PRODUTO DO INCONSCIENTE OU RELATO SAGRADO? O MITO EM FREUD E ELIADE
Abstract
Anteriormente ao advento da própria filosofia, os mitos já se constituíam como objeto de reiterado interesse, sujeitando-se a variadas interpretações e valorações ao longo da história. Levando isso em conta, objetivamos neste artigo apontar como a psicanálise, a partir da originalidade do discurso fundador de Sigmund Freud, mantém uma relação ao mesmo tempo estreita e particular com as narrativas míticas. De maneira, porém, a acrescentar algo de novo a esse debate, estabelecemos aqui um contraponto entre o pensamento freudiano acerca da mitologia e a perspectiva defendida pelo filósofo Mircea Eliade acerca dessa mesma temática. Em termos conclusivos, destacamos algumas possíveis implicações da aproximação de Freud com a mitologia e do contraponto entre si e Eliade tanto para a teoria psicanalítica quanto para a prática clínica do analista, implicações que envolvem diretamente o problema da alteridade e que aparecem pautadas não por um binarismo mutuamente exclusivista, mas pelo valor de uma ideia de suplementaridade entre os polos da ciência e da mitologia.
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