VONTADE E INDIVIDUAÇÃO

NOTAS SOBRE A INFLUÊNCIA DE SCOTUS NA NOÇÃO DE LIBERDADE EM ARENDT

  • Ricardo Gião Bortolotti UNESP
Palavras-chave: Espaço público, Individuação, Liberdade, Pessoa, Vontade

Resumo

Este artigo pretende apresentar a relação entre dois pensadores distantes no tempo: Duns Scotus e Hannah Arendt. Não se trata de ceder ao anacronismo desbragado, mas de abordar algumas concepções fundamentais para Arendt, admiradora do voluntarismo escotista. Scotus fornece a Arendt elementos para que ela possa fundamentar a liberdade da vontade. A manifestação do indivíduo no espaço político arendtiano revela a sua singularidade, quem ele é, que, com a sua participação vai se evidenciando. Portanto, não se trata de exteriorizar uma natureza, mas de deseinteriorizar o pensamento, individuando-o. Para isso, Arendt valoriza, em seu trabalho, a pessoa, a qual se revela no mundo da aparência a partir da enunciação de opiniões, orientada pelo amor mundi. Assim, a partir do autor medieval, este artigo procura esclarecer o uso de noções, como o princípio de individuação, a noção de pessoa, de vontade livre, de contingência, dentre outras. Importante notar que, para Arendt, a liberdade não é interna, mas tem início com a ação externa, com o nascimento do indivíduo no mundo comum.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ricardo Gião Bortolotti, UNESP

Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).

Referências

AGAMBEN, G. A comunidade que vem. Tradução de Cláudio oliveira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
AGUIAR, O. A. A filosofia e a política no pensamento de Hannah Arendt. Fortaleza: Edições UFC, 2001.
ALMEIDA, V.S. Educação em Hannah Arendt – Entre o mundo deserto e o amor do mundo. São Paulo: Cortez, 2011.
ALMEIDA, J. R. Pessoa e relação em João Duns Scotus. Enrahonar. Quaderns de Filosofia, Supplement Issue, p. 79-87, 2018. Acessado em 05/03/2023 às 11:30.
ALMEIDA, V. S. Reflexões sobre o ninguém na obra de Hannah Arendt. Trans/Form/Ação, Marília, v. 44, n. 3, p. 375-394, 2021.

Acessado em 15/02/2024 às 15:14.
ARENDT, H. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Tradução de Antônio Abranches, Cesar A. R. de Almeida, Helena Martins. Rio de Janeiro: Relume Dumará/UFRJ, 1992.
ARENDT, H. Filosofia e política. In:_ A dignidade da política. Tradução de Helena Martins e outros. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993, p. 91-115.
ARENDT, H. Lições sobre a filosofia política de Kant. Tradução de André Duarte. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José R. Siqueira. São Paulo: Companhia das letras, 1999.
ARENDT, H. Responsabilidade e julgamento. Tradução de Rosaura Einchenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
ARENDT, H. Journal de pensée - 1950-1973. Tradução Sylvie Coutrine-Denamy. Paris: Seuil, 2v., 2005.
ARENDT, H. A crise da cultura: sua importância social e política. In:_ Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 248-281.
ARENDT, H. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2010.
ARENDT, H. Origens do Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
ASSY, B. A atividade da vontade em Hannah Arendt: por um êthos da singularidade (haecceitas) e da ação. In: CORREIA, A. (coord.) Transpondo o Abismo – Hannah Arendt e a Filosofia e a Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002, p. 32-54.
ASSY, B. “Quem somos?” – Ação e singularidade no espaço público. O Social em Questão. Nº 16, p. 07-21, 2006/2007.
http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=224&sid=30
Acessado em 07/07/2024 às 16:08.
ASSY, B. Ética, responsabilidade e juízo em Hannah Arendt. São Paulo: Perspectiva, 2015.
BEINER, R. Hannah Arendt – sobre “O Julgar“. In: ARENDT, H. Lições sobre a Filosofia Política de Kant. Tradução de André Duarte e de Paulo R. da Rocha Sampaio. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994, p. 85-165.
BIANCO, C. Ultima solitudo: la nascita del concetto moderno di persona in Duns Scoto. Milano: Franco Angeli, 2012.
BOLER, J. F. Charles Peirce and Scholastic Realism; a Study of Peirce’s Relation to John Duns Scotus. Seatle: University of Washington Press. 1963.
BONANSEA, Bernardine M. Duns Scotus’ Voluntarism. In.: RYAN, J. K. & BONANSEA, B. M. (eds.). John Duns Scotus, 1265-1965. Washington, D.C.: The Catholic University of America Press, 1965, p. 85-121.
CANOVAN, M. Hannah Arendt: A reintepretation of Her Political Thought. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.
CEZAR, R. Cesar. Scotus e a liberdade – Textos escolhidos sobre a vontade e a lei natural. Tradução e Introdução de Cesar R. Cezar. São Paulo: Edições Loyola.
DUNS ESCOTO, Juan. Cuestiones Cuodlibetales. In; DUNS ESCOTO, Juan. Obras del Doctor Sutil. Edición bilingüe. Madrid, Biblioteca de Autores Cristãos (BAC), 1968.
DUNS SCOTUS, Ioannes – Opera omnia VII. Quaestiones subtilissimae super libros Metaphysicorum Aristotelis. (Metaph). Ed. L. Vivès, Paris, 1891-1895. (Digitized by the Internet Archive in 2011 with funding from University of Toronto)
DUNS SCOTUS, Ioannes. Opera omnia XIV– Ordinatio III. Ed. L. Vivès, Paris, 1894. (Digitized by the Internet Archive in 2011 with funding from University of Toronto).

DUNS SCOTUS, Ioannes. Opera omnia V - Collationes II. Ed. L. Vivès, Paris, 1891. (Digitized by the Internet Archive in 2011 with funding from University of Toronto).
http://www.archive.org/details/operaomni05duns
DUNS SCOTUS, Ioannes. Opera omnia VII– Ordinatio II, Civitas Vaticana, 1959.
FIGUEIREDO, G. J. Gomes. Liberdade e Vontade em João Duns Escoto – Leitura da Quodlibética XVI. 2009. 173 págs. Coimbra: Universidade de Coimbra – Faculdade de Letras, 2009.
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/13476/1/Tese_mestrado_Gon%C3%A7alo%20Figueiredo.pdf
Acessado em 24/02/2023 às 11:14.
GILSON, E. A Filosofia na Idade Média. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
HONNEFELDER, L. João Duns Scotus. Trad. De Roberto H. Pich. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
IAMMARRONE, L. Giovanni Duns Scoto – Metafísico e Teologo. La Tematiche Fondamentali dela sua Filosofia e Teologia. Roma: Miscellanea Francescana, 2003.
KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Tradução de Valerio Rohden e António Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
MANZANO, I. decir la “persona” según Escoto (um intento de interpretación). Revista Española de Filosofía Medieval, vol. 14, pp. 11-31, 2007. Acessado em 05/03/2023 às 16:34.
MERINO, J. A. Juan Duns Escoto. In_ História de la Filosofia Franciscana. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1993, p. 177-266.
QUO VADIS. Direção: Marwyn Leroy. Produção: Sam Zimbalist. Elenco: Robert Taylor, Deborah Kerr, Leo Genn e Peter Ustinov. Roteiro: S.N. Behrman, Sonya Levien e John Lee Mahin. Los Angeles: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), 1951.
SEILLER, L. La notion de personne selon Scot – Ses principales applications em Christologie. La France Fransciscaine. Tome 20, p.05-46, 1936.
WAGNER, E. S. Hannah Arendt – Ética e Política. Cotia: Ateliê Editorial, 2006.
WOLTER, Alan B. Introduction. In: DUNS SCOTUS, J. John Duns Scotus – Early Oxford Lecture on Individuation. Latin text with English Translation and Introduction of the Alan B. Wolter. New York: The Franciscan Institute St. Bonaventure, 2005, p. VII-XVII.
Publicado
2024-12-04
Como Citar
Bortolotti, R. G. (2024). VONTADE E INDIVIDUAÇÃO. Notandum, (62), e74087. https://doi.org/10.4025/notandum.vi62.74087
Seção
Artigos