INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM
UMA RELAÇÃO EM REFLEXÃO
Resumo
Até o século XVII, não existia uma concepção definida de infância, tampouco iniciativas voltadas especificamente para essa fase da vida. Essa ausência de reconhecimento perdurou na sociedade até o final do século XVIII. Durante esse período, a criança era concebida como um adulto em miniatura, desprovida de consideração quanto às suas especificidades físicas, emocionais e cognitivas. Foi apenas no fim do século XVIII, que surgiram os primeiros movimentos em direção à distinção entre adultos e crianças, especialmente por meio da escolarização. Nesse contexto de transformações sociais e culturais, a concepção de infância foi consolidada e valorizada como uma etapa singular do desenvolvimento humano. Hoje, essa fase, reconhecida como decisiva para o desenvolvimento e caracterizada pela elevada plasticidade neural, compreende que as experiências vivenciadas nesse momento constituem a base para a construção do conhecimento e o aprimoramento das capacidades cognitivas que influenciarão a vida adulta. Alinhado a essa visão, o presente artigo analisa o papel da infância como uma etapa basilar para a aquisição de conhecimentos, a constituição do sujeito e a preparação para o convívio social.
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