ORGANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE: REFLEXÕES À LUZ DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
Resumo
Este trabalho teve por objetivo geral analisar, à luz da Nova Economia Institucional (NEI), os arranjos organizacionais e institucionais evidenciados para obtenção da matéria-prima da indústria brasileira de papel e celulose. Especificamente, pretendeu-se: contextualizar, à luz da NEI, as organizações e as instituições; e descrever as informações relatadas pelas empresas brasileiras de papel e celulose acerca de seus arranjos organizacionais e institucionais na etapa do fornecimento da matéria prima. Para tanto, foram utilizados procedimentos bibliográficos e documentais, em uma abordagem qualitativa, com objetivos descritivos. Foram pesquisadas as empresas do referido setor listadas na B3, a principal bolsa de valores do Brasil. Os dados foram coletados nas informações publicadas pelas empresas em seus sites e relatórios anuais ou de sustentabilidade. Tendo em vista a inter-relação entre organizações e instituições, buscando o desempenho econômico e a adaptação às pressões ambientais, verificou-se que a maior parte da matéria-prima provém de estrutura interna, correspondendo à hierarquia. Apenas a Klabin mantém contratos com fornecedores externos. De todo modo, pela lente da NEI, a definição da melhor estrutura passa por uma análise qualitativa que vai além da simples escolha autônoma, e considera o complexo e dinâmico ambiente institucional.
Downloads
Referências
CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS. CGEE. Centro tecnológico em celulose e papel: proposta de criação. Brasília, 2016. Série Documentos Técnicos.
CIA MELHORAMENTOS DE SÃO PAULO. Melhoramentos florestal. https://www.melhoramentos.com.br/florestal/. Acesso em: 10 nov. 2022.
CIA MELHORAMENTOS DE SÃO PAULO. Relatório de sustentabilidade 2021. Disponível em: https://www.melhoramentos.com.br/wp-content/uploads/2022/05/Relatorio-de-Sustentabilidade-2021.pdf. Acesso em: 10 nov. 2022.
COASE, R. H. The Institutional Structure of Production. The American Economic Review, v. 82, n. 4, p 713-719, set. 1992.
COASE, R. H. The Nature of the Firm. Econômica, v. 4. p. 386–405, nov. 1937.
COASE, R. H. The New Institutional Economics. The American Economic Review, v. 88, p. 72-74, maio 1998.
CRESWELL, J. W.; CRESWELL, J. D. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2021.
CRUBELLATE, J. M.; GRAVE, P. S.; MENDES, A. A. A questão institucional e suas implicações para o pensamento estratégico. Revista de Administração Contemporânea, Edição Especial, p. 37-60, 2004.
DEPARTAMENTO DE PESQUISAS E ESTUDOS ECONÔMICOS. DEPEC. Monitor Setorial Papel e Celulose. DEPEC, 2021. Disponível em: https://www.economiaemdia.com.br/BradescoEconomiaEmDia/static_files/pdf/pt/monitores/setorial/infset_papel_e_celulose.pdf. Acesso em: 08 out. 2022.
DIMAGGIO, P. J.; POWELL, W. W. The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, p. 147-160, abr. 1983.
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAO. FAOSTAT - Forestry production and trade, 2022. Disponível em: http://www.fao.org/faostat/en/#data/FO. Acesso em: 28 out. 2022.
FRANCO, M. P.; BARREIRA, S. A cadeia produtiva da celulose no Brasil. In: MEDINA, G. S.; CRUZ, J. E. (orgs.). Estudos em agronegócio: participação brasileira nas cadeias produtivas - V. 5. Goiânia-GO: Kelps, 2021. p. 149-172.
GRESSLER, L. A. Introdução à pesquisa: projetos e relatórios. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2004.
INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES. IBÁ. Relatório Anual 2021. IBA, 2022. https://www.iba.org/datafiles/publicacoes/relatorios/relatorioiba2021-compactado.pdf. Acesso em: 14 out. 2022.
KLABIN. Florestal. Disponível em: https://klabin.com.br/negocios-e-produtos/florestal. Acesso em: 10 nov. 2022.
KLABIN. Relatório de sustentabilidade 2021. Disponível em: https://klabin.com.br/documents/400373575/0/klabin_RS2021_PT.pdf/edf6a67b-26db-df4e-8967-579c51296aa6?t=1656683856887. Acesso em: 10 nov. 2022.
KUMAR, A; DAS, N. Sustainability Reporting Practices in Emerging Economies: A Cross-Country Study of BRICS Nations. Problemy Ekorozwoju – Problems of Sustainable Development, v.13, n.2, p. 17-25, 2018.
LI, N.; TOPPINEN, A. Corporate responsibility and sustainable competitive advantage in forest-based industry: complementary or conflicting goals? Forest Policy and Economics, v.13, n.2, p.113–123, 2011.
MENARD, C. Embedding organizational arrangements: towards a general model. Journal of Institutional Economics, v. 10, n. 4, p. 567-589, 2014.
MENARD, C. Plural forms of organizations: where do we stand? Managerial and Decision Economics, v.34, n.3-5, p. 124-139, 2013.
MENARD, C. Research frontiers of new institutional economics. RAUSP, v.53, p.3-10, 2018.
MEYER, J. W.; ROWAN, B. Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, v. 83, n. 2, p. 340-363, set. 1977.
MIKKILÄ, M.; TOPPINEN, A. Corporate responsibility reporting by large pulp and paper companies. Forest Policy and Economics, v. 10, p. 500-506, 2008.
MONTEBELLO, A. E. S.; BACHA, C. J. C. Impactos da reestruturação do setor de celulose e papel no Brasil sobre o desempenho de suas indústrias. Estudos Econômicos. São Paulo, v. 43, n.1, p.109-137, Jan./Mar, 2013.
MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. F. G. Teoria Geral da Administração. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2021.
MOURA, J. M.; SOUZA, T. M.; LOURENÇO, G. Z.; VILLEGAS, T. A. Análise da eficiência energética em segmentos industriais selecionados: papel e celulose. Empresa de Pesquisa Energética - EPE, 2018.
NORTH, D. C. Institutions. The journal of economic perspectives, v.5, n.1, p. 97-112, 1991.
PIOTTO, Z. C. Eco-eficiência na Indústria de Celulose e Papel - Estudo de Caso. 2003. 357f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
OSTROM, E. Reflexions on the commons. In: OSTROM, E. The evolution of Institutions for collective action, Cambridge: Cambridge University Press, 1990, p. 1-28.
POPPO, L.; ZENGER, T. Do formal contracts and relational governance function as substitutes or complements? Strategic Management Journal, v.23, 2002, p. 707-725.
RAYNAUD, E.; SCHNAIDER, P.S.B.; SAES, M.S.M. Surveying the economics of plural modes of organization. Journal of Economics Surveys, v.33, n.4, p. 1151-1172, 2019.
SCOTT, W. R. Institutional theory: contributing to a theoretical research program. In: Great minds in management: the process of theory development. Oxford: Oxford Univ. Press, ISBN 0-19-9276, p. 460-484, 2005.
SELZNICK, P. A liderança na administração: uma interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1972.
SILVA, L. E.; FARIAS, T. A. Uma revisita a Ronald. H. Coase. Revista de Desenvolvimento Econômico, v. 3, n. 35, p. 860-874, dez. 2016.
SOUZA-FILHO, H.M.; MIRANDA, B.V. Asset specificity, intensity of coordination, and the choice of hybrid governance structures. Journal Agribusiness in Developing and Emerging Economies, v. 9, n. 2, 2019, p. 139-158.
SUZANO. Nossa cadeia produtiva. Disponível em https://www.suzano.com.br/a-suzano/cadeia-produtiva/. Acesso em: 10 nov. 2022.
SUZANO. Relatório anual 2021. Disponível em: https://www.suzano.com.br/r2021/src/pdf/RA_Suzano_2021.pdf. Acesso em: 10 nov. 2022.
TELLES, R. A efetividade da matriz de amarração de Mazzon nas pesquisas em Administração. Revista de Administração, v. 36, n. 4, p. 64–72, 2001.
WILLIAMSON, O. E. Comparative economics organization: the analysis of discrete structural alternatives. Administrative Science Quarterly, v. 26, n.2, p. 269-296, 1991.
WILLIAMSON, O. E. The economic institutions of capitalism. New York: The Free Press, 1985.
WILLIAMSON, O. The theory of the firm as governance structure: from choice to contract. Journal of Economic Perspective, v.16, n.3, p. 171-195, 2002.
ZYLBERSZTAJN, D. O papel dos contratos na coordenação agro-industrial: um olhar além dos mercados. RER, v. 43, n. 3, p. 385-420, jul/set, 2005.
Os autores podem manter os direitos autorais pelo seu trabalho, mas repassam direitos de publicação à revista Caderno de Administração. A revista poderá usar o trabalho para fins não-comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho em bases de dados de Acesso Livre.