DIGNIDADE DE VIDA E MORTE: TERMINALIDADE DE PACIENTES COM CÂNCER EM ORTOTANÁSIA
Resumo
Objetivou-se apreender a percepção e os significados expressos por pacientes oncológicos em cuidados paliativos exclusivos sobre a morte, o câncer e sua experiência do processo de finitude. Contou-se com a participação de dez pacientes com câncer: cinco em atendimento domiciliar e cinco em internação hospitalar. Utilizaram-se de diferentes instrumentos e técnicas, em etapas distintas. Para a realização da Etapa 1, realizaram-se observações, por meio de visitas sistemáticas e escuta livre, guiadas por um roteiro de observação, com registro em diário de campo. Para a Etapa 2, utilizou-se o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), com estímulos indutores ‘Câncer’ e ‘Morte’. Os dados foram compreendidos por meio de análise descritiva (Diário de campo) e categorização (TALP). Os resultados mostram que o câncer e o seu tratamento estão associados à dor e ao medo. Os participantes apresentam dualidades entre a esperança de cura e a certeza de prognóstico reservado, e entre a aceitação e a negação da morte. A família tem papel fundamental no acolhimento e na oferta de autonomia e dignidade do paciente em processo de morte, embora também sofram com o coadoecimento. A espiritualidade/religiosidade é uma estratégia de enfrentamento utilizada pelos pacientes, reduzindo a angústia espiritual, apesar de também poder sustentar a esperança de cura e negação da morte, dificultando o processo de terminalidade. A autonomia também é um fator que contribui para a dignidade do paciente. Conclui-se que a aceitação da morte, suporte familiar e espiritual/religioso e respeito à autonomia contribuem para a ortotanásia e permitem a morte com mais dignidade.
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