A PRÁTICA DE MEDICALIZAÇÃO DOS/AS “DIFERENTES” NO CURRÍCULO PARA GARANTIR UMA PEDAGOGIA DIRECIONADA PARA O GRUPO

Palavras-chave: Currículos; Medicalização na infância; Diferença; TDAH.

Resumo

O artigo analisa o funcionamento da prática medicalizante nos currículos destinados aos 6° e 7° anos do ensino fundamental, de duas escolas de Belo Horizonte, sendo uma escola da rede privada de ensino e a outra escola da rede pública. Nos currículos aqui investigados essa prática é acionada, fazendo uso de uma aliança estratégica entre o discurso médico e o discurso pedagógico para lidar com determinadas crianças nas escolas. Trata-se de uma prática que produz efeitos tanto nos currículos quanto nos corpos dos estudantes. O argumento aqui desenvolvido é o de que a prática medicalizante funciona produzindo o raciocínio de que a medicação é um pré-requisito para que a aprendizagem dos/as alunos/as diagnosticados/as com TDAH seja otimizada, de modo que uma pedagogia direcionada ao grupo funcione. Contudo há conflitos na implementação dessa prática nos currículos investigados. Afinal, verificamos que alguns estudantes acionam a estratégia da subversão da medicação porque questionam os efeitos dela em seus corpos, em seu aprender e em suas relações sociais. Isso evidencia a urgência de se encontrar outras maneiras de lidar com a diferença no currículo.

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Biografia do Autor

Rhaissa de Alvarenga Coelho Martins, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Currículos Culturas, Diferença (GECC- FaE- UFMG). 

Marlucy Alves Paraíso, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Currículos Culturas, Diferença (GECC-FaE-UFMG).

 

 

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Publicado
2023-09-23
Como Citar
Martins, R. de A. C., & Paraíso, M. A. (2023). A PRÁTICA DE MEDICALIZAÇÃO DOS/AS “DIFERENTES” NO CURRÍCULO PARA GARANTIR UMA PEDAGOGIA DIRECIONADA PARA O GRUPO. Imagens Da Educação , 13(3), 47-67. https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v13i3.65537