Implementação fonética do foco contrastivo na fala de crianças: Um olhar para instabilidades da aquisição prosódica do Português Brasileiro

Resumen

Teve-se como objetivo descrever a implementação fonética do foco prosódico contrastivo na fala de crianças de dois grupos etários, falantes do Português Brasileiro, a partir da comparação de parâmetros acústicos. Como hipóteses, assumiu-se que: (i) a produção do foco seria marcada pelos parâmetros de duração, frequência fundamental e intensidade; (ii) a posição sintática afetaria a implementação fonética; e (iii) seriam observadas diferenças entre os grupos. Trinta crianças, organizadas em dois grupos etários (4-6 e 7-9 anos) participaram de experimento cuja tarefa elicitou enunciados com foco contrastivo, a partir dos quais realizou-se análise acústica, mensurando valores dos referidos parâmetros. Os resultados mostraram, por um lado, que as crianças diferenciam o foco contrastivo do foco de escopo largo e o marcam por meio de parâmetros considerados robustos para o PB; por outro lado, os resultados mostraram que a implementação fonética foi sensível à posição sintática, sendo a posição de sujeito mais desafiadora; e, por fim, que os grupos se diferenciaram quanto à implementação fonética, com crianças de 4-6 anos ancorando-se menos na duração do que as crianças com 7-9 anos, e mais na intensidade do que essas últimas, enquanto a frequência fundamental marcou a produção de ambos os grupos. Os resultados sugerem que o processo de aquisição do foco é marcado por instabilidades que se explicam tanto por fatores de natureza estrutural quanto pelo refinamento funcional dos parâmetros prosódicos de natureza fonética.

Descargas

La descarga de datos todavía no está disponible.

Citas

Arvaniti, A., & Fletcher, J. (2020). The autosegmental-metrical theory of intonational phonology. In C. Gussenhoven & A. Chen (Eds.), The Oxford handbook of language prosody (pp. 78-95). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780198832232.013.5

Barbosa, P. (2012). Conhecendo melhor a prosódia: Aspectos teóricos e metodológicos daquilo que molda nossa enunciação. Revista de Estudos da Linguagem, 20(1),11-27. http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.20.1.11-27

Barbosa, P., & Madureira, S. (2015). Manual de fonética acústica experimental: aplicações a dados do português. Cortez.

Boersma, P., & Weenink, D. (2022). Praat: doing phonetics by computer [Computer software]. https://www.fon.hum.uva.nl/praat/

Carnaval, M. (2021). Focalização no português do Brasil: Um estudo multimodal [Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro]. https://buscaintegrada.ufrj.br/Record/aleph-UFR01-000926015

Chen, A., Esteve-Gibert, N., Prieto, P., & Redford, M. A. (2020). Development of phrase-level prosody from infancy to late childhood. In C. Gussenhoven & A. Chen (Eds.), The Oxford handbook of language prosody (pp. 553–562). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780198832232.013.35

Chen, A. (2009). The phonetics of sentence-initial topic and focus in adult and child Dutch. In M. C. Vigario, S. Frota, & M. J. Freitas (Eds.), Phonetics and phonology: Interactions and interrelations (pp. 91–106). John Benjamins. https://doi.org/10.1075/cilt.306.05che

Chen, A. (2010). Is there really an asymmetry in the acquisition of the focus-to-accentuation mapping? Lingua, 120(8), 1926–1939. https://doi.org/10.1016/j.lingua.2010.02.012

Chen, A. (2018). Get the focus right across languages: Acquisition of prosodic focus-marking in production. In P. Prieto & N. Esteve-Gibert (Eds.), The development of prosody in first language acquisition (pp. 223-244). John Benjamins Publishing. https://doi.org/10.1075/tilar.23.15che

Diehl, J. J. &, Paul, R. (2009). The assessment and treatment of prosodic disorders and neurological theories of prosody. International Journal of Speech Language Pathology, 11(4), 287-292. http://doi.org/10.1080/17549500902971887

Filipe, M. G., Peppé, S., Frota, S., & Vicente, S. G. (2017). Prosodic development in European Portuguese from childhood to adulthood. Applied Psycholinguistics, 38(5), 1045–1070. https://doi.org/10.1017/S0142716417000030

Frota, S., Cruz, M., Svartman, F., Collischonn, G., Fonseca, A., Serra, C., Oliveira, P., & Vigário, M. (2015). Intonational variation in Portuguese: European and Brazilian varieties. In S. Frota & P. Prieto (Eds.), Intonation in Romance (pp. 235–283). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199685332.003.0007

Gussenhoven, C. (2008). Types of focus in English. In C. Lee, M. Gordon, & D. Büring (Eds.), Topic and focus (Vol. 82, pp. 141–157). Springer. https://doi.org/10.1007/978-1-4020-4796-1_5

Halliday, M. A. K. (1970). Language structure and language function. In J. Lyons (Ed.), New horizons in linguistics (pp. 140-165). Penguin.

Ito, K. (2014). Children’s pragmatic use of prosodic prominence. In D. Matthews (Ed.), Pragmatic development in first language acquisition (pp. 199-218). John Benjamins Publishing.

Jackendoff, R. (1972). Semantic interpretation in generative grammar. MIT Press.

Krifka, M. (2008). Basic notions of information structure. Acta Linguistica Hungarica, 55(3-4), 243-276. https://doi.org/10.1556/ALing.55.2008.3-4.2

Ladd, D. R. (1980). The structure of intonational meaning: Evidence from English. Indiana University Press.

Ladd, D. R. (1996). Intonational phonology. Cambridge University Press.

Lambrecht, K. (1994). Information structure and sentence form: Topic, focus, and the mental representations of discourse referents. Cambridge University Press.

Leite, D. R. (2009). Estudo prosódico sobre as manifestações de foco [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais].

Martínez-Castilla, P., & Peppé, S. (2008). The prosody of focus in Spanish: The case of contrastive focus. In Proceedings of Speech Prosody 2008 (pp. 255–258). International Speech Communication Association.

Moraes, J. A. (2009). Three types of prosodic focus in Brazilian Portuguese: Form and meaning. In Workshop on Prosody and Meaning Abstracts (pp. 59–60). Universitat Autònoma de Barcelona.

Müller, A., Höhle, B., Schmitz, M., & Weissenborn, J. (2006). Focus-to-stress alignment in 4- to 5-year-old German-learning children. In Proceedings of the Generative Approaches to Language Acquisition Conference 2005 (pp. 393–407). University of Potsdam.

Peppé, S., & McCann, J. (2003). Assessing intonation and prosody in children with atypical language development: The PEPS-C test and the revised version. Clinical Linguistics & Phonetics, 17(4–5), 345–354. https://doi.org/10.1080/0269920031000079994

Peppé, S. J. E., Martínez-Castilla, P., Coene, M., Hesling, I., Moen, I., & Gibbon, F. (2010). Assessing prosodic disorder in five European languages. International Journal of Speech-Language Pathology, 12(1), 1-7. https://doi.org/10.3109/17549500903093731

Prieto, P., & Esteve-Gibert, N. (Eds.). (2018). The development of prosody in first language acquisition. John Benjamins Publishing Company.

Roberts, C. (2012). Information structure in discourse: Towards an integrated formal theory of pragmatics. Semantics and Pragmatics, 5. https://doi.org/10.3765/sp.5.6

Romøren, A. S. &, Chen, A. (2021). The acquisition of prosodic marking of narrow focus in Central Swedish. Journal of Child Language, 49(2), 213-238. https://doi.org/10.1017/S0305000920000847

Santos, K. A. dos, Pinheiro, P. I. R., Guida, C. L. S., & Soncin, G. (2023). Focalização prosódica na fala de crianças com desenvolvimento fonológico típico e atípico: análise duracional. Veredas: Revista de Estudos Linguísticos, 27(1), e40928. https://doi.org/10.34019/1982-2243.2023.v27.40928

Serra, C., Callou, D., & Moraes, J. A. de. (2013). A interface fonologia e sintaxe: prosódia e posição do adjetivo. Letras de Hoje, 48(4), 549–556. https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/14011

Soncin, G., Guida, C. L. S., Lima, F. L. C. N., & Berti, L. C. (2024). Diferenças na produção de foco prosódico contrastivo na fala de adultos e de crianças com aquisição fonológica típica e atípica do PB. Filologia e Linguística Portuguesa, 26(2), 375–395. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p375-395

Soncin, G., Pinheiro, P., Guida, C., Santos, K. A., & Freitas, T. (2022). Duração como correlato acústico de foco prosódico no Português do Brasil: Estudo comparativo entre adultos e crianças com desenvolvimento fonológico atípico. Anais do Congresso Brasileiro de Prosódia, 2.

Souza, N. E. V. (2020). Perfil das habilidades prosódicas em crianças e adolescentes com desenvolvimento típico de linguagem [Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília].

Terken, J. &, Hermes, D. (2000). The perception of prosodic prominence. In M. Horne (Ed.), Prosody: Theory and experiment. Studies presented to Gösta Bruce. (pp. 89-127). Springer.

Wells, B., Peppé, S., & Goulandris, N. (2004). Intonation development from five to thirteen. Journal of Child Language, 31(4), 749–778. https://doi.org/10.1017/S030500090400652X

Wonnacott, E. &, Watson, D. G. (2008). Acoustic emphasis in four-year-olds. Cognition, 107(3), 1093-1101. https://doi.org/10.1016/j.cognition.2007.10.005

Yang, A. &, Chen, A. (2018). The developmental path to adult-like prosodic focus-marking in Mandarin Chinese-speaking children. First Language, 38(1), 26–46. http://doi.org/10.1177/0142723717733920

Yano, C. T. &, Svartman, F. F. (2020). Um estudo preliminar sobre a prosódia de construções com tópico e foco no português paulista. Entrepalavras, 10(1), 256-282. http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-11724

Publicado
2025-12-03
Cómo citar
Soncin , G., Guida, C. L. S., & Lima, F. L. de C. N. de. (2025). Implementação fonética do foco contrastivo na fala de crianças: Um olhar para instabilidades da aquisição prosódica do Português Brasileiro. Acta Scientiarum. Language and Culture, 47(2), e76717. https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v47i2.76717
Sección
Dossiê Linguística - "Instabilidades da linguagem"

 

0.1
2019CiteScore
 
 
45th percentile
Powered by  Scopus

 

 

0.1
2019CiteScore
 
 
45th percentile
Powered by  Scopus