ARQUITETURA DO PECADO
SISTEMATIZAÇÃO MORAL EM TOMÁS DE AQUINO
Resumo
Este artigo parte de duas perguntas fundamentais: (I) Seria possível identificar, na obra Os sete pecados capitais, uma intenção pedagógica e religiosa? (II) Em que medida a concepção tomista do vício difere daquela proposta por Santo Agostinho? Sustenta-se que Tomás de Aquino organiza uma doutrina moral orientada pela razão prática, distinguindo-se do modelo agostiniano ao compreender o pecado não como mero desvio amoroso, mas como desequilíbrio em relação à justa medida. Para sustentar tal argumento, recorremos a excertos das obras De malo e Summa Theologica, reunidos na coletânea traduzida por Luiz Jean Lauand, nas quais os sete pecados capitais são apresentados como vícios geradores de outros, segundo uma lógica “hierárquica”. A investigação é alicerçada, ainda, em elementos da vida de Tomás de Aquino, cuja trajetória intelectual e inserção no contexto escolástico do século XIII foram determinantes para a fundamentação de sua arquitetura moral. Explicita-se, por fim, a sistematização desses vícios como princípio de uma teologia prática voltada à formação da consciência e ao exercício pastoral, reafirmando a autoridade eclesiástica sobre a moralidade em tempos de transformação social e religiosa.
Downloads
Referências
AGOSTINHO DE HIPONA. A doutrina cristã: manual de exegese e formação cristã. São Paulo: Paulinas, 1991.
AQUINO, T. de. Os sete pecados capitais. Tradução e estudos introdutórios de Luiz Jean Lauand. S. Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 75–109.
AQUINO, T. de. Suma teológica. São Paulo: Loyola, 2009, v.3.
BATISTA, G. A. O pensamento educacional de Santo Tomás de Aquino como consequência de sua teologia e de sua filosofia. Educação Unisinos, v. 14, n. 02, p. 82–96, 2010.
CASAGRANDE, C.; VECCHIO, S. Pecado. In: LE GOFF, J.; SCHIMITT, J.-C. (Coord.). Dicionário Temático do Ocidente Medieval. São Paulo: Unesp, 2017, v.2.
CHAMBERS, K. Augustine on the Nature of Virtue and Sin. Melbourne: Cambridge University Press, 2024.
COSTA, C.; MARTINS, F. Análise histórica, religiosa e educacional sobre o catecismo do santo Concílio de Trento. Revista Brasileira de História das Religiões, Maringá, v. 1, n. 6, p. 01–19, 2010.
DE BONI, L. A. Estudos sobre Tomás de Aquino. Pelotas: NEPFIL Online, 2018.
DELUMEAU, J. O pecado e o medo. Bauru: EDUSC, 2003.
EZÍDIO, C. de S. A lei natural em Tomás de Aquino: da natura à civitas. 2020. Tese (Doutorado em Filosofia) — Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020.
FEBVRE, L. O problema da descrença no século XVI. Lisboa: Início, 1970.
HONNEFELDER, L. A Lei Natural de Tomás de Aquino Como Princípio da Razão Prática e a Segunda Escolástica. Teocomunicação, Porto Alegre, v. 40, n. 3, p. 324–337, 2010.
KIERKEGAARD, S. O desespero humano. Porto, Tavares Martins, 1952.
MARTINES, P. O ato moral segundo Tomás de Aquino. Trans/Form/Ação, v. 42, n. spe, p. 249–264, 2019.
MONTAIGNE, M. de. Sobre a vaidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MORARD, M. Saint Thomas d’Aquin: un home de chair et d’os…aussi. Sedes Sapientiae, n. 30, pp. 37–54, 1989.
OLIVEIRA, T. Conhecimento e mendicância como epicentro do embate entre Boaventura de Bagnoregio e Guilherme de Santo Amor no século XIII. Antíteses, [S. l.], v. 12, n. 24, p. 95–121, 2019.
PULIDO, M. L. Cristianismo e Islam en el pensamento medieval. Encuentros y desencuentros. Cauriensia, v. IV, p. 81–139, 2009.
ROSZAC, P. Collatio Sapientiae. Dinámica Participatorio-Cristológica de La Sabiduría a La Luz Del ‘Super Psalmos’ de Santo Tomás de Aquino. Angelicum, [S. l.], vol. 89, no. 3/4, 2012, pp. 749–769.
SESBOÜÉ, B. La racionalización teológica del pecado original. Concilium. Paris, n. 304, pp. 11–21, 2004.
SMITH, B. G. The Oxford Encyclopedia of Women in World History (Vol. III). New York: Oxford University Press, 2008.
TEIXEIRA, I. O tempo da santidade: reflexões sobre um conceito. Revista Brasileira de História, v. 32, n. 63, p. 207–223, 2012.
TORREL, J.-P. Iniciación a Tomás de Aquino: su persona y su obra. Pamplona: EUNSA, 2002
VAUCHEZ, A. O Santo. In: LE GOFF, J. (Org.). O homem medieval. Lisboa: Presença, 1988, p. 211–233.
Copyright (c) 2025 Notandum

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaramos que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem à Revista. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY-NC-ND 4.0).
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.


