Gender marking in brazilian portuguese as a scalar implicature
Abstract
Neste artigo, investigamos o fenômeno da marcação de gênero no Português Brasileiro (PB), com o objetivo de compreender as contribuições semântica e pragmática do morfema -o nos sintagmas nominais designadores de indivíduos humanos. O tema é controverso, de um lado há teorias morfológicas estruturalistas que analisam o morfema -o como genérico, no sentido de não carregar traço de gênero. De outro, há movimentos e diversos setores da sociedade que afirmam que o morfema -o designa o gênero masculino e que é preciso buscar maior representatividade nas formas linguísticas. Nossa proposta busca construir uma ponte entre esses dois polos. A partir da metodologia experimental, buscamos conhecer e quantificar como os falantes nativos do PB interpretam os morfemas -o e -a em sintagmas nominais definidos designando referentes femininos. Os resultados apontaram uma oscilação para o morfema -o: ora é interpretado como masculino, ora é interpretado como genérico. Por outro lado, os resultados apontaram que o morfema -a designa exclusivamente referentes femininos. À luz da Pragmática Formal, analisamos tais resultados e concluímos que o par de morfemas -o/-a dispara uma implicatura escalar. Desse modo, por implicatura, o morfema -o acaba sendo interpretado como exclusivamente masculino e não como genérico, embora morfológica e semanticamente não carregue marca de gênero.
Downloads
Metrics
References
Referências
Câmara Jr., J. M. (1970). Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes.
Carvalho, D. S. (2020). As genitálias da gramática. Revista da ABRALIN, 19(1), 1-21. DOI: https://doi.org/10.25189/rabralin.v19i1.1693
Grice, H. P. (1975). Logic and conversation. In P. Cole & J. L. Morgan (Eds.), Syntax semant (Vol. 3, p. 41-58). New York, NY: Academic Press.
Lucchesi, D. (2021). A estrutura da língua e a criação de gênero neutro. Roseta, 4(1).
Mäder, G. R. C. (2015). Masculino genérico e sexismo gramatical (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
Martin, J. W. (1975). Gênero? Revista Brasileira de Linguística, 2(1), 3-8.
Oliveira, R. P., & Basso, R. M. (2014). Arquitetura da conversação: teoria das implicaturas. São Paulo, SP: Parábola Editorial.
Possenti, S. (2012). Questão de gênero. Ciência Hoje. Recuperado de http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/questao-de-genero
Rio Grande do Sul. (2014). Manual para o uso não sexista da linguagem: o que se diz bem se entende. Porto Alegre, RS: Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Schwindt, L. C. (2020). Sobre gênero neutro em português brasileiro e os limites do sistema linguístico. Revista da ABRALIN, 19(1), 1-23. DOI: https://doi.org/10.25189/rabralin.v19i1.1709.
DECLARATION OF ORIGINALITY AND COPYRIGHTS
I Declare that current article is original and has not been submitted for publication, in part or in whole, to any other national or international journal.
The copyrights belong exclusively to the authors. Published content is licensed under Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0) guidelines, which allows sharing (copy and distribution of the material in any medium or format) and adaptation (remix, transform, and build upon the material) for any purpose, even commercially, under the terms of attribution.
Read this link for further information on how to use CC BY 4.0 properly.