MOSTEIRO DE ALCOBAÇA

PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE E CENÁRIO DOS EMPREENDIMENTOS AGRÁRIOS DE D. DINIS EM PORTUGAL (SÉC. XIII E XIV)

Resumo

Este Mosteiro se tornou protagonista na criação de representações que contribuíram para a consolidação de um tipo de memória oficial[1]. Sua criação foi idealizada por D. Afonso Henriques (1143-1185), e ganhou notoriedade por se tratar de uma forma de povoar e arrotear as terras conquistadas aos mulçumanos. Corroborou para o surgimento de uma nova história em torno da monarquia portuguesa, garantindo-lhe uma iconografia original, uma literatura épica - romance entre Pedro e Inês de Castro - e representou o desenvolvimento da agricultura materializada pela experiência e trabalho dos monges cistercienses. Adornado pela flora, se solidificou em terras férteis se tornando um modelo de empreendimento agrário medieval. Seu cenário de memórias petrificadas[2] garantiu-lhe a classificação de Monumento Nacional Português (1910) e Patrimônio da Humanidade (1989), o tornando uma referência entre os lugares de memória deste país.

 

[1]Em contradição a um passado definitivamente morto, encontramos o termo consolidado por Pierre Nora, o qual enfatiza que a história memória consegue arrancar do passado o que ainda lhe resta do que foi vivido na tradição, na repetição dos ancestrais, sob o signo de um sentimento histórico profundo. Deste modo, os lugares de memória estão diretamente associados à nossa história (NORA, 1993, p. 07-08).       

[2] A evocação das memórias se faz presente em diversos lugares, como em Igrejas, Cemitérios, Mosteiros, dentre outros, os quais se perfazem como espaços que contribuem para o resgate das memórias do nosso passado. Pois, por detrás dessas construções e composições de seus artefatos, há um arcabouço de significados e significantes que aguçam a curiosidade dos pesquisadores e dos estudantes que precisam ser observadas, estudadas, desmistificadas, apreendidas e ensinadas a partir de seu próprio lugar de memória na história. (SOUSA; NORONHA, 2021, p. 351).

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Biografia do Autor

Cleusa Teixeira Sousa, Universidade Federal de Goiás - UFG
Cleusa Teixeira de Sousa é Pós-doutoranda do ProfHistória da UFG e Doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação de História da Universidade Federal de Goiás, pesquisadora do Centro de História, Sociedade e Cultura - CHSC- FLUC. Atualmente é professora de História da Secretaria de Educação do Estado de Goiás (Ens. Fundamental e Médio). Ministrou as disciplinas: Didática; Prática e Ensino de História e História do Brasil Colônia – UEG-Un. Universitária da Cidade de Goiás. Encontra-se como pesquisadora visitante da Universidade de Coimbra, onde realiza estágio com bolsa CAPES de Doutorado Sanduíche sob a orientação do Professor Doutor Saul Antônio Gomes. Seu foco de pesquisa nos últimos anos de suas produções se centra, especialmente nas temáticas relacionadas à: Ensino de História; História Medieval; Brasil Colônia; História Judaica e Literatura Judaica; História dos Cristãos Novos; Portugal Medieval; Relações de Poder; Empreitada Marítima e Transição do Período Medieval para o Moderno.
Maria Dailza da Conceição Fagundes, Universidade Estadual de Goiás - Campus Cora Coralina

Doutora em História pela Universidade Federal de Goiás. Docente no curso de História e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio (PROMEP) da Universidade Estadual de Goiás. É membro do grupo de pesquisa CNPq LUPA – Lugarese Patrimônios e do Núcleo Interdisciplinar Clássicos na Educação: Antiguidade e Medievalidade (NICE).

Gilberto Cézar de Noronha, Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia, com estágio na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Docente dos cursos de Graduação e Pós-Graduação - Acadêmico e do ProfHistória - do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia. Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História Política (NEPHISPO/Inhis/UFU).

Publicado
2023-12-04
Como Citar
Sousa, C. T., Fagundes, M. D. da C., & Noronha, G. C. de. (2023). MOSTEIRO DE ALCOBAÇA. Notandum, (61), e57185. https://doi.org/10.4025/notandum.vi61.57185
Seção
Artigos