O ciberativismo indígena da comunidade Amarelão Potiguara em meio a pandemia da covid-19
Resumen
A pandemia da Covid-19 exacerbou as vulnerabilidades da Comunidade Potiguara Amarelão, que dependia do turismo e da venda de castanhas de caju. Em resposta, a comunidade se reinventou através do uso das redes sociais digitais, especificamente o Instagram (@aca.amarelao), para ampliar a comercialização de suas castanhas e se manifestar em defesa de seus interesses. Este estudo teve o objetivo investigar como a Comunidade Amarelão Potiguara está utilizando o ciberativismo como uma ferramenta para responder aos desafios apresentados pela pandemia da Covid-19, através de uma análise descritiva qualiquantitativa das postagens no Instagram. O perfil @ac.amarelao revelou uma série de imagens denunciando questões ambientais, descrevendo a sobrevivência da comunidade e solicitando auxílio financeiro. A venda de castanha de caju, antes fonte principal de renda, tornou-se inexistente devido ao impacto da pandemia no turismo local. Observou-se uma insatisfação notável entre os membros da comunidade em relação às políticas atuais, evidenciando uma busca intensiva por maior reconhecimento e visibilidade. A adoção do Instagram emergiu como uma estratégia para alcançar esses objetivos. No entanto, a utilização indiscriminada desta plataforma provou ser insuficiente, dada a ausência de orientação adequada na disseminação das informações. Conclui-se que, diante da invisibilidade de seus direitos e da inércia institucional, a comunidade indígena recorre ao ciberespaço para exigir ação governamental, mobilizando a sociedade para reconfigurar o cenário sociopolítico e instigar mudanças favoráveis.
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