INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM

UMA RELAÇÃO EM REFLEXÃO

Palavras-chave: Infância, Criança, Educação, Aprendizagem

Resumo

Até o século XVII, não existia uma concepção definida de infância, tampouco iniciativas voltadas especificamente para essa fase da vida. Essa ausência de reconhecimento perdurou na sociedade até o final do século XVIII. Durante esse período, a criança era concebida como um adulto em miniatura, desprovida de consideração quanto às suas especificidades físicas, emocionais e cognitivas. Foi apenas no fim do século XVIII, que surgiram os primeiros movimentos em direção à distinção entre adultos e crianças, especialmente por meio da escolarização. Nesse contexto de transformações sociais e culturais, a concepção de infância foi consolidada e valorizada como uma etapa singular do desenvolvimento humano. Hoje, essa fase, reconhecida como decisiva para o desenvolvimento e caracterizada pela elevada plasticidade neural, compreende que as experiências vivenciadas nesse momento constituem a base para a construção do conhecimento e o aprimoramento das capacidades cognitivas que influenciarão a vida adulta. Alinhado a essa visão, o presente artigo analisa o papel da infância como uma etapa basilar para a aquisição de conhecimentos, a constituição do sujeito e a preparação para o convívio social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Simone Aparecida dos Santos, Universidade Estadual de Maringá

Doutoranda em Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Doutora em Genética e Melhoramento pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora de Educação Infantil da Prefeitura Municipal de Maria Helena-PR. E-mail: pg55560@uem.br

Vânia Rodrigues Nicolau, Universidade Estadual de Maringá

Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora de Educação Infantil da Prefeitura Municipal de Umuarama-PR. E-mail: vania_vrn@hotmail.com

Karina Luciane Silva Deolindo, Universidade Estadual de Maringá

Doutoranda em Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora da Associação de Ensino Superior de Osvaldo Cruz. E-mail: karina_deolindo@hotmail.com

Luciane Guimarães Batistella Bianchini, Universidade Estadual de Maringá

Doutora em Psicologia e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: lgbbianchini@uem.br

Referências

AMARILHA, M. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

BARKLEY, R. A. The executive functions and self-regulation: An evolutionary neuropsychological perspective. Neuropsychological Review, v. 11, p. 1-29, 2001.

BOHNENBERGER, G. et al. Desenvolvimento infantil e plasticidade cerebral: a importância dos primeiros anos de vida para a saúde neurológica e funcional. Cognitus Interdisciplinary Journal, v. 2, n. 3, p. 15-35, 2025. Disponível em: <https://ojs.editoracognitus.com.br/index.php/revista/article/view/98>. Acesso em: 7 out. 2025.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2017.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONADA) (1991). Disponível em: <https://www.gov.br/participamaisbrasil/conanda/>. Acesso em: 10 out. 2025.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 out. 2025.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990.

BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 28 jul. 2023.

BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE) 2014–2024: Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Brasília, DF: MEC, 2014.

BRASIL. Referencial curricular para a educação infantil. V. 1, BRASÍLIA: MEC/SEF, 1998.

BRUNER, J. Uma nova teoria de aprendizagem. Rio de Janeiro: Bloch, 1969.

CAINE, R. N.; CAINE, G. Understanding a brain-based approach to learning and teaching. Educational Leadership, v. 48, n. 1, p.66-70, 1990.

COLE, M.; HAKKARAINEN, P.; BREDIKYTE, M. Contexto cultural e aprendizagem na primeira infância. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância, 2010. Disponível em: <http://www.enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/textes-experts/pt-pt/2094/contexto-cultural-e-aprendizagem-na-primeira-infancia.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2023.

COLOMBO, M. M. Educação infantil e o desenvolvimento econômico: uma aplicação ao caso brasileiro. 2023. Trabalho de conclusão (Graduação em Ciências Econômicas), Faculdade de Ciências Econômicas, UFRGS, Porto Alegre, 2023. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/handle/10183/258026>. Acesso em: 07 out. 2025.

COMISSÃO NACIONAL CRIANÇA E CONSTITUINTE. Relatório final. Brasília, DF: UNICEF; Fundação Abrinq; CNBB; OAB; SBP, 1987.

CORREIA, S. J. C. et al. Criança de 0 a 03 anos: a importância do desenvolvimento e aprendizagem em creches. 2022. Disponível em: <https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/crianca_de_0_a_03_anos.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2023.

CORRÊA, C. R. G. L. A relação entre desenvolvimento humano e aprendizagem: perspectivas teóricas. Psicologia Escolar e Educacional, v. 21, n. 3, Setembro/Dezembro de 2017: 379-386.

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL / Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010. BRASIL. Ministério da Educação.

FALCÃO, R. D.; NETA, O. M. M. A pedagogia dos sentidos no pensamento educacional de Pestalozzi. Cadernos GPOSSHE, On-line, Fortaleza, v. 8, n. 2, 2024. Disponível em: <https://revistas.uece.br/index.php/CadernosdoGPOSSHE>. Acesso em: 10 out. 2025.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GUTIERRES, L. B. J. Neuroplasticidade e aprendizado ao longo da vida: desmistificando o potencial do cérebro humano. Ciências da Saúde, V. 28, 2024.

HAIDT, J. A geração ansiosa. Companhia das letras, 2024.

HEYWOOD, C. Uma história da infância: da Idade Média a época contemporânea no Ocidente. Porto Alegre: Artmed, 2004.

INEP. Relatório Nacional do PISA 2022: principais resultados. Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2023.

MAGAHÃES, T. Brasil tem baixo desempenho e estagna em ranking mundial da educação básica. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil-estaciona-em-ranking-de-avaliacao-internacional-de-educacao-basica/>. Acesso em: 06 out. 2025

MATOS, S. A. et al. Aprendizagem como fator de influência na qualidade de vida de pessoas idosas. Scientia Generalis, v. 2, n. 2, p. 281-288, 2021. Disponível em: https://www.scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/207. Acesso em: 15 out. 2025.

NEGRINE, A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto alegre: Propil, 1994.

NETO, R. B. Neurociência e Consciência. Desenvolvimento e aprendizagem na infância a partir da perspectiva da neurociência. Disponível em: <https://rafaelbruno-neurocienciaeconsciencia.blogspot.com/2019/08/desenvolvimento-eaprendizagem-na_3.html?q=Desenvolvimento+e+aprendizagem+na+inf%C3%A2ncia+a+partir+da+perspectiva+da+neuroci%C3%AAncia >. Acesso em: 29 jul. 2023.

OCDE. Resultados do PISA 2018: o que os alunos sabem e podem fazer. São Paulo: Fundação Santillana, 2019.

OLIVEIRA, V. B. O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Vozes, 2000.

OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. H. Teorias de Aprendizagem. Porto Alegre: Evangraf, 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/sead/servicos-ead/publicacoes 1/pdf/Teorias_de_Aprendizagem.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2023.

PAIVA, W. A; MAGALHÃES, S. M. O. A infância no pensamento pedagógico de Rousseau. Revista Tecnia, v. 8, n. 1, p. 31–56, 2024. DOI: 10.56762/tecnia.v8i1.235. Disponível em: https://periodicos.ifg.edu.br/tecnia/article/view/235. Acesso em: 15 out. 2025.

PERIN, C. S. B.; OLIVEIRA, T. Um projeto de educação para a criança no século XIII: considerações acerca da pedagogia de Ramon Llull. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 34, n. 72, p. 231-247, nov./dez. 2018.

PIAGET, J. A construção do real na criança. 3ª ed. 5ª reimpressão. São Paulo: Ática 2003.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. 3ªed. Rio de Janeiro: ed. Zahar, 1973.

PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. 3. ed. (Trad. D. A. Lindoso e R. M. R. Silva). Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1976.

PODD’IAKOV, N. N. Specific characteristics of psychological development of preschool children, Moscow, Russia, Pedagogika, 1996.

POSTMAN, N. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro, Graphia, 2002.

REIS, A.; PETERSSON, K. M.; FAÍSCA, L. Neuroplasticidade: Os efeitos de aprendizagens específicas no cérebro humano. In: C. Nunes, & S. Jesus (Eds.), Temas actuais em Psicologia (pp. 11 - 26). Faro, Universidade do Algarve, 2009.

RICE, S., RICE, K. LOVELL, L. Enriched environments, cortical plasticity and implications for systematic design of instruction. Educ. Technology, v. 36, n. 2, p.41-46, 1996.

ROGERS, C. R.; FREIBERG, H. J. Liberdade para aprender juntos. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

ROGERS, C. R. Liberdade para aprender. 4. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1977. Disponível em: <https://www.academia.edu/96720334/LIBERDADE_PARA_APRENDER>. Acesso em: 06 out. 2025.

SARMENTO, M. J. (2007). Visibilidade Social e Estudo da Infância. In Vasconcellos & Sarmento (Org). Infância (In)Visível. Araraquara: Junqueira & Marin Editores (25-49).

SHONKOFF, J. P.; BOYCE, W.T.; MCEWEN, B.S. Neuroscience, molecular biology, and the childhood roots of health disparities: building a new framework for health promotion and disease prevention. JAMA, v. 21, p. 2252-9, 2009.

SHONKOFF, J. P.; FAMRI, J. B. R. O investimento em desenvolvimento na primeira infância cria os alicerces de uma sociedade próspera e sustentável. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância, 2009. Disponível em:<http://www.enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/textes-experts/pt pt/2532/o-investimento-em-desenvolvimento-na-primeira-infancia-cria-os-alicerces de-uma-sociedade-prospera-e-sustentavel.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2023.

TOMAZ, M. (2024). A Educação e a autonomia do indivíduo: uma síntese com base nos saberes filosóficos de Maria Montessori, Jean Piaget e Immanuel Kant. Rebena - Revista Brasileira de Ensino e Aprendizagem, v. 9, p. 156-162, 2024. Disponível em: <https://rebena.emnuvens.com.br/revista/article/view/234>. Acesso em: 10 out. 2025.

UNICEF. Investir no desenvolvimento da primeira infância é essencial para ajudar mais crianças e comunidades a prosperar, segundo nova série da Lancet. 2016. Disponível em: <https://www.unicef.org/eca/press-releases/investing-ECD-essential-children>. Acesso em: 7 out. 2025.

VOLPE, J. J. Neurology of the newborn. 4th edition. Philadelphia: WB Saunders, 2001.

ZANIN, A. G. C.; BATISTA, V. S.; OLIVEIRA, T. Rosvita de Gandersheim: Teatro e Educação no Século X. Research, Society and Development, v. 11, n. 1, 2022.

Publicado
2025-11-06
Como Citar
Santos, S. A. dos, Nicolau, V. R., Deolindo, K. L. S., & Bianchini, L. G. B. (2025). INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM. Notandum, (63), e75956. https://doi.org/10.4025/notandum.vi63.75956
Seção
Fundamentos da Educação