REFLEXÕES SOBRE A CASA DOS MORTOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: AS PRISÕES BRASILEIRAS

  • Vanessa Andrade Barros Universidade Federal da Paraíba
  • Carolyne Reis Barros Universidade Federal de Minas Gerais

Resumen

O objetivo deste breve ensaio é refletir sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 nas prisões brasileiras e suas repercussões no cotidiano das famílias das pessoas encarceradas. Descrevemos inicialmente as condições deletérias dessas prisões, dentre as quais a superlotação, a ausência de atendimento adequado à saúde, o ambiente insalubre e a falta de condições para o cuidado e higiene pessoal, o que acelera o contágio em uma instituição hermética, à mercê de decisões governamentais que sustentam tal condição degradada representando grande risco social. Neste contexto alertamos para a situação de extermínio da juventude presa e discutimos a decisão de suspender visitas de familiares e advogados(as) aos detentos e detentas sem propor formas alternativas de comunicação. Isso constitui um tratamento degradante e cruel tanto para a população prisional quanto para seus familiares, os quais padecem da falta de notícias e são impedidos de prover o essencial que o estado reiteradamente deixa faltar. Concluímos pela observação de que não há esperança para um país que permite a existência de tal situação.

 

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Biografía del autor/a

Vanessa Andrade Barros, Universidade Federal da Paraíba

Psicóloga, doutora em sociologia pela Université de Paris 7/ Paris, com pós doutorado em Psicologia do Trabalho no Conservatorie National des Arts et Métiers – CNAM/ Paris. Professora pesquisadora do programa de pós graduação em Psicologia da UFMG, professora visitante no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social - Universidade Federal da Paraíba.

Carolyne Reis Barros, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente coordena o Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Cárcere e Direitos Humanos. Doutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (2017). Mestra em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (2011) e Psicóloga formada pela mesma instituição (2008). Foi professora substituta do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e do Departamento de Psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Foi coordenadora e professora do curso de Psicologia da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR). Foi professora da Academia do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Foi diretora do Instituto DH: pesquisa, promoção e intervenção em Direitos Humanos e Cidadania e coordenadora do curso de Pós-Graduação lato sensu em Direitos Humanos e Cidadania, promovido pelo Instituto DH em parceria com o Instituto São Tomás de Aquino (ISTA). Foi membro do Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo (Comitrate). Atuou como Coordenadora Executiva de várias pesquisas e cursos de formação em Direitos Humanos voltados para agentes públicos e lideranças comunitárias.

Citas

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Publicado
2020-06-05
Cómo citar
Andrade Barros, V., & Reis Barros, C. (2020). REFLEXÕES SOBRE A CASA DOS MORTOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: AS PRISÕES BRASILEIRAS. Caderno De Administração, 28, 95-99. https://doi.org/10.4025/cadadm.v28i0.53651
Sección
Instituições, Coletivos e Vida Pessoal