TRAJETÓRIA ACADÊMICA DE UM PÓS-GRADUANDO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Resumo
Este texto objetiva retratar a trajetória acadêmica e a percepção do suporte social de um estudante de pós-graduação diagnosticado com transtorno do espectro autista – TEA. O estudo se deu com o uso de dois procedimentos: (a) entrevista pessoal; (b) aplicação da Escala de Percepção do Suporte Social – EPSS, adaptada ao contexto universitário. Os dados coletados, por meio da entrevista, foram analisados com base no relato verbal, para interpretação dos sentidos e significados atribuídos a determinados fenômenos. A média dos escores obtidos com a EPSS foi de 1,78 (graduação) e 3,47 (pós-graduação) para o suporte prático e 1,50 (graduação) e 3,20 (pós-graduação) para o suporte emocional, demonstrando a percepção de maior apoio na pós-graduação. Os eixos temáticos obtidos com a entrevista foram ingresso na graduação e pós-graduação; núcleos de apoio; permanência; fatores socioemocionais; facilidades e dificuldades enfrentadas; aspectos positivos e negativos. Foi possível averiguar a falta de percepção do suporte social durante a graduação e dificuldades com métodos de ensino e avaliação. Na pós-graduação, maior percepção do suporte social e facilidade com habilidades acadêmicas. Porém, para alcançar esse nível de ensino, os estudantes, primeiramente, devem cursar a graduação, que é uma instância tida como problemática nessa pesquisa, por pouco atender às diferenças.Downloads
Referências
Alvarez‐Fernandez, S., Brown, H. R., Zhao, Y., Raithel, J. A., Bishop, S. L., Kern, S. B., ... & Di Martino, A. (2017). Perceived social support in adults with autism spectrum disorder and attention‐deficit/hyperactivity disorder. Autism Res., 10(5), 866-877. doi: 10.1002/aur.1735
American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-5 (5th Ed.) Arlington, VA: American Psychiatric Association.
Aranha, M. S. F. (2001). Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Rev. Minist. Púb. Trab., 11(21), 160-173.
Bishop-Fitzpatrick, L., Mazefsky, C. A., & Eack, S. M. (2017). The combined impact of social support and perceived stress on quality of life in adults with autism spectrum disorder and without intellectual disability. Autism, 1(1362361317703090). doi: 10.1177/1362361317703090.
Blazer, D.G. (1982). Social support and mortality in an elderly community population. Am J Epidemiol, 115(5), 684–694. doi: 10.1093/oxfordjournals.aje.a113351.
Branco, A. P. S. C. (2015). Análise das condições de acessibilidade no ensino superior: um estudo com pós-graduandos. Dissertação de Mestrado Não Publicada, Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Universidade Estadual Paulista, Bauru.
Christensen, D. L., Baio, J., Braun, K. V., Bilder, D., Charles, J., Constantino, J. N., Daniels, J., Durkin, M. S., Fitzgerald, R. T., Kurzius-Spencer, M., Lee, L., Pettygrove, S., Robinson, C., Schulz, E., Wells, C., Wingate, M. S., Zahorodny, V., & Allshopp, M. Y. (2016). Prevalence and Characteristics of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 years – Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 sites, United States, 2012. MMWR Surv. Summ., 65(3), 1-23. doi: 10.15585/mmwr.ss6503a1
Ciantelli, A. P. C., & Leite, L. P. (2016). Ações Exercidas pelos Núcleos de Acessibilidade nas Universidades Federais Brasileiras. Rev. Bras. Educ. Esp., 22(3), 413-428. doi: 10.1590/S1413-65382216000300008.
Ciantelli, A. P. C., Leite, L. P., & Martins, S. E. S. O. (2015). Inclusão no Ensino Superior: mapeamento e análise da matrícula de alunos com deficiência e/ou mobilidade reduzida na Unesp. In E. G. Mendes & M. A. Almeida (Orgs.), Educação especial inclusiva: legados históricos e perspectivas futuras (pp. 287-302). São Carlos, SP: Marquezine & Manzini/ABPEE.
Cobb, S. (1976). Social support as a moderator of life stress. Psychosom. med., 38(5), 300-314. doi: 10.1097/00006842-197609000-00003.
Cohen, S., Sherrod, D.R., & Clark, M.S. (1986). Social skills and the stress-protective role of social support. J. Pers. Soc. Psychol., 50(5), 963–973. doi: 10.1037//0022-3514.50.5.963.
Decreto nº. 8.368, de 2 de dezembro de 2014. (2014, 2 de dezembro). Regulamenta a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Brasília, DF: Presidência da República.
Gonçalves, T. R., Pawlowski, J., Bandeira, D. R., & Piccinini, C. A. (2011). Avaliação de apoio social em estudos brasileiros: aspectos conceituais e instrumentos. Ciênc. saúde coletiva, 16(3), 1755-1769. doi: 10.1590/S1413-81232011000300012.
Gotham, K., Bishop, S. L., Brunwasser, S., & Lord, C. (2014). Rumination and perceived impairment associated with depressive symptoms in a verbal adolescent-adult ASD sample. Autism Res., 7(3), 381–391. doi: 10.1002/aur.1377
Grandin, T. (2013). The autistic Brain: thinking across the spectrum. New York: Mariner.
Lei nº. 9.394, de 23 de dezembro de 1996. (1996, 23 de dezembro). Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Recuperado em 13 de junho, 2017, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm.
Lei nº. 12.764, de 27 de dezembro de 2012. (2012, 27 de dezembro). Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o §3º. do art. 98 da Lei No. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Recuperado em 13 de junho, 2017, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm.
Lei nº. 13.146, de 6 de julho de 2015. (2015, 6 de julho). Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Recuperado em 13 de junho, 2017, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.
Leite, L. P., & Martins, S. E. S. O. (2012). Fundamentos e estratégias pedagógicas inclusivas: respostas às diferenças na escola. São Paulo: Cultura Acadêmica.
Leung, R. C., Vogan, V. M., Powell, T. L., Anagnostou, E., & Taylor, M. J. (2016). The role of executive functions in social impairment in Autism Spectrum Disorder. Child Neuropsychol., 22(3), 336-44. doi: 10.1080/09297049.2015.1005066.
Ministério da Educação (2015). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Censo da Educação Superior 2015: Resumo técnico do censo da Educação Superior. Brasília, DF: INEP.
Moura, C. H. (2013). Estudo sobre a relação da pessoa com síndrome de Asperger e seu ambiente social de desenvolvimento. Dissertação de Mestrado Não Publicada, Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Muller, E., Schuler, A., & Yates, G.B. (2008). Social challenges and supports from the perspective of individuals with Asperger syndrome and other autism spectrum disabilities. Autism, 12, 173–190.
Omote, S. (2006). Inclusão e a questão das diferenças na educação. Rev. Perspect., 24(3), 251-272.
Omote, S. (2008). Inclusão escolar: as contribuições da Educação Especial. In A. A. S. Oliveira, S. Omote & C. R. M. Giroto (Orgs.), Diversidade, Educação e Sociedade Inclusiva (pp. 11-128). São Paulo: Cultura Acadêmica/Fundepe.
Paula, C. S., Fombonne, E., Gadia, C., Tuchman, R., & Rosanoff,M. (2011). Autism in Brazil – perspectives from science and society. Rev. Assoc. Med. Bras., 57(1), 2-5. doi: 10.1590/S0104-42302011000100002.
Pereira, L. V., & Barros, C. G. C. (2008). Síndrome de Asperger: relato de um caso. Ver. Tecer, 1(1), 90-7. doi: 10.15601/1983-7631/RT.V1N1P90-97.
Sarason, B. R., Sarason, I. G., Hacker, T. A., & Basham, R. B. (1985). Concomitants of social support: Social skills, physical attractiveness, and gender. J. Pers. Soc. Psychol., 49, 469–480. doi: 10.1037/0022-3514.49.2.469
Schalkwyk, G. I., Beyer, C., Martin, A., & Volkmar, F. R. (2016). College students with autism spectrum disorders: A growing role for adult psychiatrists. J. Am. Coll. Health, 64(7), 575-9. doi: 10.1080/07448481.2016.1205072.
Segar M. (1997). A Survival Guide for People with Asperger Syndrome. Nottingham: NoRSACA.
Shattuck, P. T., Narendorf, S. C., Cooper, B., Sterzing, P. R., Wagner, M., & Taylor, J. L. (2012). Postsecondary Education and Employment Among Youth With an Autism Spectrum Disorder. Pediatrics., 129(6), 1042–1049. doi: 10.1542/peds.2011-2864.
Shattuck, P. T., Steinberg, J., Jennifer, Y., Wei, X., Cooper, B. P., Newman, L., & Roux, A. M. (2014). Disability identification and self-efficacy among college students on the autism spectrum. Autism Res. Treat., (2014), 1-7. doi: 10.1155/2014/924182.
Shumaker, S. A., & Brownell, A. (1984). Toward a theory of social support-closing conceptual gaps. J. Soc. Issues, 40, 11–36. Doi: 10.1111/j.1540-4560.1984.tb01105.x.
Siqueira, M. M. M. (2008). Construção e validação da escala de percepção de suporte social. Psicol. estud., 13(2), 381-88. doi: 10.1590/S1413-73722008000200021.
Tsai, L. Y. (2014). Impact of DSM-5 on epidemiology of Autism Spectrum Disorder. Res Autism Spectr. Disord., 8(11), 1454-1470. doi: 10.1016/j.rasd.2014.07.016.
Tunes, E. (2015). Estudos sobre a teoria histórico-cultural e suas implicações educacionais. Fractal: Rev. psicol., 27(1), 7-11. doi: 10.1590/1984-0292/1337.
Uchino, B.N., Bowen, K., Carlisle, M., & Birmingham, W. (2012). Psychological pathways linking social support to health outcomes: A visit with the “ghosts” of research past, present, and future. Soc. Sci. Med., 74(7), 949–957. Doi: 10.1016/j.socscimed.2011.11.023.
Wehman, P. H., Schall, C. M., McDonough, J., Kregel, J., Brooke, V., Molinelli, A., Ham, W., Graham, C. W., Erin Riehle, J., Collins, H. T., & Thiss, W. (2014). Competitive employment for youth with autism spectrum disorders: early results from a randomized clinical trial. J Autism Dev. Disord., 44(3), 487-500. doi: 10.1007/s10803-013-1892-x.
Weitlauf, A. S., Gotham, K. O., Vehorn, A. C., & Warren, Z. E. (2014). Brief report: DSM-5 “Levels of support:” A comment on discrepant conceptualizations of severity in ASD. J. Autism Dev. Disord., 44(2), 471-6. doi: 10.1007/s10803-013-1882-z.
Wilkinson, R. G. & Marmot, M. (2003). Social determinants of health: the solid facts. World Health Organization, Denmark, 2nd edition.
As opiniões emitidas, são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem o manuscrito ao Conselho Editorial de Psicologia em Estudo, o(s) autor(es) assume(m) a responsabilidade de não ter previamente publicado ou submetido o mesmo manuscrito por outro periódico. Em caso de autoria múltipla, o manuscrito deve vir acompanhado de autorização assinada por todos os autores. Artigos aceitos para publicação passam a ser propriedade da revista, podendo ser remixados e reaproveitados conforme prevê a licença Creative Commons CC-BY.
The opinions expressed are the sole responsibility of the author (s). When submitting the manuscript to the Editorial Board of Study Psychology, the author (s) assumes responsibility for not having previously published or submitted the same manuscript by another journal. In case of multiple authorship, the manuscript must be accompanied by an authorization signed by all authors. Articles accepted for publication become the property of the journal, and can be remixed and reused as provided for in theby a license Creative Commons CC-BY.