A PRÁTICA DE MEDICALIZAÇÃO DOS/AS “DIFERENTES” NO CURRÍCULO PARA GARANTIR UMA PEDAGOGIA DIRECIONADA PARA O GRUPO
Resumo
O artigo analisa o funcionamento da prática medicalizante nos currículos destinados aos 6° e 7° anos do ensino fundamental, de duas escolas de Belo Horizonte, sendo uma escola da rede privada de ensino e a outra escola da rede pública. Nos currículos aqui investigados essa prática é acionada, fazendo uso de uma aliança estratégica entre o discurso médico e o discurso pedagógico para lidar com determinadas crianças nas escolas. Trata-se de uma prática que produz efeitos tanto nos currículos quanto nos corpos dos estudantes. O argumento aqui desenvolvido é o de que a prática medicalizante funciona produzindo o raciocínio de que a medicação é um pré-requisito para que a aprendizagem dos/as alunos/as diagnosticados/as com TDAH seja otimizada, de modo que uma pedagogia direcionada ao grupo funcione. Contudo há conflitos na implementação dessa prática nos currículos investigados. Afinal, verificamos que alguns estudantes acionam a estratégia da subversão da medicação porque questionam os efeitos dela em seus corpos, em seu aprender e em suas relações sociais. Isso evidencia a urgência de se encontrar outras maneiras de lidar com a diferença no currículo.
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