A acessibilidade de orações relativas na escrita inicial infantil

Palavras-chave: restrições gramaticais; aquisição da escrita; funcionalismo.

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as orações relativas na escrita de alunos em processo de alfabetização com base em restrições de acessibilidade. Keenan e Comrie (1977) preveem restrições de natureza morfossintática para a relativização com base numa hierarquia de relações gramaticais; projetamos, todavia, uma nova perspectiva sobre essa questão, que, além de não considerar apenas motivações de natureza morfossintática, envolve principalmente outras de natureza pragmática, semântica e cognitiva, como proposto por Dik (1997) e O’Grady (2011). A hipótese fundamental do trabalho é a de que, diferentemente da proposta de Keenan e Comrie (1977), não há uma proeminência da relação gramatical de sujeito na relativização, mas a interferência de uma escala de topicidade e animacidade e de uma escala de distância entre a lacuna e o material de preenchimento na oração relativa, que tem natureza cognitiva e referencial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abaurre, M. B. M. (2022). Como se dá a aquisição da linguagem escrita? In G. A. Othero & V. N. Flores (Orgs.), O que sabemos sobre a linguagem: 51 perguntas e respostas sobre a linguagem humana (pp. 217–224). Parábola Editorial.

Barbosa, T. R., Silva, H. M. de L., Oliveira, R. C. de, & Gouveia, R. T. (2024). Entrevista com Michael Tomasello. Revista Da ABRALIN, 23(2), 877–893. https://doi.org/10.25189/rabralin.v23i2.2202

Camacho, R. G. (2012). Transparência e opacidade na seleção de estratégias de relativização no português. Linguística, 27(1), 47-76.

Camacho, R. G. (2017). Alinhamento e estratégias de relativização. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, 33(1), 243–266. https://doi.org/10.1590/0102-445037085585369827

Capristano, C. C. (2007) Mudanças na trajetória da criança em direção à palavra escrita. [Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas].

Chacon, L. (2022). O que é a escrita? In G. A. Othero & V. N. Flores (Orgs.), O que sabemos sobre a linguagem: 51 perguntas e respostas sobre a linguagem humana (pp. 163–167). Parábola Editorial.

Chomsky, N. (1981). Lectures on Government and Binding: The Pisa Lectures. Dordrecht: Foris Publications.

Corrêa, M. L. G. (2004). O modo heterogêneo de constituição da escrita. Martins Fontes.

Corrêa, V. R. (1998) Oração Relativa: o que se fala e o que se aprende no português do Brasil. [Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas].

Dik, S. C. (1997a). The theory of Functional Grammar: Part I: The structure of the clause. Mouton de Gruyter.

Dik, S. C. (1997b). The theory of Functional Grammar: Part II: Complex and derived constructions. Mouton de Gruyter.

Goldberg, A. E. (1995). A construction grammar approach to argument structure. University of Chicago Press.

Hengeveld, K., & Mackenzie, J. L. (2008). Functional Discourse Grammar: A typologically-based theory of language structure. Oxford University Press.

Jackendoff, R. (2007). Linguistics in cognitive science: The state of the art. The Linguistic Review, 24(4), 347–401. https://doi.org/10.1515/TLR.2007.014

Keenan, E. L., & Comrie, B. (1977). Noun phrase accessibility and universal grammar. Linguistic Inquiry, 8(1), 63–99.

Keizer, E. (2015). A Functional Discourse Grammar for English. Oxford University Press.

Kenedy, E. (2007). A antinaturalidade de pied-piping em orações relativas. [Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro].

Mackenzie, J. L., Giomi, R., Hengeveld, K., & ten Wolde, E. (2025). Introduction: Linearization in Functional Discourse Grammar. In E. ten Wolde, R. Giomi, & K. Hengeveld (Eds.), Linearization in Functional Discourse Grammar (pp. 1–27). Mouton de Gruyter.

O’Grady, W. (2011). Relative clauses: Processing and acquisition. In E. Kidd (Ed.), The acquisition of relative clauses: Processing, typology and function (pp. 13–38). John Benjamins.

O’Grady, W. (2022). Natural syntax: An emergentist primer. University of Hawai‘i Press.

Oliveira-Codinhoto, A. P. (2016). A acessibilidade das construções relativas e a aquisição da escrita (Tese de Doutorado). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

Perroni, M. C. (2001). As relativas que são fáceis na aquisição do português brasileiro. DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, 17(1), 59–79. https://doi.org/10.1590/S0102-44502001000100003

Pezatti, E. G. (1992). A ordem de palavras no português: aspectos tipológicos e funcionais [Tese de doutorado, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”]. Unesp - Repositório Institucional. http://hdl.handle.net/11449/242443

Pontes, E. (1987). O tópico no português do Brasil. Pontes Editores.

Scarpa, E. M. (2001). Aquisição da linguagem. In F. Mussalin & A. C. Bentes (Orgs.), Introdução à linguística: domínios e fronteiras (pp. 203–232). Cortez.

Silverstein, M. (1976). Hierarchies of features and ergativity. In R. M. W. Dixon (Ed.), Grammatical categories in Australian languages (pp. 112–171). Australian Institute of Aboriginal Studies.

Tarallo, F. L. (1983). Relativization strategies in Brazilian Portuguese [Tese de doutorado, University of Pennsylvania]. ProQuest Dissertations Publishing

Tomasello, M. (2003). Constructing a language: A usage-based theory of language acquisition. Harvard University Press.

Publicado
2025-12-03
Como Citar
Oliveira-Codinhoto, G., & Camacho, R. G. (2025). A acessibilidade de orações relativas na escrita inicial infantil. Acta Scientiarum. Language and Culture, 47(2), e76763. https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v47i2.76763
Seção
Dossiê Linguística - "Instabilidades da linguagem"

 

0.1
2019CiteScore
 
 
45th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.1
2019CiteScore
 
 
45th percentile
Powered by  Scopus