Pedagogias da Congada:

no “cruzo” de saberes e ancestralidades em disputa

  • Aline Guerra da Costa Universidade Federal de Lavras
Palavras-chave: Pedagogias Culturais; Identidade Racial; Cultura Afro-brasileira

Resumo

A Congada é uma festa popular brasileira, em que as/os participantes saem às ruas com seus tambores, danças e cantos em louvor a seus santos de devoção. Este trabalho tem como objetivo demonstrar como a festa da Congada de Lambari/MG pode ser considerada lugar de produção de saberes e de (re)invenção das identidades negras pós-diaspóricas e de que maneiras esses saberes estão em disputa no interior do movimento congadeiro. A ancestralidade é de importância vital para as/os congadeiras/os, mas é acionada por elas/eles de formas diferentes, quando não opostas. A festa é oficialmente católica, mas a presença de pessoas de religião de matriz africana, notadamente a Umbanda, é significativa, sendo motivo para disputas de narrativas e de espaços de afirmação de identidades. Este estudo tem seu referencial na teoria pós-estruturalista e se utiliza do conceito das Pedagogias Culturais para realizar suas análises.

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Biografia do Autor

Aline Guerra da Costa, Universidade Federal de Lavras

Licenciada em História pela Universidade Cândido Mendes (2012) e mestra em Educação, na Universidade Federal de Lavras (2020). Sob orientação do Prof. Dr. Fábio Pinto Gonçalves dos Reis desenvolveu a pesquisa "Pedagogias da Congada no contexto de produção das identidades, diferenças, territórios e saberes em Lambari/MG". É professora efetiva da educação básica da Escola Estadual Profª Maria Rita Lisboa Pereira Santoro em Lambari, Minas Gerais. Na graduação participou de Programa de Iniciação Científica sobre trauma histórico no Brasil (Escravidão e Ditadura Civil-Militar de 1964) e sua monografia tratou da formação da cidadania e suas correlações com os mecanismos de coerção e consenso no Brasil do início do século XX. É integrante do grupo de pesquisa FESEX - Relações entre filosofia e educação para a sexualidade na contemporaneidade: a problemática da formação docente, coordenado pelo professor Fábio Pinto Gonçalves dos Reis na Universidade Federal de Lavras. É vice-presidente do Museu Dr. Américo Werneck, que guarda o acervo com memórias e objetos colecionados por Nascime Bacha, memorialista da cidade de Lambari (MG). O museu também atua nas escolas da região, executando ações educativas nas áreas de história, memória coletiva e meio-ambiente. É integrante com Grupo de Trabalho Nacional "Emancipações e Pós-Abolição" com historiadores de diversas universidades do Brasil, cujo objetivo principal é fomentar o debate acadêmico e a divulgação ao grande público de pesquisas que versam das temáticas: História Pública, Memória, Pós-Abolição, Festas Populares e Identidade e lutas negras. Foi co-criadora do Projeto "Trem de Ler", clube de leitura que incentiva a leitura e a discussão de temas os mais variados, suscitados pela literatura clássica e moderna através de autores brasileiros e estrangeiros. 

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AUTOR/A. Pedagogias da congada no contexto de produção das identidades, diferenças, territórios e saberes em Lambari - MG. (Dissertação de Mestrado em Educação). Universidade Federal de Lavras – Minas Gerais, 2020.

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Publicado
2020-11-13
Como Citar
Costa, A. G. da. (2020). Pedagogias da Congada: . Revista Espaço Acadêmico, 20(225), 25-36. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/54048
Seção
DOSSIÊ - Pensar Negro: ancestralidades e práticas de saber(es)