CONJUGALIDADE E HIV/AIDS: A DESMESURA DO AMOR E A DELICADEZA DA DOR
Resumo
Este trabalho objetiva aprofundar o entendimento sobre os impactos subjetivos do diagnóstico de soropositividade para HIV/Aids, tanto para o sujeito, ao se descobrir portador do vírus, quanto para o seu parceiro. Participou desta pesquisa um casal homossexual masculino, que mantinha relacionamento afetivo-sexual consensualmente aberto e não preventivo, que descobriu que um de seus membros tinha HIV/Aids. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram a entrevista semidirigida, a observação participante e o diário de campo. O discurso do casal foi compreendido a partir da analítica descritiva, na perspectiva foucaultiana. Os resultados evidenciaram que o diagnóstico de infecção pelo HIV foi um momento doloroso, de agonia e profunda tristeza, mas que, por outro lado, permitiu a ressignificação e construção de um novo estilo de vida. Procurou-se pensar o HIV/Aids para além de uma doença do corpo, mas como uma prática discursiva produtora de subjetividade, entrelaçada às relações sociais e atravessamentos históricos e culturais.
Downloads
Referências
Dantas, M. M. F. (2014). A experiência da paliação: um olhar a partir do modo próprio de subjetivar-se diante do adoecer. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, Universidade Católica de Pernambuco, Recife.
Fontella, B. J. B., Campos, C. J. G., & Turato, E. R. (2006, setembro/outubro). Coleta de dados na pesquisa clínico-qualitativa: uso de entrevistas não-dirigidas de questões abertas por profissionais de saúde. Revista Latino Americana de Enfermagem, 14(5), 812-820. Recuperado em 01 de fevereiro, 2016, de http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n5/pt_v14n5a25.pdf.
Foucault, M. (1971/2012). A ordem do discurso (22a ed.). São Paulo: Loyola.
Foucault, M. (1979/2000). Sobre a história da sexualidade. In M. Foucault, Microfísica do poder (pp. 137-163). Rio de Janeiro: Graal.
Foucault, M. (1984). História da sexualidade: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Edições Graal.
Heilborn, M. L. (2004) Dois é par – Gênero e identidade sexual em contexto igualitário. Rio de Janeiro: Garamond.
Knauth, D. R. (1999). Subjetividade feminina e soropositividade. In R. M. Barbosa, & R. G. Parker (Orgs.), Sexualidade pelo avesso: direitos, identidade e poder (pp. 121-136). São Paulo: Editora 34.
Lima, R. D. M. (2015). A experiência de viver com HIV/Aids, relações afetivo-sexuais e adesão ao tratamento. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, Universidade Católica de Pernambuco, Recife.
Massignani, L. R. M., Rabuske, M. M., Backes, M.S., & Crepaldi, M. A. (2014). Comunicação de diagnóstico de soropositividade HIV e Aids por profissionais de saúde, Psicologia Argumento, 32(79), 65-75.
Matsumoto, D. Y. (2012). Cuidados paliativos: conceitos, fundamentos e princípios In R. T. Carvalho & H. A. Parsons (Org), Manual de cuidados paliativos ANCP: ampliado e atualizado. São Paulo.
Meirelles, B. H., Silva, D. M., Vieira, F. M., Souza, S. d., Coelho, I. Z., & Batista, R. (2010, julho/setembro). Percepções da qualidade de vida de pessoas com HIV/Aids. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, 11(3), 68-76. Recuperado em 01 de fevereiro. 2016, de http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/397/pdf.
Minayo, M. C. de S. (2004). Ciencia, técnica y arte: el desafio de la investigacíon social. In M. C. de S. Minayo (Org.), Investigación social: teoria, método y creatividad (pp 9-23). Buenos Aires: Lugar.
Ministério da Saúde. (2013). Boletim Epidemiológico hiv-aids. Brasília, Distrito Federal.
Neves, V. F. A. (2006). Pesquisa-ação e etnografia: caminhos cruzados. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 1(1), 1-17.
Paula, P. S. R., & Lago, M. C. S. (2013, julho/dezembro). Da peste gay ao barebacking sex: AIDS, biopolitica e risco em saúde. Ciencias Sociales y Educación, 2(4), 43-67.
Queiroz D. T., Vall J., Souza A. M. A., & Vieira, N. F. C. (2007, abril-junho). Observação participante na pesquisa qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. Revista Enfermagem UERJ. 12(2), 276-283.
Reis, R. K., & Gir, E. (2010). Convivendo com a diferença: o impacto da sorodiscordância na vida afetivo-sexual de portadores do HIV/AIDS . Revista Esc. Enferm., 44(3), 759-765.
Silva, G. d., & Silva, J. M. (2012). Da análise do discurso à apreciação das práticas discursivas: possibilidades metodológicas para a pesquisa em educação. Revista do Diferente, 2(3), 1-19.
Silva, L. M. (2012). Fazendo a diferença: as dinâmicas da conjugalidade sorodiscordante para HIV/AIDS. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
Sontag, S. (2007). Doença como metáfora, AIDS e suas metáforas. São Paulo: Companhia das letras.
Woodward, K. (2000). Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: T. T. Silva (Org.), Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais (pp. 7-72). Petrópolis, RJ: Vozes.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.