VONTADE E INDIVIDUAÇÃO
NOTAS SOBRE A INFLUÊNCIA DE SCOTUS NA NOÇÃO DE LIBERDADE EM ARENDT
Resumo
Este artigo pretende apresentar a relação entre dois pensadores distantes no tempo: Duns Scotus e Hannah Arendt. Não se trata de ceder ao anacronismo desbragado, mas de abordar algumas concepções fundamentais para Arendt, admiradora do voluntarismo escotista. Scotus fornece a Arendt elementos para que ela possa fundamentar a liberdade da vontade. A manifestação do indivíduo no espaço político arendtiano revela a sua singularidade, quem ele é, que, com a sua participação vai se evidenciando. Portanto, não se trata de exteriorizar uma natureza, mas de deseinteriorizar o pensamento, individuando-o. Para isso, Arendt valoriza, em seu trabalho, a pessoa, a qual se revela no mundo da aparência a partir da enunciação de opiniões, orientada pelo amor mundi. Assim, a partir do autor medieval, este artigo procura esclarecer o uso de noções, como o princípio de individuação, a noção de pessoa, de vontade livre, de contingência, dentre outras. Importante notar que, para Arendt, a liberdade não é interna, mas tem início com a ação externa, com o nascimento do indivíduo no mundo comum.
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