PIAGET E MODERNIDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO
Resumo
Pode-se falar em subjetividade autônoma nos dias atuais? Este artigo apresenta uma pesquisa concluída, que teve como objetivo analisar o projeto da modernidade e a constituição do sujeito. Tratou-se de pesquisa teórica/bibliográfica, cuja análise apoiou-se na psicologia ético/moral piagetiana e em estudos sobre as consequências da modernidade e pós-modernidade na subjetividade. Os resultados informaram que a sociedade moderna possibilitou a emergência do sujeito autônomo, isto é, de um ser que busca agir de acordo com as suas decisões, contanto que vivencie relações de cooperação, pois apenas estas permitem a livre troca de perspectivas e, por conseguinte, o exercício da reciprocidade. O cenário atual, contudo, não tem sido potencialmente desequilibrador, a ponto de dificultar o estabelecimento de relações sociais desse tipo. Pelo menos, é o que a ordem social capitalista procura incutir por meio da veiculação da ideologia de que tudo está sob o seu controle. Em decorrência, pode parecer problemática a defesa da tese piagetiana acerca do a priori moral – de uma maneira ou de outra, caminhar-se-á para a solidariedade genuína. Isso leva ao conceito de dialética, pois a sua teoria evidencia a ideia de que toda afirmação (assimilação) traz em si o germe da sua contradição (acomodação). E é nessa perspectiva que se se pode pensar a relação indivíduo/sociedade e a construção de autonomia.
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Referências
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