“Nada é tão ruim que não possa piorar”: efeitos da reconfiguração dos passivos contingentes no desempenho econômico-financeiro dos clubes de futebol brasileiros
Resumo
Este estudo teve como objetivo verificar os efeitos da reclassificação de passivos contingentes no desempenho econômico-financeiro dos clubes de futebol brasileiros. A partir de um estudo de levantamento com uma amostra de 18 clubes e usando dados de 2011 a 2018, sustentando-se na pesquisa de Carmo, Ribeiro e Mesquita (2018), os efeitos da reclassificação dos passivos contingentes nos indicadores de endividamento, liquidez, lucratividade e rentabilidade foram analisados por meio da estatística G de Hedge. Os resultados demonstram crescimento no número de clubes que divulgam passivos contingentes no período (de 6 para 17), bem como expressivo aumento no valor destes (cerca de 1200%). Em quantidade, as contingências trabalhistas foram as mais citadas pelos clubes (54 vezes), todavia, em termos monetários, destacam-se as cíveis (R$ 2,20 bilhões) e aquelas sem natureza discriminada (R$ 2,65 bilhões). Ademais, passivos contingentes, se realizados, afetam significativamente a lucratividade e a rentabilidade das equipes, reforçando sua importância para a análise econômico-financeira em clubes de futebol, pois, apesar de não constarem no Balanço Patrimonial, sua possível realização pode impactar a gestão de administrações futuras e como consequência afetar a continuidade da organização.
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