DO AUTOCONHECIMENTO AO AUTOCONCEITO: REVISÃO SOBRE CONSTRUTOS E INSTRUMENTOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Resumo
O objetivo deste trabalho foi identificar o que há na literatura sobre o autoconhecimento e encontrar instrumentos disponíveis para avaliar tal construto voltado para o público de crianças e adolescentes, embasados na Terapia Cognitivo-Comportamental. Como método, foi desenvolvida uma revisão de literatura nas bases de dados PubMed, PsycINFO, Lilacs e Scielo. Durante a escolha dos descritores notou-se uma justaposição entre os conceitos autoconhecimento e autoconceito. A partir disso, ambos os conceitos foram tratados como sinônimos, adotando o termo autoconceito para se referir aos dois conceitos. A busca resultou em 11 artigos que atenderam aos critérios de seleção. Sobre os estudos, os anos de publicação variaram de 2008 a 2018, com objetivos variados, englobando desde problemas envolvidos com a saúde até sintomas e transtornos psíquicos na infância e/ou adolescência. O autoconceito mostrou se relacionar ao maior bem-estar e qualidade de vida. Além disso, foram encontrados sete instrumentos que avaliam o autoconceito na infância e/ou adolescência, sendo dois com adaptação para a população brasileira. Concluiu-se que ainda há poucos estudos na literatura sobre esse assunto, como também uma lacuna de instrumentos para avaliá-lo na população brasileira infanto-juvenil. Dessa forma, este estudo confirmou que o autoconhecimento é construto complexo e multidimensional e que há a necessidade de mais estudos na área.
Downloads
Referências
American Educational Research Association. (2014). Standards for Educational and Psychological Testing. Washington.
Aránega, A. Y., Sánchez, R. C., & Pérez, C. G. (2019). Mindfulness’ effects on undergraduates perception of self-knowledge and stress levels. Journal of Business Research, 101, 441-446. doi: 10.1016/j.jbusres.2019.01.026
Bieg, M., Goetz, T., & Lipnevich, A. A. (2014). What students think they feel differs from what they really feel – academic self-concept moderates the discrepancy between students’ trait and state emotional self-reports. Plos One, 9(3), 1-9. doi: 10.1371/journal.pone.0092563
Brasil. Ministério da Saúde. (2007). Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde.
Botelho, L. L. R., Cunha, C. C. de A., Macedo, M. (2011). O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, 5(1), 121-136. doi: 10.21171/ges.v5i11.1220
Choi, C. & Ferro, M. A. (2018). Comparing self-concept among youth currently receiving inpatient versus outpatient mental health services. Journal of the Canadian Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 27(1), 69-74. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5777692/
Del Prette, A. & Del Prette, Z. A. P. (2017). Competência social e habilidades sociais; manual teórico-prático. Petrópolis: Vozes.
Dozois, D. J. A., Eichstedt, J. A., Collins, K. A., Phoenix, E., & Harris, K. (2012). Core beliefs, self-perception, and cognitive organization in depressed adolescents. International Journal of Cognitive Therapy 5(1), 99-112. doi: 10.1521/ijct.2012.5.1.99
Faria, L. (2003). A importância do auto-conceito em contexto escolar. In C.M.L. Pires, P.J. Costa, S. Brites, & S. Ferreira. Psicologia, Sociedade & Bem-estar. Leiri: Editorial Diferença.
Friedberg, R. D., Hoyman, L. C., Behar, S., Tabbarah, S., Pacholec, N. M., Keller, M., & Thordarson, M. A. (2014). We’ve come a long way, baby!: Evolution and revolution in CBT with youth. Journal of Rational-Emotive & Cognitive-Behavior Therapy, 32(1), 4-14. doi: 10.1007/s10942-014-0178-3
Goleman, D. (2006). Emotional Intelligence. 2ed. New York: Basic Book.
Gottlieb, L., Martinovich, Z., Meyers, K. M., Reinecke, M. A. (2016). Treatment for Depression Enhances Protection: Findings From the Treatment for Adolescents With Depression Study (TADS). International Journal of Cognitive Therapy, 9(1), 38–56. doi: 10.1521/ijct_2016_09_02
Gur, C. (2015). Self-Knowledge and adolescence. Procedia – Social and Behavioral Sciences, 197, 1716-1720. doi: 10.1016/j.sbspro.2015.07.225.
Esnaola, I., Goñi, A., & Madariaga, J. M. (2008). El autoconcepto: perspectivas de investigación. Revista de Psicodidáctica, 13(1), 179-194. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=17513105
Hanks, C. E., McGuire, J. F., Lewin, A. B., Storch, E. A., & Murphy, T. K. (2016). Clinical Correlates and Mediators of Self-Concept in Youth with Chronic Tic Disorders. Child Psychiatry & Human Development, 47(1), 64-74. doi: 10.1007/s10578-015-0544-0
Hutz, C. S., Bandeira, D. R., & Trentini, C. M. (Org.) (2015). Psicometria. Porto Alegra: Artmed.
Jelalian, E., Sato, A., & Hart, C. N. (2011). The effect of group-based weight control intervention on adolescent psychosocial outcomes: Perceived peer rejection, social anxiety and self-concept. Child Health Care, 40(3), 197-211. doi:10.1080/02739615.2011.590391.
Justo, A. R., dos Santos, A., & Andretta, L. (2017). Programas de prevenção na infância. In R. M. Caminha, M. G. Caminha, C. A. Dutra. A prática cognitiva na infância e na adolescência. (pp. 59-75). Novo Hamburgo: Sinopsys.
Lipp, M. (2014). Stress em Crianças e Adolescentes. Campinas: Papirus Editora.
Martínez-Antón, M., Buelga, S., & Cava, M. J. (2007). La satisfacción con la vida en la adolescencia y su relación con la autoestima y el ajuste escolar. Anuario de Psicología, 38(2), 5-15. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=97017404013
McAllister, M., Knight, B. A., & Withyman, C. (2017). Merging contemporary learning theory with mental health promotion to produce an effective schools-based program. Nurse Education in Practice, 25, 74-79. doi: 10.1016/j.nepr.2017.05.005
Mendonça, P. V da C. F. & Fleith, D. de S. (2005). Relação entre criatividade, inteligência e autoconceito em alunos monolíngues e bilíngues. Psicologia Escolar e Educação, 9(1), 59-70. doi: 10.1590/S1413-85572005000100006
Murta, S. G., & Barletta, J. B. (2015). Promoção de saúde mental e prevenção aos transtornos mentais em terapia cognitivo-comportamental. PROCOGNITIVA Programa de Atualização em Terapia Cognitivo-Comportamental: ciclo 1/volume 4. Porto Alegre: Artmed Panamericana.
Mendes, K. D. S., Silveira, R. C. D. C. P., & Galvão, C. M. (2008). Revisão integrativa: Método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, 17(4), 758-764. doi:10.1590/S0104-07072008000400018
Oliveira, S. A. (2012). Prevenção de saúde mental no Brasil na perspectiva da literatura e de especialistas da área. (Dissertação de mestrado). Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília. Brasília.
Pasquali, L. (2010). Testes referentes a construto: teoria e modelo de construção. In L. Pasquali (cols.). Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas (pp.165-198). Porto Alegre: Artmed.
Peixoto, F. (2003). Auto-estima, autoconceito e dinâmicas relacionais em contexto escolar (Tese de doutorado). Universidade do Minho, Braga, Portugal.
Pinto, A., Gatinho, A., Silva, F., Veríssimo, M., & Santos, A. J. (2013). Vinculação e modelo interno dinâmico do self em crianças de idade pré-escolar. Psicologia, Saúde & Doença, 14, 515-528.
Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862013000300011
Rabiei, L., Sharifirad, G. R., Azadbakht, L., & Hassanzadeh, A.(2013). Understanding the relationship between nutritional knowledge, self‑efficacy, and self‑concept of high‑school students suffering from overweight. Journal of Education and Health Promotion, 2, 1-6. doi: 10.4103/2277-9531.115834
Schneider, D. R. (2015). Da saúde mental à atenção psicossocial: trajetórias da prevenção e da promoção de saúde. In S. G. Murta, C. Leandro-França, K.B. dos Santos, & L. Polejack. Prevenção e Promoção em Saúde Mental: Fundamentos, planejamentos e estratégias de intervenção. (pp. 34-53). Novo Hamburgo: Sinopsys.
Shadel, W. G., Tharp-Taylor, S., Fryer, C. S. (2008). Exposure to Cigarette Advertising and Adolescents’ Intentions to Smoke: The Moderating Role of the Developing Self-Concept. Journal of Pediatric Psychology, 33(7), 751-760. doi: 10.1093/jpepsy/jsn025
Shadel, W. G., Tharp-Taylor, S., Fryer, C. S. (2009). How Does Exposure to Cigarette Advertising Contribute to Smoking in Adolescents? The Role of the Developing Self-Concept and Identification with Advertising Models. Addictive Behabiors, 34(11), 932-937. doi: 10.1016/j.addbeh.2009.05.014
Silva, B. C. L. da (2009). O autoconceito em crianças e pré-adolescentes numa amostra de famílias de origem e famílias de acolhimento. Monografia final de curso. Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.
Sisto, F. F. & Martinelli, S. de C. (2004). Estudo preliminar para a construção da Escala de Autoconceito Infanto-Juvenil (EAC-IJ). Interação em Psicologia, 8(2), 181-190. doi: 10.5380/psi.v8i2.3254
Sisto, F. F., Rueda, F. J. M., & Urquijo, S. (2010). Relación entre los constructos autocontrol y autoconceptoen niños y jóvenes. Liberabit, 16(2), 217-226. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=68617161010
Storch, E. A., Morgan, J. E., Caporino, N. E., Brauer, L., Lewin, A. B., Piacentini, J., & Murphy, T. K. (2012). Psychosocial Treatment to Improve Resilience and Reduce Impairment in Youth With Tics: An Intervention Case Series of Eight Youth. Journal of Cognitive Psychotherapy: An International Quarter, 26(1), 57-70. doi: 10.1891/0889-8391.26.1.57
Subasree, R. & Nair, A. R. (2014). The Life Skills Assessment Scale: the construction and validation of a new comprehensive scale for measuring life skills. Journal of Humanities and Social Science, 19(1), 50-58. doi: 10.9790/0837-19195058
Tomás, J.M. y Oliver, A. (2004). Confirmatory factor analysis of a Spanish multidimensional scale of self-concept. Revista Interamericana de Psicología, 38, 285-293. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/293077271_Confirmatory_factor_analysis_of_a_Spanish_multidimensional_scale_of_self-concept
Vazire, S., & Wilson, T. D. (2012). Handbook of Self-knowledge. USA: Guildford Press.
World Health Organization (WHO), 1997. Promoting health through schools. Report of a WHO Expert Committee on Comprehensive School Health Education and Promotion. WHO Technical Report. Geneva, Switzerland.
Copyright (c) 2022 Psicologia em Estudo

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.