Entre o silêncio e a palavra: a autorrepresentação da mulher negra em Úrsula de Maria Firmina dos Reis
Resumo
Este artigo empreende uma análise sobre a autorrepresentação da mulher negra no romance Úrsula, de autoria da maranhense oitocentista Maria Firmina dos Reis. Teve em vista responder à seguinte problemática: de que forma a mulher negra se autorrepresenta em Úrsula? Para tanto, buscou-se contemplar alguns aspectos históricos e sociais concernentes à condição da negritude feminina no país no contexto em que a obra está inserida, além de identificar as formas de silenciamento ou rompimento deste, pela mulher negra na referida obra, como também analisar o olhar afro-feminino presente na narrativa enfatizando a autorrepresentação como forma de transgressão do silenciamento imposto. Trata-se de um trabalho bibliográfico, o qual adotou uma abordagem qualitativa e análise temática de obra literária que serve aos propósitos teóricos iniciais, apoiando-se em autores como Duarte (2018, 2019), Evaristo (2005, 2003); Gonzalez (2020), Miranda (2019) e Orlandi (2007). Os resultados apontam que o silenciamento do ser negro feminino está alicerçado sob a tríade sexo, raça e classe, especialmente os dois primeiros. Isto é, pelas próprias instituições escravocrata e patriarcalista, as quais, irmanadas, delegaram à negra um lugar de não-fala, transgredida, no entanto, pela voz enunciativa da personagem Susana, mulher negra, e da voz que narra a história. Ao assim fazer, marca-se um novo fazer literário: o da autorrepresentação. Este, por sua vez, comprometido politicamente com o resgate da memória e da história real do povo negro, afim de reconstruir ou reafirmar sua identidade cultural.
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