Século XVI:

globalização do capitalismo, reificação da natureza e a legitimação epistêmica da modernidade

  • Fábio Cardoso Lopes FATEC
Palavras-chave: Modernidade/colonialidade. Epistemologia. Degradação ambiental. Necropolítica. Desigualdade.

Resumo

A imposição das estruturas de controle e administração pelas nações europeias colonizadoras teve um impacto profundo e duradouro na vida dos povos colonizados, incluindo indígenas e afrodiaspóricos. Essa dominação define os espaços e funções de cada grupo dentro das estruturas de poder autoritárias e violentas, reservando a priori certos lugares e funções a ocupantes preferenciais. A proposta deste ensaio teórico é problematizar essa lógica colonial, iniciada no século XVI, que perpetua distinções e subalternidades arraigadas na diferença colonial, agora atualizada na colonialidade. A estrutura metodológica engloba as discussões com o coletivo modernidade/colonialidade, além de outros autores e autoras que problematizam a vinculação e as ressonâncias do período da colonização, que ainda reverberam e impactam diversas vidas. Observamos que a educação colonialista moldou atores e formas de pensar que mantêm um modelo societário beneficiando uma classe específica através de privilégios e exclusões, enquanto a maioria é privada de oportunidades iguais. Esse modelo educativo hegemônico e racista está intimamente ligado aos resquícios da colonização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fábio Cardoso Lopes, FATEC

Psicólogo; Doutorando e Mestre em Psicologia Social e Processos Institucionais (PPGPSI – UEL); Especialista em Neuropsicopedagogia; Especialista em Educação Especial; Especialista em Psicopedagogia.

Referências

BERNARDINO-COSTA, J.; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, p. 15-24, 2016. DOI: 10.1590/S0102-69922016000100002.
BOSI, A. A dialética da colonização. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1992.
CORONIL, F. Natureza do pós-colonialismo: do eurocentrismo ao globocentrismo. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, Argentina: Colección Sur-Sur, Clacso, 2005. p. 50-62.
ESCOBAR, A. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento? In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, Argentina: Colección Sur-Sur, Clacso, 2005. p. 63-79.
GROSFOGUEL, R. Izquierdas e izquierdas otras: entre el proyecto de la izquierda eurocêntrica y el proyecto transmoderno de las nuevas izquierdas descoloniales. Tábula Rasa, Bogotá, n. 11, p. 9-29, 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/396/39617332001.pdf. Acesso em: 15 ago. 2024.
GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, Brasília, DF, v. 31, n. 1, p. 25-49, 2016. DOI: 10.1590/S0102-69922016000100003.
GROSFOGUEL, R. Para uma visão decolonial da crise civilizatória e dos paradigmas da esquerda ocidentalizada. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2018. p. 62-88.
LIMA, A. B. Considerações teórico-metodológicas acerca de uma psicologia social localizada nos cotidianos. In: HELOANI, R.; SOUZA, M. B.; RODRIGUES, R. R. J. (Orgs.). Sociedade em Transformação: estudo das relações entre trabalho, saúde e subjetividade. v. 2. Londrina, PR: Eduel, 2015. p. 59-72.
MALDONADO-TORRES, N. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2018. p. 31-61.
MANSANO, S. R. V.; LIMA, A. B.; NALLI, M. As expropriações da vida indígena no Brasil: uma análise biopolítica. Revista Psicologia em Pesquisa, Juiz de Fora, v. 17, n. 1, p. 1-24, 2023. DOI: 10.34019/1982-1247.2023.v17.35183.
MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Trad. M. Lança. Lisboa, Portugal: Antígona, 2014.
MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Trad. R. Santini. São Paulo, SP: n-1 edições, 2018.
MIGLIEVICH-RIBEIRO, A. M. Intelectuais, diáspora e cultura: por uma crítica antimoderna e pós-colonial. Mouseion, Uberlândia, v. 1, n. 12, p. 44-55, 2012. DOI: 10.18316/402.
MIGNOLO, W. D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 1-18, 2017. DOI: 10.17666/329402/2017.
MUNANGA, K. Superando o racismo na escola. 2. ed. rev. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
NOGUERA, R.; DUARTE, V.; SANTOS RIBEIRO, M. dos. Afroperspectividade no ensino de filosofia: possibilidades da Lei 10.639/03 diante do desinteresse e do racismo epistêmico. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v. 28, n. 45, p. 434-451, 2019. DOI: 10.32334/oqnfp.2019n45a693.
OLIVEIRA, D. de. A violência estrutural na América Latina na lógica do sistema da necropolítica e da colonialidade do poder. Revista Extraprensa, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 39-57, 2018. DOI: 10.11606/extraprensa2018.145010.
PORTO-GONÇALVES, C. W. A geograficidade do social: uma contribuição para o debate metodológico para o estudo de conflitos e movimentos sociais na América Latina. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros, [online], v. 1, n. 3, p. 5-26, 2006. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/RevAGB/article/view/1344. Acesso em 14 jun. 2024.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, Argentina: Colección Sur-Sur, Clacso, 2005. p. 107-130.
QUIJANO, A. Colonialidade, Poder, Globalização e Democracia. Revista Novos Rumos, São Paulo, v. 37, p. 4-28, 2022. DOI: 10.36311/0102-5864.17.v0n37.2192.
ROUGIER, C. B.; COLIN, P.; PASSARIN, D. V. Do universal ao pluriversal: questões e desafios do paradigma decolonial. Revista X, Curitiba, v. 16, n. 1, p. 148-158, 2021. DOI: 10.5380/rvx.v16i1.78171.
SANTOS, B. de S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
SANTOS, M. Por uma nova globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2010.
SODRÉ, M. Reinventando a educação: diversidade, descolonização e redes. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
SOUZA, J. Como o racismo criou o Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Estação Brasil, 2021.
Publicado
2025-09-27
Como Citar
Lopes, F. C. (2025). Século XVI:. Revista Espaço Acadêmico, 25(249), 74-87. Recuperado de https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/74782