A FUNÇÃO CONSTITUTIVA DA VOZ E O PODER DA MÚSICA NO TRATAMENTO DO AUTISMO

  • Ariana Lucero Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da UFES GT Psicanálise e Educação Membro do LEPSI
  • Jean-Michel Vivès Professeur de Psychologie Clinique et Pathologique Université Côte d'Azur LAPCOS: unice.fr/laboratoires/lapcos
  • Fernanda Stange Rosi
Palavras-chave: Autismo;, psicanálise;, pulsão invocante.

Resumo

O artigo parte de uma experiência de pesquisa sobre o tratamento psicanalítico em grupo de crianças autistas, para refletir acerca da presença de mais de um analista no setting. A interação entre os analistas favorece uma abordagem não diretiva, permitindo à criança que ela se aproxime espontaneamente, sem ser forçada a um contato que pode ser sentido como extremamente angustiante pelo autista. Ademais, constatam-se os efeitos da voz como suporte para os próprios interventores, que dialogam, brincam e cantam entre eles, suscitando uma animação libidinal capaz de mobilizar a criança autista. A música que circula nas brincadeiras de roda veicula tanto aspectos simbólicos da cultura quanto o real do gozo de alíngua. Em um caso particular, a prosódia do canto mostrou-se uma forma imaginária específica de tratar a dimensão real da voz que invade o sujeito autista. Servindo-se de canções populares como objetos de mediação, foi possível orientar o tratamento a partir de uma solução que veio do próprio sujeito, que, antecipado neste ato, pode ouvir a invocação para advir. Evidencia-se assim, também no autismo, o papel do objeto pulsional voz para a constituição subjetiva.

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Biografia do Autor

Ariana Lucero, Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da UFES GT Psicanálise e Educação Membro do LEPSI

Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da UFES

Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da UFES

Doutora em Psicologia; área de concentração: Estudos Psicanalíticos.

Jean-Michel Vivès, Professeur de Psychologie Clinique et Pathologique Université Côte d'Azur LAPCOS: unice.fr/laboratoires/lapcos

Professeur de Psychologie Clinique et Pathologique

Université Côte d'Azur

LAPCOS: unice.fr/laboratoires/lapcos

 

 

Fernanda Stange Rosi
Psicanalista; Mestre em Psicologia Institucional pela UFES.

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Publicado
2021-02-15
Como Citar
Lucero, A., Vivès, J.-M., & Rosi, F. S. (2021). A FUNÇÃO CONSTITUTIVA DA VOZ E O PODER DA MÚSICA NO TRATAMENTO DO AUTISMO. Psicologia Em Estudo, 26. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v26i0.48054
Seção
Artigos originais

 

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