SAÚDE E QUEIXA ESCOLAR: REGISTROS DE CONSERV(AÇÃO) NA CONDUTA DE PSICÓLOGOS
Resumo
Este artigo expõe a temática da conduta de profissionais da psicologia no campo da saúde, diante das demandas escolares. Resulta de uma pesquisa de Mestrado, cujo objetivo principal foi, com base na Psicologia Histórico-Cultural, identificar de que forma as práticas contemporâneas da psicologia na saúde explicitam a concepção dos profissionais ante os encaminhamentos e a função da escola para a constituição da subjetividade. Para tanto, foram analisados prontuários de crianças e adolescentes entre quatro e dezessete anos, encaminhados por queixa escolar a dois serviços públicos de saúde em um município de pequeno porte do interior paulista, durante o biênio 2014-2015, e efetivadas entrevistas com as/os psicólogas/os responsáveis nos diferentes serviços. Os resultados indicaram que a atividade da/o psicóloga/o, ao receber a demanda escolar, encontra-se pouco alterada em relação às condutas que vêm sendo adotadas no país, desde os anos de 1990. As práticas aderidas consistem, em grande maioria, no atendimento clínico individual ou grupal, que não envolve o ambiente escolar. Também se mantém o perfil das crianças encaminhadas e, no contexto da ciência psicológica aplicada à saúde, um distanciamento quanto ao conhecimento das implicações da educação escolar para a aprendizagem e o desenvolvimento humano, tanto quanto a importância do acesso aos bens culturais humanos, o que pode ser decisivo para as circunstâncias e para a qualidade do processo de humanização.
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