TEORIA DOS TRAÇOS E PROCESSO DE SIMBOLIZAÇÃO NA CLÍNICA DA PSICOSE
Resumo
O presente artigo é uma revisão temática acerca do campo conceitual e dos processos de simbolização na clínica da psicose. Na primeira parte, fazemos um percurso no campo conceitual da psicose, especialmente nas relações com o pathos e a constituição do Eu, na perspectiva da fenomenologia e, sobretudo, da psicanálise. Na segunda parte, desenvolvemos aspectos da simbolização na psicose em referência contínua à teoria dos traços de Freud e de Roussillon. No contexto da clínica, a exploração de formas primárias de simbolização permite levar em conta os aspectos mais primitivos da experiência subjetiva. Na psicose, existem falhas no campo da simbolização primária, que dizem respeito à organização da sensorialidade em representações imagéticas. As experiências precoces que compõem a “parte psicótica da personalidade” demandam trabalhos de transformação e apropriação subjetiva. A “matéria primeira” é sincrética e complexa e, por serem pré-verbais, fazem-se necessários dispositivos de mediação adequados que evitem a dispersão transferencial, favoreçam investimentos parciais e auxiliem no resgate da criatividade e da comunicação.
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