As disciplinas escolares como campos em (trans)formação

o caso da introdução das Ciências Econômicas e Sociais no ensino médio francês (1965-1985)

Palavras-chave: ensino médio, França, ciências sociais, conflitos

Resumo

Este artigo analisa as duas primeiras décadas de existência da disciplina Ciências Econômicas e Sociais (SES) no ensino médio francês (1965-1985). Com base em uma análise de arquivos do Ministério da Educação Nacional da França, complementada por entrevistas com agentes sociais que tiveram notável atuação nesse percurso, busca-se evidenciar a formação de um “campo social”, cujos participantes estavam envolvidos em um “trabalho conflituoso” de definição da legitimidade do ensino de Ciências Econômicas e Sociais. Três fases são destacadas durante o período estudado: a primeira consistiu em fazer com que as disciplinas vizinhas aceitassem a existência desse novo ensino, a segunda envolveu a homogeneização de um corpo docente em um contexto de escassez de especialistas na área e a terceira viu a autonomia do projeto inicial ser questionada pelos defensores da padronização desse ensino.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Igor Martinache, Universidade de Paris-Nanterre, Paris, França

Professor associado em Ciências Sociais na Universidade de Paris-Nanterre (França); Doutor em Ciências Políticas pela Universidade de Lille. Membro do Comitê Executivo da Associação Francesa de Sociologia e do Comité editorial do Journal of Social Science Education (JSSE). Sua pesquisa se concentra especialmente no compromisso profissional e político dos professores e no desenvolvimento das ciências econômicas e sociais no ensino médio francês.

Referências

Arquivos Nacionais da França. (n.d.a). Pasta “Réflexion sur les programmes 1979-1982”. 20060189/3.

Arquivos Nacionais da França. (n.d.b). Nota de Bernard Simler, “Recrutement et formation initiale des professeurs de SES”. 20040315/2.

Arquivos Naconais da França (n.d. c). Correspondência de Guy Palmade. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (n.d.d). Doléances 1988-1993 – dysfonctionnements affaire du questionnare du lycée Corneille de Rouen. 20060189/3.

Arquivos Nacionais da França. (n.d.e). Cartas dos professores de SES ao jornal Le Monde de l'éducation. 20040315/1.

Arquivos Nacionais da França. (1966a, 13 de julho). Carta de E. Sidet. 20060189/3.

Arquivos Nacionais da França. (1966b, 28 de julho). Carta de J. Dours. 20060189/3.

Arquivos Naconais da França. (1967). Rapport sur l’inspection des enseignements aux faits économiques et sociaux. 20060189/3.

Arquivos Nacionais da França, 1968. Pasta “Ultimes projets enseignement économique – 16 mars“, subpasta “1968“. 20060189/3

Arquivos Nacionais da França. (1969, 22 de agosto). Note préliminaire à l'audience par le Ministre Guichard. ANF 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1970a, 11 de setembro). Carta de P. Callet a G. Palmade. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1970b, 7 de outubro). Carta de Alain Hautrey a Callet. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1970c). Ata da reunião de 7 a 10 de abril de 1970 do Comitê de Educação Geral e Técnica, Conselho da Europa. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1970d, 20 de junho). Carta do diretor da ENSET a Palmade. 20060189/3.

Arquivos Nacionais da França. (1971a, 28 de janeiro). Carta de Callet a Palmade. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1971b, 22 de outubro). Carta de Callet a Palmade. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1971c, 26 de março). Carta de Callet a Palmade. 20060189/1.

Arquivos Nacionais da França. (1971d, 10 juin). Relatorio “Baccalauréat ‘B’ et licence ès sciences économiques”, académie de Besançon. 20060189/3.

Arquivos Nacionais da França. (1972, 29 de janeiro). Carta manuscrita de Callet a Palmade. 20060189/1

Arquivos Nacionais da França. (1973). The Teaching of Economics in Schools. Report of a joint Committee of the Royal Economic Society (United Kingdom). 20060189/3

Arquivos Nacionais da França. (1980a, janeiro). Relatorio “L'enseignement de l'économie dans le second degré”. p. 40-41. 20110141/3.

Arquivos Nacionais da França. (1980b, 10 de junho). Comunicado à imprensa. 20110141/3.

Arquivos Nacionais da França. (1980c, dezembro). Rapport de la commission d’étude sur l’enseignement économique et social. 20110141/4.

Arquivos Nacionais da França. (1985, 2 de julho). Nota do B. Simler. 20110141/4.

Bat, J. (2010). Le rôle de la France après les indépendances: Jacques Foccart et la pax gallica. Afrique Contemporaine, 235, 43-52. https://doi.org/10.3917/afco.235.0043

Beaud, S., & Piketty, T. (2015). Préface. In P. Combemale, M. Galy, & E. Le Nader (Orgs.), Les sciences économiques et sociales: histoire, enseignement, concours (pp. 5-15). La Découverte.

Bergeron, H., Stern, M., & Mignaval, P. (2002). Huguette BERGERON. In H. Bergeron, M. Stern, & P. Mignaval. Témoins et acteurs des politiques de l'éducation depuis la libération (Tome 3, pp. 21-22). Institut National de Recherche Pédagogique.

Bodart, C. N., & Cigales, M. P. (2015). Apresentação do dossiê especial História do ensino de sociologia. Revista Café com sociologia, 4(3), 2-7.

Bourdieu, P. (2007). Razões práticas: sobre a teoria da ação. Papirus.

Boulat, R. (2006). Jean Fourastié ou le prophète repenti. Vingtième Siècle. Revue d'Histoire, 91, 111-123. https://doi.org/10.3917/ving.091.0111

Braudel, F (1965). História e ciências sociais: a longa duração. Revista de História, 30(62), 261-294. doi:10.11606/issn.2316-9141.rh.1965.12

Chatel, É. (2015). Genèse d’un enseignement de l’économie intégré aux sciences sociales dans l’enseignement secondaire français entre 1964 et 1966. Éducation et Sociétés, 35, 33-49. https://doi-org/10.3917/es.035.0033

Chatel, É., & Grosse, G. (2015). Une brève histoire des sciences économiques et sociales. In P. Combemale, M. Galy, & E. Le Nader (Orgs.), Les sciences économiques et sociales: histoire, enseignement, concours (pp. 21-54). La Découverte.

Chervel, A. (1990). História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, 2, 177-229.

Dale, R. (2010). A sociologia da educação e o Estado após a globalização. Educação & Sociedade, 31(113), 1099-1120. https://doi.org/10.1590/S0101-73302010000400003

David, M. (2017). Les savoirs comme construction collective. Enquête au lycée général et en première année à l'Université (Tese de doutorado). Universidade de Nantes, França.

Deauvieau, J. (2009). Enseigner dans le secondaire. La Dispute.

Jammes, R. (2011, 9 de dezembro). Entrevista com o autor.

Jean, G., & Rallet, D. (1993). À la recherche des professeurs de SES. DEES, 94.

Johsua, F. (2015). Anticapitalistes. La Découverte.

Debates. (1965, 18 de maio). Journal Officiel de la République Française.

Lange, M., & Henaff, N. (2015). Politiques, acteurs et systèmes éducatifs entre internationalisation et mondialisation: Introduction. Revue Tiers Monde, 223, 11-28. https://doi.org/10.3917/rtm.223.0011

Lanta, H. (2012, 20 de dezembro). Entrevista com o autor.

Machado, C. S. (1987). O ensino da Sociologia na escola secundária brasileira: levantamento preliminar. Revista da Faculdade de Educação, São Paulo, 13(1), 115-142.

Martinache, I. (2020). Le confinement, un précipité de la réforme du lycée ? In S. Bonnery, & E. Douat (Orgs.), L’éducation aux temps du coronavirus (pp. 71-84). La Dispute.

Martinache, I. (2021). O lugar da sociologia no ensino secundário francês: um objeto privilegiado para análise sociológica. Latitude, 14(Esp.), 11-35. https://doi.org/10.28998/lte.2021.n.Esp.1130

Mathieu, L. (2007). L'espace des mouvements sociaux. Politix, 77, 131-151. https://doi.org/10.3917/pox.077.0131

Circulaire nº IV 67-416, du 12 octobre 1967. (1967). Instructions relatives à l’enseignement de l’initiation aux faits économiques et sociaux. Ministère de l’Éducation nationale (MEN).

Ministère de l’Éducation nationale [MEN]. (1981). Arrêté du 26 janvier.

Oliveira, A. (2023). O campo do ensino de sociologia no Brasil. Café com Sociologia.

Roncayolo, M. (2013, 13 de janeiro). Entrevista com o autor.

Viaud, M.-L. (2015). La réforme Fouchet (1966). In M.-L. Viaud. Les innovateurs silencieux. Histoire des pratiques d'enseignement à l'université depuis 1950 (Chapitre 5, pp. 79-870). Presses Universitaires de Grenoble.

Vincent, G. (2008). La socialisation démocratique contre la forme scolaire. Revue Education et Francophonie, 36(2), 47-62.

Zarka, J.-C. (2018). Les institutions de la Ve République. Ellipses.

Publicado
2024-06-24
Como Citar
Martinache, I. (2024). As disciplinas escolares como campos em (trans)formação. Revista Brasileira De História Da Educação, 24(1), e338. https://doi.org/10.4025/rbhe.v24.2024.e338

Funding data