Experiência e expectativa de Eichmann em Jerusalém

contribuições para a investigação de uma política de memória arendtiana

Palavras-chave: Hannah Arendt, Eichmann, Experiência, Expectativa, Política de memória

Resumo

O presente trabalho possui como temática a política de memória de Hannah Arendt e toma como fonte principal o livro Eichmann em Jerusalém, de 1963. Partindo de uma perspectiva koselleckiana de espaço de experiência e horizonte de expectativa, problematizamos “quais experiências e expectativas cristalizadas em Eichmann em Jerusalém possuem implicações para o debate sobre política de memória?”. Assim, estabelecemos como objetivos: a) mapear as experiências e expectativas que compõem a fonte; e b) ressaltar o valor heurístico dos estratos cristalizados na fonte para o debate sobre política de memória. Buscando viabilizar nossa empreitada analítica, realizamos empréstimos de categorias hermenêuticas provenientes da Begriffsgeschichte e as estruturamos em quatro etapas. Dessa forma, desembocamos em sete estratos que constituem a fonte e lançam luz para compreendermos os fragmentos de uma política de memória arendtiana. Primeiro estrato, os motivos que levaram a pensadora ao julgamento. Segundo estrato, o triângulo de comunicações que embasou a fonte. Terceiro estrato, expectativa de estabelecimento de novas vias para a compreensão. Quarto estrato, reconsideração da tese dos poços de esquecimento. Quinto estrato, método de construção e reconstrução do livro. Sexto estrato, controvérsia pública em torno da fonte. Sétimo estrato, considerações sobre a banalidade do mal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jaciel Rossa Valente, Universidade Federal do Paraná

Licenciado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), sob orientação da professora Dra. Marion Brepohl. Laureado com o Prêmio Marcelino Champagnat da PUCPR. Endereço eletrônico: jacielvalente@gmail.com.

Referências

ADLER, Laure. Nos passos de Hannah Arendt. Trad. Tatiana Salem Levy e Marcelo Jacques. Rio de Janeiro: Record, 2007.
ARENDT, Hannah. A Controvérsia Eichmann. Uma carta a Gershom Scholem. In: ARENDT, Hannah. Escritos judaicos. Tradução de Laura Degaspare Monte Mascaro, Luciana Garcia de Oliveira, Thiago Dias da Silva. São Paulo: Amarilys, 2016a, p. 755-764 [original de 1963].
ARENDT, Hannah. A destruição de seis milhões: um simpósio da Jewish World. In: ARENDT, Hannah. Escritos judaicos. Tradução de Laura Degaspare Monte Mascaro, Luciana Garcia de Oliveira, Thiago Dias da Silva. São Paulo: Amarilys, 2016b, p. 791-798 [original de 1964].
ARENDT, Hannah. A Vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Tradução Cesar Augusto R. de Almeida, Antônio Abranches e Helena Franco Martins. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017 [escrito em 1975 e publicado em 1978].
ARENDT, Hannah. Carta a Thompson, Fundação Rockfeller. Library of Congress: Collections Hannah Arendt Papers, 20 de dezembro de 1960.
Arendt, Hannah. Carta ao Vassar College. Library of Congress: Collections Hannah Arendt Papers, 2 de janeiro de 1961.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ARENDT, Hannah. Hannah Arendt sobre Hannah Arendt. In: ARENDT, Hannah. Pensar sem corrimão: compreender 1953-1975. Tradução Beatriz Andreiuolo et al. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021, p. 499-532 [comunicado em 1972].
ARENDT, Hannah. Nós, refugiados. In: ARENDT, Hannah. Escritos judaicos. Tradução Laura Degaspare Monte Mascaro, Luciana Garcia de Oliveira, Thiago Dias da Silva. Barueri, São Paulo: Amarilys, 2016e, p. 477-492 [publicado em 1943].
ARENDT, Hannah. “O formidável doutor Robinson: uma resposta de Hannah Arendt. In: ARENDT, Hannah. Escritos judaicos. Tradução de Laura Degaspare Monte Mascaro, Luciana Garcia de Oliveira, Thiago Dias da Silva. São Paulo: Amarilys, 2016c, p. 799-820 [original de 1966].
ARENDT, Hannah. Prefácio: a quebra entre o passado e o futuro. In: ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 2016f, p. 28-42 [publicado em 1961].
ARENDT, Hannah. Respostas às perguntas de Samuel Grafton. In: ARENDT, Hannah. Escritos judaicos. Tradução de Laura Degaspare Monte Mascaro, Luciana Garcia de Oliveira, Thiago Dias da Silva. São Paulo: Amarilys, 2016d, p. 765-781 [original de 1963].
ARENDT, Hannah.; BLÜCHER, Heinrich. Letter of April 20, 1961. In: ARENDT, Hannah.; BLÜCHER, Heinrich. Within four walls: the correspondence between Hannah Arendt and Heinrich Blücher, 1936-1968. Boston: Houghton Mifflin Harcourt, 2000a.
ARENDT, Hannah.; BLÜCHER, Heinrich. Letter of maio 25, 1961. In: ARENDT, Hannah.; BLÜCHER, Heinrich. Within four walls: the correspondence between Hannah Arendt and Heinrich Blücher, 1936-1968. Boston: Houghton Mifflin Harcourt, 2000b.
ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Carta nº 50 de 17 de dezembro de 1946. In: ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Hannah Arendt and Karl Jaspers – Correspondence 1929-1969. New York: Martiner Books, 1992a.
ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Carta nº 50 de 19 de outubro de 1946. In: ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Hannah Arendt and Karl Jaspers – Correspondence 1929-1969. New York: Martiner Books, 1992b.
ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Carta nº 267 de 14 de outubro de 1960. In: ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Hannah Arendt and Karl Jaspers – Correspondence 1929-1969. New York: Martiner Books, 1992c.
ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Carta nº 271 de 02 de dezembro de 1960. In: ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Hannah Arendt and Karl Jaspers – Correspondence 1929-1969. New York: Martiner Books, 1992d.
ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Carta nº 271 de 25 de julho de 1963. In: Hannah ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Arendt and Karl Jaspers – Correspondence 1929-1969. New York: Martiner Books, 1992e.
ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Carta nº 331 de 20 de julho de 1963. In: Hannah ARENDT, Hannah.; JASPERS, Karl. Arendt and Karl Jaspers – Correspondence 1929-1969. New York: Martiner Books, 1992f.
BARROS, José D’Assunção. Fontes históricas: introdução aos seus usos historiográficos. Rio de Janeiro: Vozes, 2019.
BENHABIB, Seyla. The Reluctant modernism of Hannah Arendt. London: SAGE, 1996.
BREPOHL, Marion. Memória e História: Hannah Arendt em diálogo com Walter Benjamin. Estudos Ibero-Americanos, PUCRS, v. 32, n. 2, p. 49-60. Edição Especial. 2006.
COURTINE-DÉNAMY, Sylvie. Hannah Arendt. Tradução Ludovina Figueiredo. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.
DUARTE, André. Vidas em Risco: crítica do presente em Heidegger, Arendt e Foucault. São Paulo: Forense Universitária, 2010.
HEBERLEIN, Ann. Arendt: entre o amor e o mal: uma biografia. Trad. Kristin Lie Garrubo. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
KOSELLECK, Reinhart. Critica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Trad. Luciana Villas-Boas Castelo-Branco. Rio de Janeiro: Ed. EDUERJ. Ed. Contraponto, 1999.
KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Trad. Markus Hediger. Rio de Janeiro: Ed. Contraponto, 2014 [publicado em 2000].
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Ed. Contraponto, 2006 [publicado em 1979].
KOSELLECK, Reinhart. Uma história dos conceitos: problemas teóricos e práticos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 134-146, 1992.
KRISTEVA, Julia. O gênio feminino: a vida, a loucura, as palavras. Tomo I Hannah Arendt. Trad. Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
LAFER, Celso. A trajetória de Hannah Arendt. In: ________. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018a, p. 81-96 [escrito originalmente por ocasião da morte de Hannah Arendt, quando foi publicado em O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde: 1975].
LAFER, Celso. Hannah Arendt: vida e obra. In: ____________. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. São Paulo: Paz e Terra, 2018b, p. 97-120 [publicado originalmente como posfácio do livro Homens em tempos sombrios de Hannah Arendt em sua primeira tradução: 1987].
LEVI, Primo. É isto um homem? Tradução Luigi Del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1988 [publicado em 1947].
MAY, Derwent. Hannah Arendt: a notável pensadora que lançou uma nova luz sobre as crises do século XX. Tradução Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Casa-Maria Editorial, 1988.
ROSEHILL, Samantha. Hannah Arendt. Tradução Juliana Albuquerque. 1. ed. São Paulo: Contracorrente, 2022.
WATSON, David. Hannah Arendt. Tradução Luiz Antônio Aguiar e Marisa Sobral. Rio de Janeiro: DIFEL, 2001.
YOUNG-BRUEHL, Elisabeth. Por amor ao mundo: a vida e a obra de Hannah Arendt. Tradução Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Ubu Editora, 2012.
Publicado
2025-11-19
Como Citar
ROSSA VALENTE, J. Experiência e expectativa de Eichmann em Jerusalém. 29 de abril: Revista de História, v. 5, n. 9, p. 37-60, 19 nov. 2025.