As aulas remotas emergenciais nas Letras e a interpassividade: lições da pandemia

Palavras-chave: ensino remoto emergencial; interpassividade; pseudoatividade.

Resumo

Embora o momento inicial das aulas remotas emergenciais no curso de Letras tenha feito surgir o problema dos alunos de graduação que não podem, ou não desejam, ligar a câmera, criando um vazio na tela para a qual o docente deve se dirigir, esse comportamento não é simples questão de imaturidade dos discentes. O pensamento de Žižek (2010) pode lançar luzes sobre tal questão: é uma forma de interpassividade, que é o ato de colocar ou de enviar outrem para ser passivo no meu lugar, como quando, durante um episódio de comédia televisiva, ouvem-se risadas gravadas ao final de cada piada. A gravação recebe a piada e ri por mim, desobrigando-me de fazê-lo. Para aprofundar a questão, é verificável que os docentes também se envolveram, num momento anterior, num comportamento descrito por Lacan, chamado pseudoatividade. Esta vem a ser a dedicação a um número grande de atividades cujo objetivo final, com ou sem o conhecimento de quem as pratica, é manter as estruturas vigentes inalteradas, ou o mais próximo possível disso. O objetivo deste artigo é mostrar como esses comportamentos, geralmente correlatos, podem funcionar de maneira inesperada durante a vigência do ERE, e por que a ansiedade gerada pela tela do computador cheia de logins com câmeras fechadas na sala de aula virtual é tão devastadora.

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Publicado
2021-12-01
Como Citar
Silva, M. C. (2021). As aulas remotas emergenciais nas Letras e a interpassividade: lições da pandemia . Acta Scientiarum. Language and Culture, 43(2), e55658. https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i1.55658
Seção
Chamada Temática - Literatura

 

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