J Gen Pract, 59(566), 299-307. doi: 10.3399/bjgp09X454106.
Manen, M. v. (1990). Researching lived experience: human science for an action sensitive pedagogy. New York: State University of New York Press.
Manen, M. v. (2014). Phenomenology of practice; meaning giving methods in phenomenology research and writing. California: WalnutCreek.
Maturo, A.& Conrad, P., Eds. (2009) La medicalizzazione della vita, Salute e Società, VIII, Is. 2. Bologna: Franco Angeli.
Mills, C. (2015). The Psychiatrization of Poverty: Rethinking the Mental Health–Poverty Nexus. Social and Personality Psychology Compass. 9(5), 213–222, doi:10.1111/spc3.12168.
Paris, J. (2010). The use and misuse of psychiatric drugs: An Evidence-Based Critique. Chichester UK: Wiley-Blackwell.
Campos, R.T.O., Palombini, A.L., Silva, A. E., Passos, E., Octávio, E.M.L., Serpa Júnior, ...&Gonçalves, L.L.M. (2012).Multicenter adaptation of the guide for autonomous management of medication. Interface-Comunic., Saude, Educ., 16(43), 967-80, doi:10.1590/S1414-32832012005000040.
Schallemberger, J. B., & Colet, C. F. (2016). Assessment of dependence and anxiety among benzodiazepine users in a provincial municipality in Rio Grande do Sul, Brazil. Trends Psychiatry Psychother, 38, 63-70. doi:10.1590/2237-6089-2015-0041.
Soares, G.B.&Caponi, S. (2011). Depression in focus: a study of the media discourse in theprocess of medicalization of life. Interface-Comunic., Saude, Educ., 15(37), 437-46.doi.org/10.1590/S1414-32832011005000006.
Tong, A., Sainsbury, P., & Craig, J. (2007). Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-itemchecklist for interviews and focus groups. International Journal for Quality in Health Care. 19(6), 349–357. doi.org/10.1093/intqhc/mzm042.
Whitaker, R. (2017). Anatomia de uma epidemia: pílulas mágicas, drogas psiquiátricas e o aumento assombroso da doença mental. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
Copyright (c) 2021 Psicologia em Estudo

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.