INDIGENIZAR CURRÍCULOS PARA PROMOVER LÍNGUAS INDÍGENAS

O DESAFIO DAS LICENCIATURAS INTERCULTURAIS

Palavras-chave: línguas indígenas; português indígena; formação de professores indígenas; percursos acadêmicos.

Resumo

O curso Formação Intercultural para Educadores Indígenas da Universidade Federal de Minas Gerais tem como um de seus componentes curriculares o percurso acadêmico. Trata-se de uma investigação realizada pelo estudante indígena durante os quatros anos de sua formação, sob a orientação de um docente da universidade, que tematiza assuntos de interesse das comunidades indígenas. Em face da relevância da pesquisa produzida pelos universitários indígenas, este artigo discute o papel do percurso acadêmico na promoção e valorização das línguas faladas por povos indígenas. A análise, de cunho qualitativo, busca compreender como estudantes indígenas mobilizam nos textos acadêmicos as línguas em uso por seus povos. São examinados dois percursos acadêmicos, de uma universitária Xakriabá (Santos, 2020) e de um universitário Maxakali (Flávio Maxakali, 2018). Os resultados mostram a indigenização dos textos acadêmicos produzidos pelos universitários. Espera-se que a discussão realizada contribua para o debate sobre as línguas indígenas na universidade.

 

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Biografia do Autor

Maria Gorete Neto, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Publicado
2024-03-26
Como Citar
Neto, M. G. (2024). INDIGENIZAR CURRÍCULOS PARA PROMOVER LÍNGUAS INDÍGENAS. Imagens Da Educação , 14(1), 18-36. https://doi.org/10.4025/imagenseduc.v14i1.65626
Edição
Seção
Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores