Caminhos possíveis para uma história escolar da Primeira República “vista desde baixo”:
as experiências das classes e dos grupos subalternos
Resumo
A intenção deste texto é apontar alguns caminhos possíveis para uma história escolar da Primeira República “vista desde baixo”. São destacados conteúdos que se relacionam a como as classes e os setores subalternos desta sociedade (povos originários, população negra, classe trabalhadora, mulheres e camponeses) lidaram com os desafios sociais de então, com ênfase nas lutas por direitos civis, políticos e sociais que moldaram a história do período. Também são sugeridas algumas estratégias didáticas para trabalhar esses conteúdos em sala de aula. Com isso, esperamos contribuir para a necessária transformação das narrativas “desde cima”, que ainda tem grande peso nos currículos e materiais didáticos sobre a Primeira República, substituindo-as por narrativas que deem voz e protagonismo a tais setores e colaborar, assim, para a construção de uma educação emancipatória.
Downloads
Referências
BERDU, L. A Sociedade de Resistência dos Trabalhadores em Trapiche e Café no Rio de Janeiro: novos questionamentos para incontornáveis debates (1904-1913). Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 12, p. 1-20, 2020.
BITTENCOURT, C. Abordagens Históricas Sobre a História Escolar. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 36, n.1, p. 83-104, jan./abr., 2011.
BRITO, E. O ensino de história como lugar privilegiado para o estabelecimento de um novo diálogo com a cultura indígena nas escolas brasileiras de nível básico. Fronteiras, Dourados, MS, v. 11, n. 20, p. 59-72, jul./dez. 2009.
CANEZIN, C. A mulher e o casamento: da submissão à emancipação. Revista Jurídica CESUMAR, v. 4, n. 1, p. 143-156, 2004.
CARVALHO, J. M. de. Entrevista. Entrevistador: Carlos Haag. Um antídoto contra a bestialização republicana. Revista Pesquisa FAPESP, n. 115, 2005. Disponível em https://revistapesquisa.fapesp.br/um-antidoto-contra-a-bestializacao-republicana/. Acessado em 17.01.2023.
CARVALHO, J. M. de. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 2019.
CUNHA, M. C. da. Introdução a uma história indígena. In _____ (org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
FREITAS, M. Indígenas e ferrovias na belle époque brasileira: a Noroeste do Brasil, a Ferrovia de Itajaí e a Vitória-Minas. In VILELA, M. (org.). Anais do 30º Simpósio Nacional de História. Recife: Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil, 2019.
GOMES, F. Histórias de quilombolas. Mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.
HAHNER, J. E. Emancipação do sexo feminino. A luta pelos direitos da mulher no Brasil, 1850-1940. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2003.
HOBSBAWM, E. A história de baixo para cima. In _____. Sobre História. São Paulo: Cia. das Letras, p. 216-231, 2011b.
HOBSBAWM, E. Da história social à história da sociedade. In _____. Sobre História. São Paulo: Cia. das Letras, p. 83-105, 2011a.
KARAWEJCZYK, M. A FBPF e a luta pelo voto feminino no Brasil - anos decisivos. Que República é essa? Portal de estudos do Brasil Republicano, 18/03/2019. Disponível em http://querepublicaeessa.an.gov.br/temas/147-o-voto-feminino-no-brasil.html. Acessado em 18.01.2023.
KARAWEJCZYK, M. O Feminismo em Boa Marcha no Brasil! Bertha Lutz e a Conferência pelo Progresso Feminino. Revista Estudos Feministas, v. 2, n. 26, 2018.
KAYAPÓ, E.; BRITO, T. A pluralidade étnico-cultural indígena no Brasil: o que a escola tem a ver com isso? Caicó, v. 15, n. 35, p. 38-68, jul./dez. 2014.
LOPREATO, C. O espírito da revolta: a greve geral anarquista de 1917. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2000.
MACEDO, A. V. L. S.; FARAGE, N. Construção de histórias, ensino de história: algumas propostas. In SILVA, A. L.; FERREIRA, M. K. L. F. Práticas pedagógicas na escola indígena. São Paulo: Global, p. 185-207, 2001.
MATTOS, M. B. Trabalhadores e sindicatos no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
MATTOS, M. B. Escravizados e livres: experiências comuns na formação da classe trabalhadora carioca. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2008.
MONTEIRO, J. et al. Índios em São Paulo: resistência e transfiguração. São Paulo: Yakatu, 1984.
MOURA, R. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1983.
NEGRO, A. L.; GOMES, F. As greves escravas, entre silêncios e esquecimentos. Blog Outras Palavras, 14.07.2016. Disponível em https://outraspalavras.net/sem-categoria/entre-silencios-e-esquecimentos-as-greves-dos-trabalhadores-negros/. Acessado em 17.01.2023.
REIS, J. J. Ganhadores: a greve negra de 1857 na Bahia. São Paulo: Cia. das Letras, 2019.
SEVCENKO, N. A Revolta da Vacina. Mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: EdUnesp, 2018.
TOMPSON, E. P. A história vista de baixo. In: _____. As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. São Paulo: UNICAMP, p. 185-201, 2001.
WESTIN, R. Há 170 anos, Lei de Terras oficializou opção do Brasil pelos latifúndios. ARQUIVOS, n. 71, 14.09.2020. Disponível em https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/ha-170-anos-lei-de-terras-desprezou-camponeses-e-oficializou-apoio-do-brasil-aos-latifundios. Acessado em 18.01.2023.

Copyright (c) 2023 Marcio Lauria Monteiro (Autor)

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial 4.0 (CC BY-NC 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, exceto os comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.