HANNAH ARENDT E A “FIDES ACQUISITA” DE DUNS SCOTUS

O PAPEL DA OPINIÃO NO ESPAÇO PÚBLICO

  • Ricardo Gião Bortolotti UNESP

Resumo

Conforme o pensamento de Duns Scotus, as noções de fé adquirida e infusa correspondem, respectivamente, à disposição adquirida a partir do testemunho e à disposição proveniente de princípios necessários, cuja realidade é sobrenatural. Com efeito, a fé adquirida consiste no crer, similarmente à opinião, estando, pois, vinculada ao testemunho e conhecimento da pessoa. Por outro lado, a fé infusa não corresponde a nada do que é falso, uma vez que parte da luz sobrenatural e, portanto, não é contingente. Em vista disso, qual o papel da fides acquisita para Arendt? Ora, sabemos da admiração da autora pelo pensamento de Scotus, especialmente pela importância que dispensa à vontade e à liberdade. Malgrado isso, a noção de fé adquirida trata-se, a nosso ver, da posição assumida pelo senso comum, da crença no espaço público, a qual não se coaduna à crença totalitária da verdade. Por conseguinte, a fé adquirida é a crença criada da participação plural dos indivíduos, moldada da discussão em comunidade. Em outros termos: não há horizonte único, mas aquele tecido da pluralidade, no qual se amalgamam a diferença e a semelhança. Enfim, este trabalho procurará esclarecer o que significa fides acquisita para ambos os pensadores, Scotus e Arendt.

Palavras-chave: fé; hábito; espaço público; pluralidade.

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Publicado
2020-12-08
Como Citar
Gião Bortolotti, R. (2020). HANNAH ARENDT E A “FIDES ACQUISITA” DE DUNS SCOTUS. Notandum, (55), 37-52. https://doi.org/10.4025/notandum.vi55.53995
Seção
Artigos