A DROGA COMO DISPOSITIVO DE CONTROLE SOCIAL: UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO ÁLCOOL, MACONHA E CRACK NA IMPRENSA BRASILEIRA

Palavras-chave: drogas, representação social, imprensa.

Resumo

As drogas se consolidam como um dos arquétipos culturais predominantes no cotidiano das sociedades urbanas, sendo sua presença ubíqua em praticamente todas as culturas. Os registros históricos apresentam ampla variabilidade de substâncias que em dado momento eram classificadas como o perigo social da época e que em outro se tornavam banalizadas ou tipificadas como inofensivas. Assim, esse estudo teve como objetivo analisar como dispositivo droga que se consolida em diferentes períodos históricos. Para isso, foram coletadas 4.227 matérias dos jornais Folha da Manhã, Folha da Noite e Folha de São Paulo, que abordassem questões relativas ao álcool (década de 1920), maconha (décadas de 1930 a 1960) e crack (década de 1980 a 2005) e realizada Análise Temática de Conteúdo. Os resultados permitem afirmar que a característica central que define todas as substâncias analisadas nos distintos momentos históricos é o risco social que ela apresenta. A droga se constitui como um risco aos usuários ao mesmo tempo que os institui enquanto uma figura de ameaça social. Ao se referenciar uma substância como uma droga, são ativados sentidos que remetem a um quadro de decadência e criminalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Acioli Neto, M. L., & Santos, M. F. (2014). Alterity and identity refusal: the construction of the image of the crack user. Paidéia (Ribeirão Preto), 24(59), 389-396. doi: 10.1590/1982-43272459201413.

Acioli Neto, M. L., & Santos, M. F. (2015). Os usos sociais do crack: construindo uma clínica situada culturalmente [The social uses of crack: building a culturally situated clinic]. Recife, PE: Editora Universitária edUFPE.

Acioli Neto, M. L., & Santos, M. F. (2016). Os usos de crack em um contexto de vulnerabilidade: representações e práticas sociais entre usuários [Using Crack in a Vulnerability Context: Social Representations and Practices among Users]. Psicologia: teoria e pesquisa (Brasília), 32(3), 1-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0102-3772e32326.

Azevedo, A. & Souza, T. (2017). Internação compulsória de pessoas em uso de drogas e a Contrarreforma Psiquiátrica Brasileira [Compulsory Hospitalization of people in drug use and the Brazilian Psychiatric Counter-Reformation]. Physis, 27(3), 491-510. http://dx.doi.org/10.1590/s0103-73312017000300007.

Berger, P. L., & Luckmann, T. L. (1996). A construção social da realidade: Tratado de sociologia do conhecimento [The social construction of reality: a treatise in the sociology of knowledge] (F. S. Fernandes, Trad.). Petrópolis, RJ: Vozes.

Boiteux, L. (2014). Drogas e cárcere: repressão às drogas, aumento da população penitenciária brasileira e alternativas [Drugs and prison: drug repression, increase in the Brazilian penitentiary population and alternatives]. In S. S. Shecaira (Org.), Drogas: uma nova perspectiva [Drugs: a new perspective] (pp. 83-104). São Paulo, SP: IBCCRIM.

Borges, S., Santos, M., & Porto, P. (2018). Discurso Jurídico-Moral Humanizador sobre drogas e violência sanitária na saúde da família [Humanized Moral-Legal Discourse on drugs and healthcare violence in family health]. Saúde em Debate, 42(117), 430-441. https://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201811707

Caravaca-Morera, J., & Padilha, M. (2015). Entre batalhas e pedras: histórias de vida de moradores de rua, usuários de crack [between battles and rocks: life stories of homeless crack users]. Hacia la Promoción de la Salud, 20(1), 49-66. https://dx.doi.org/10.17151/hpsal.2015.20.1.4

Escohotado, A. (1996) Historia elemental de las drogas [Elementary history of drugs]. Barcelona: Anagrama.

Foucault, M. (2010). Os anormais [Abnormal]. São Paulo, SP: Editora WMF Martins Fontes.

Henriques, B., Reinaldo, A., Ayres, L., Moreira, T., Lucca, M. & Rocha, R. (2016). O uso de crack e outras drogas por crianças e adolescentes e suas repercussões no ambiente familiar [The use of crack and other drugs by children and adolescents and their repercussions in the family environment]. Escola Anna Nery, 20(4), e20160105. https://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20160105

Himmelstein, J. L. (1983). From killer weed to drop out drug: the changing ideology of marihuana. Contemporary crisis, 7, 13-38.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). (2013). Duas décadas de desigualdade e pobreza no Brasil medidas pela Pnad/IBGE [Two decades of inequality and poverty in Brazil measured by PNAD]. Brasília: Ipea.

Levine, H. (1984). The alcohol problem in America: from temperance to alcoholism. British Journal of Addiction, 79, 109-119.

Macrae, E. & Simões, J. A. (2003). A subcultura da maconha, seus valores e rituais entre setores socialmente integrados [The subculture of marijuana, its values and rituals among socially integrated sectors]. In M. Baptista, M. S. Cruz & R. Matias (orgs.), Drogas e Pós-Modernidade: faces de um tema proscrito [Drugs and Post-Modernity: faces of an outlaw theme] (pp. 95-107). Rio de Janeiro: Eduerj.

Macrae, E. (2013). Prefácio [Preface]. In E. Macrae, L. Tavares & M. Nuñez (Orgs.), Crack: contextos, padrões e propósitos de uso [Crack: contexts, patterns and purposes of use] (pp. 11-26). Salvador: EDUFBA.

Mari, H. & Santana (2018). Discurso e mídia: totalitarismo e linguagem totalitária [Discourse and media: totalitarianism and totalitarian language]. Scripta (Belo Horizonte), 22(45), 205-217.

Medeiros, K., Maciel, S., Sousa, P. & Vieira, G. (2015). Vivências e Representações sobre o Crack: Um Estudo com Mulheres Usuárias [Experiences and Representations about Crack: An Approach to Female Drug-Users]. Psico-USF, 20(3), 517-528. https://dx.doi.org/10.1590/1413-82712015200313

Moscovici, S. (2012). A psicanálise, sua imagem e seu público [Psychoanalysis: its image and its public]. Petrópolis: Vozes.

Nasser, M. (2018). Entre a ameaça e a proteção: categorias, práticas e efeitos de uma política de inclusão na Cracolândia de São Paulo [Between threat and protection: categories, practices and effects of an inclusion policy in Crackland, São Paulo]. Horizontes Antropológicos, 24(50), 243-270. https://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832018000100009

Olmo, R. (1990). A face oculta da droga [he hidden face of the drug]. Rio de Janeiro: Revan.

Reinarman, C. & Levine, H. (1997). Crack in context: America’s last demon drug. In C. Reinarman & H. Levine (Orgs.), Crack in America: demon drugs and social justice (pp. 1-17). Berkeley: University of California Press.

Richwin, I. & Celes, L. (2017). Diógenes e o corpo “fabricador de drogas”: o estatuto do corpo no uso abusivo de crack e nas situações de precariedade e vulnerabilidade social [Diogenes and the “drug-making” body: the body’s statute in crack abuse and social vulnerability situations]. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 20(3), 465-480. https://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2017v20n3p465.4

Rodrigues, D., Conceição, M. & Iunes, A. (2015). Representações Sociais do Crack na Mídia [Social Representation of Crack Cocaine in Brasilia's Media Press]. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 31(1), 115-123. https://dx.doi.org/10.1590/0102-37722015010994115123

Romanini, M. & Roso, A. (2013). Midiatização da cultura, criminalização e patologização dos usuários de crack: discursos e políticas [Mediatization of culture, criminalization and pathologization of crack cocaine users: discourses and policies]. Temas em Psicologia, 21(2), 483-497. https://dx.doi.org/10.9788/TP2013.2-14

Santos, E. (2018). Planos migratórios na Cracolândia de São Paulo na década de 1990 [Migratory Plans in Cracolândia of São Paulo in the 1990s]. Revista Katálysis, 21(2), 336-344. https://dx.doi.org/10.1590/1982-02592018v21n2p336

Wagner, W. (1998) Social Representations and Beyond: Brute Facts, Symbolic Coping and Domesticated Worlds. Culture and Psychology, 4, 297-329.

Zaccone, O. D. F. (2008). Acionistas do nada: quem são os traficantes de droga [Shareholders out of nowhere: who are the drug dealers]. Rio de Janeiro, RJ: Revan.

Zanotto, D. & Assis, F. (2017). Perfil dos usuários de crack na mídia brasileira: análise de um jornal e duas revistas de edição nacional [Profile of crack users in the Brazilian media: analysis of a national newspaper and two magazines]. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 27(3), 771-792. https://dx.doi.org/10.1590/s0103-73312017000300020

Publicado
2022-02-21
Como Citar
Acioli Neto, M. de L., Santos, M. de F. S., Sobral, M. O., & Pessoa, M. (2022). A DROGA COMO DISPOSITIVO DE CONTROLE SOCIAL: UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO ÁLCOOL, MACONHA E CRACK NA IMPRENSA BRASILEIRA. Psicologia Em Estudo, 27. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v27i0.48860
Seção
Artigos originais

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.3
2019CiteScore
 
 
7th percentile
Powered by  Scopus