ENSINO DE CIÊNCIAS E COSMOVISÕES ORIGINÁRIAS

UMA TRAVESSIA ENTRE AS ROTAS CURRICULARES OFICIAIS E A PRODUÇÃO DE CAMINHOS OUTROS

Palavras-chave: Megamáquina capitalista; Maquinarias; Povos Originários; Infância

Resumo

Currículos oficiais são pensados e organizados em um tempo histórico e social, parte de maquinarias que podem agir de maneira a reiterar a lógica social, política e econômica vigente ou romper com essa lógica inspirando novos modos de vida. O papel mais comum de um currículo é traçar uma rota que seja capaz de indicar um arcabouço mínimo de conteúdos, práticas e saberes a fim de que todos alunos e alunas possam ter suposta igualdade de direitos de aprendizagem. Entretanto, ao estabelecer esse escopo básico, o currículo pode atuar como máquina de rostidade produzindo identidades únicas e padronizadas. Assim, a partir de uma breve leitura crítica de alguns currículos oficiais (Base Nacional Comum Curricular - BNCC e Currículo da Cidade - Educação Infantil) objetiva-se pensar alguns conceitos como: megamáquina capitalista, máquina educacional e de rostidade com foco no ensino de ciências; e ainda, refletir como o Ensino de História Das Ciências pode contribuir para pensar possibilidades de criação de novas pedagogias e de uma educação menor por meio de uma descolonização curricular juntamente com a educação indígena e os povos originários.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Camila Valerio Ramos da Silva, Universidade Federal do ABC - UFABC

Mestranda em Ensino e História das Ciências e da Matemática pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Bacharela e Licenciada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino de São Paulo – RME-SP.

Allan Moreira Xavier, Universidade Federal do ABC - UFABC

Doutor em Ciência e Tecnologia/Química pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências e da Matemática da Universidade Federal do ABC. Coordenador do LinDES - Laboratório de investigações pelas Dissidências: Educação e Subjetividades.

Referências

ACEVEDO, J. A. et. al. Mitos da didática das ciências acerca dos motivos para incluir a natureza da ciência no ensino das ciências. Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 1-15, 2005
ALVIM, Marcia Helena; OLIVEIRA, Zaqueu. Dimensões da abordagem histórica no Ensino de Ciências e de Matemática. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 38, n. 1, p. 742-774, 2021
ALVIM, Márcia Helena; ZANOTELLO, Marcelo. História das ciências e educação científica em uma perspectiva discursiva. Revista Brasileira de História da Ciência, [S.L.], v. 7, n. 2, p. 349-359, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018
CACHAPUZ, A.; PRAIA, J.; JORGE, M. Da Educação em Ciências às orientações para o ensino das Ciências: um repensar epistemológico. Ciência & Educação, v. 10, n. 3, p. 363-381, 2004
CARVALHO, Janete Magalhães; SILVA, Sandra Kretli; DELBONI, Tânia Mara Zanotti Guerra Frizzera. A Base Nacional Comum Curricular e a Produção Biopolítica da Educação como formação de ''Capital Humano”. Revista e-Curriculum, n.2, vol. 15, 2017, p. 481-503
COHN, Clarice. Antropologia da criança. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 1974.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2. (V.3) 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2012.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2. (V.1) 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. São Paulo: Editora 34, 2010.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: o nascimento da prisão. 20ª ed. São Paulo: Vozes, 1999
GALLO, Silvio. Em torno de uma Educação Menor. Educação e Realidade. n.27, v.2, p. 169-178, jul./dez. 2002.
GALLO, Silvio; MONTEIRO, Alexandria. Educação menor como dispositivo potencializador de uma escola outra. REMATEC: Revista de Matemática, Ensino e Cultura. Ano 15, n.33, p. 9 -30, 2020
GANDOLFI, Haira Emanuela; FIGUEIRÔA, Silvia Fernanda de Mendonça. As nitreiras no Brasil dos séculos XVIII e XIX. Revista Brasileira de História da Ciência, [S.L.], v. 7, n. 2, p. 279-297, 2014.
HÖTTECKE, D.; SILVA, C. C. Why implementing history and philosophy in school science education is a challenge: an analysis of obstacles. Science & Education, n. 20, p. 293-316, 2011.
KOPENAWA, Davi; BRUCE, Albert. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
KRAMER, Sonia. Privação cultural e educação compensatória: uma análise crítica. Cadernos de Pesquisa, v. 42, p. 54–62, 2013. Recuperado de https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/1550
MATTHEWS, M. R. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 12, n. 3, p. 164-214, Florianópolis, 1995.
OLIVEIRA, Maria Aparecida Mendes; BERNAL, Jorge Isidro Orjuela. Educação para Indígenas e Escolas Indígenas dos Guarani e Kaiowá: um olhar crítico. REMATEC: Revista de Matemática, Ensino e Cultura, n. 33, p 95-111, 2020
PRAIA, J.; GIL-PÉREZ, D.; VILCHES, A. O papel da natureza da ciência na educação para a cidadania. Ciência & Educação, v. 13, n. 2, p. 141-156, 2007.
ROLNIK, Suely. Esferas da Insurreição: Notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n-1 edições, 2018.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências*. Revista Crítica de Ciências Sociais, [S.L.], n. 63, p. 237-280, 1 out. 2002. OpenEdition. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4000/rccs.1285. Acesso em: 8 dez. 2021.
SANTOS, Zamara Araújo dos. Entre máquinas: a produção maquínica de Deleuze e Guattari. Revista Trágica: estudos de filosofia da imanência, Rio de Janeiro, v. 14, nº 2, pp. 55-73, 2021.
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: Educação Infantil. – São Paulo: SME / COPED, 2019.
Teixeira, Paulo Marcelo Marini; Neto, Jorge Megid. A Produção Acadêmica em Ensino de Biologia no Brasil – 40 anos (1972–2011): Base Institucional e Tendências Temáticas e Metodológicas. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, v.17, n.2, p.521–549, 2017. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2017172521
TIRIBA, Léa; PROFICE, Christiana Cabicieri. CRIANÇAS TUPINAMBÁ: rios, colinas, bancos de areia e matas como lugares do brincar cotidiano. Revista Teias, v. 19, n. 52, p. 28-47, 2018. http://dx.doi.org/10.12957/teias.2018.30926.
WALSH, Catherine; OLIVEIRA, Luis Fernandes de; CANDAU, Vera Maria. Colonialidade e pedagogia decolonial: Para pensar uma educação outra. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, v.26, n. 83, 2018
Publicado
2023-09-23
Como Citar
Silva, C. V. R. da, & Xavier, A. M. (2023). ENSINO DE CIÊNCIAS E COSMOVISÕES ORIGINÁRIAS. Imagens Da Educação , 13(3), 180-200. https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v13i3.65588